Na semana passada o Governo de São Paulo prorrogou a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite até o final de junho para os 645 municípios. Dados no Ministério da Saúde revelam que até a última quinta-feira (20), 14,14 % das crianças que integram o público alvo no Estado foram vacinadas, ou seja, das 2.075.795 crianças de 1 a 4 anos apenas 293.505 foram imunizadas contra a poliomielite ou paralisia infantil, que está erradicada no Estado desde 1988.
Em Bragança Paulista a adesão também está baixa. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde a meta é vacinar 8.239 crianças na faixa etária estabelecida, mas até agora foram vacinadas 2.373 crianças, o que representa 28,80% da população alvo. No dia D da Vacinação ocorrido em 8 de junho apenas 786 crianças foram vacinadas.
Os dados são alarmantes, e segundo especialista em saúde, a queda da cobertura vacinal, no Brasil, contra a pólio vem ocorrendo desde 2015, tendo uma ligeira alta no ano passado quando, de acordo com o levantamento do Ministério da Saúde. Nasceram 2,56 milhões de crianças no Brasil em 2022, mas 243 mil delas não receberam a primeira dose contra a pólio. Já em 2023, quando foram 2,42 milhões de nascidos, o número de bebês que não foram protegidos caiu para 152,5 mil, quase 100 mil a menos.
“O cenário em relação às vacinas de uma forma geral, com queda de cobertura vacinal desde 2015, junto com a queda de outras estratégias de prevenção de doenças, começa a produzir efeitos: já temos surtos de sarampo em algumas regiões”, afirma o dr. Bruno Ishigami, médico infectologista e mestrando em Saúde Pública pela Fiocruz.
Então há grande possibilidade de a pólio voltar a circular no país e adoecer as crianças que podem sofrer sequelas motoras permanentes.
“Com baixa cobertura vacinal em um país onde o saneamento básico é precário, temos, no Brasil, o cenário perfeito para a poliomielite se espalhar, já que essa é uma doença de transmissão oral-fecal. Há um risco real de presenciarmos a reemergência de doenças que conseguimos erradicar ou controlar”, completa o dr. Ishigami.
Razões para queda – A vacinação infantil é obrigatória no Brasil, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cobertura vacinal de pelo menos 95% da população infantil. Nos últimos cinco anos, o número de crianças imunizadas vem caindo cada vez mais.
Existem diversas questões que causam a queda no índice de vacinação infantil, entre elas as fake news. Para Soraya Soubhi Smaili, professora titular do Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, a diminuição de investimentos na área da saúde e de campanhas de vacinação abriu espaço para a disseminação de informações mentirosas.
Dados do Ministério da Saúde apontam que o orçamento para campanhas de vacinação caiu de R$ 77 milhões, em 2018, para R$ 45 milhões em 2020. Mas não é só a falta de campanhas com informações corretas que influenciam os pais a não vacinarem seus filhos. Questões estruturais, como o horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), são um grande problema.
Outro fator que contribui para a queda da cobertura vacinal é a falsa sensação de que não é necessário se vacinar, visto que as doenças foram erradicadas.
Onde se vacinar?
Bragança Paulista possui 29 Unidades de Saúde espalhadas pela cidade que funcionam de segunda a sexta-feira das 07h30 às 16h. Seis deles tem horário estendido para atendimento da população que não pode ir em horário comercial. São eles as unidades Águas Claras, Planejada 1, Planejada 2, Vila Davi, Santa Luzia e Vila Aparecida a vacinação será até às 21h.