Foi num dia 8 de fevereiro, no longínquo 1928, que nasceu um dos mais tradicionais clubes de futebol do País: o Clube Atlético Bragantino, nas cores preto e branco.
Segundo os historiadores, o Massa Bruta, como ficou conhecido mais tarde, nasceu de um desentendimento de membros do Bragança Futebol Clube, uma equipe amadora, e parte deles resolveu fundar o Leão da Zona Bragantina, sob a presidência de José de Assis Gonçalves Júnior.
O campo das Pedras, como era chamado aquele que viria mais tarde a ser chamado de Estádio Marcelo Stefani, foi palco da estreia do novo clube em 1933, num amistoso com um time reserva do Palestra Itália. A inauguração oficial do campo se deu um ano depois, com vitória sobre um dos seus mais ferrenhos rivais, o Paulista de Jundiaí, por 3 x 0.
E foi com o Paulista e a Ponte Preta, que formaram o trio de ferro da Divisão de Acesso nos anos 1960, com embates memoráveis, brigas de torcida homéricas e um feito em comum: cada um venceu uma vez a Série A2: o Bragantino em 1965, o Paulista em 1968 e a Ponte Preta em 1969. Anos de futebol arte, do futebol romântico, do amor à camisa.
Sob a presidência de Nabi Abi Chedid, seu maior presidente, viveu uma década gloriosa entre 1959 e 1968.
O Clube Atlético Bragantino, o alvinegro das Pedras, o Leão da Zona, o Massa Bruta, saiu de cena ao final do campeonato paulista de 2019. Deu lugar ao Red Bull Bragantino, que mudou as cores do uniforme e o escudo. O time que surgiu dessa fusão agregou o nome Bragantino ao da empresa que comanda a agremiação.
Para os que não deixam a história morrer, no próximo dia 28 o C.A. Bragantino vai comemorar 93 anos. O alvinegro, por ora, está relegado a segundo plano, mas certamente voltará um dia a ser o orgulho de toda uma cidade.
Campeonatos – Já chamado pela torcida e crônica esportiva de alvinegro, o Bragantino estreou em campeonato oficial da Federação Paulista em 1949, mas os dois resultados mais expressivos vieram dez anos depois em 1958, quando foi campeão de seu grupo e avançou para o Torneio dos Finalistas, perdendo a vaga na decisão para o Comercial de Ribeirão Preto por apenas um ponto. No ano seguinte, um desempenho brilhante, e a conquista do vice-campeonato, dois pontos atrás do campeão da temporada, o Corinthians de Presidente Prudente.
A esta altura o Bragantino era conhecido em todo o Estado de São Paulo e chegou perto de conquistar o acesso em 1961 e 1964. No ano seguinte, se tornaria finalmente campeão, ao derrotar o Barretos em jornada heroica no Pacaembu. Aí a fama atravessou as fronteiras do Estado.
Conquistas – O time disputou quase todas as finais até 1968 e nos anos seguintes fechou as portas e não disputou mais campeonatos. Voltou apenas em 1979, na 3ª Divisão, onde conquistou o título.
O retorno triunfal, que coincidiu com sua fase mais excepcional teve início em 1988, quando chegou à elite do Paulista após o título de campeão conquistado diante da Catanduvense. Em 1989, outro título, agora do Brasileiro da Série B, e em 1990 o de campeão Paulista, na histórica final caipira diante do Novorizontino. E destaque também para o vice-campeonato brasileiro de 1991. Em 2007 foi campeão Brasileiro da Série C.
Jogadores – Nos seus mais de 90 anos, o Bragantino teve jogadores de destaque que acabaram se transferindo para equipes grandes.
Em 1959 eram destaque o goleiro Oceania, que ficou mundialmente conhecido por ter sido o primeiro a marcar um gol, os zagueiros Nelson Gaeta, Waldemar Fiúme e Milton Buzzeto e os atacantes Augusto e Dema.
Nos anos 60, os goleiros Odarci e Floriano, os zagueiros Ivan e Valter, a dupla ‘caipira’ Luizão e Luizinho, os meias Roberto Coelho (vendido para a Portuguesa de Desportos), Hélio Burini (ex-Palmeiras) e Norberto (ex-Bangu), os atacantes Aloísio Mulato (ex-Portuguesa), Nelson Oliveira (ex-Corinthians), Vanderlei (ex-Internacional), Araras (ex-Santos) e o maior deles todos, o ponta Wilsinho.
Já na década de 1990, outros se consagraram: Gil Baiano, Mauro Silva, Alberto Félix, Mazinho Oliveira, Pintado e João Santos.
Em todos os 93 anos, técnicos se consagraram no clube e outros já com carreira consolidada desembarcaram em Bragança: Vanderlei Luxemburgo, Carlos Alberto Parreira, Candinho, Ênio Andrade e aquele que foi por mais tempo o comandante do Bragantino: Marcelo Veiga, recentemente falecido.
Uma história que jamais se apagará e que não pode ser usurpada por ninguém.
Legenda: Bragantino campeão paulista 1990
Bragantino campeão de 1965 da Série A2 do Paulistão