Nesta semana um caso viralizou nas redes sociais de Bragança Paulista, com um áudio e uma foto de um rapaz acusado de ser molestador de crianças. As forças policiais ficaram em alerta e a população inflamada com tal informação. Porém, pouco tempo depois, após solicitação do Delegado Seccional Dr. Sandro Montanari, a falsa denúncia foi esclarecida após ação rápida e certeira dos investigadores da Central de Polícia Judiciária – CPJ, comandados pela experiente delegada Dra. Nágya Cássia Andrade. Eles iniciaram as buscas, encontraram os dois e esclareceram que o rapaz, de 18 anos, tem problema mental, esquizofrenia que fazem com que ele tenha a idade mental de uma criança de 5 anos. A Polícia mediou a situação e a acusadora gravou um novo áudio explicando o equívoco e enviou nas redes sociais junto de uma foto dela com o rapaz.
Mesmo com um final menos infeliz, esse caso nos leva a reflexão de como uma atitude irresponsável pode colocar a vida de uma pessoa, seja ela especial ou não, em risco. Para esclarecer as causas e consequências, o Delegado Seccional Dr. Sandro Montanari, recebeu a reportagem da GB e explicou a importância de a Polícia ser acionada nesses momentos.
“É uma atitude irresponsável das pessoas que colocam nas redes sociais informações que elas não têm certeza é sempre de forma precipitada e mais, colocando inclusive a imagem de pessoas sem saber se aquilo é verdade. Se acontecesse alguma coisa com essa pessoa que foi exposta, com toda a certeza essa pessoa ia responder por incitação ao crime a até por homicídio, pois está usando a rede social como instrumento para matar alguém. Nós já tivemos precedentes em que, inclusive, gerou a morte de uma pessoa por conta dessa divulgação irresponsável”, explicou Montanari ao relembrar o caso ocorrido no Guarujá em 2014. Em maio daquele ano Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi falsamente acusada pelas redes sociais de sequestrar crianças no Guarujá. Ela foi amarrada e brutalmente espancada por mais de 10 pessoas, vindo a óbito dois dias depois. Ela foi a primeira vítima fatal de fake news do mundo. Seis assassinos foram condenados pela barbárie. Oito anos depois, em junho de 2022, no México, o advogado Daniel Picazo, de 31 anos, foi linchado e queimado vivo após ser identificado por moradores da localidade de Papatlazolco como ladrão de crianças. Os moradores enfurecidos capturaram Daniel, o espancaram e o queimaram vivo com gasolina. Os assassinos não permitiram a passagem da polícia e paramédicos para resgatar o rapaz. O jovem advogado estava apenas passeando pela cidade como turista. Moradores contaram que um áudio compartilhado em um aplicativo de mensagens alertava sobre um desconhecido que andava pela região com o intuito de sequestrar crianças.
Segundo o Seccional, além de incitar o crime, um possível espancamento e até um homicídio, as pessoas que compartilham imagem de pessoas as acusando de crimes estão cometendo crime contra a honra e podem responder judicialmente por isso. “Hoje as pessoas estão mais preocupadas em soltar os fatos nas redes sociais, gravando áudios, inclusive mostrando fotos, o que não deixa de ser crime, é crime contra a honra com a pena majorada quando é divulgado em redes sociais. A pessoa tá cometendo um crime, às vezes ela pode até ter razão na sua suspeita, mas ela já se antecipa e coloca nas redes sociais porque é mais bonito”, disse Montanari, que reforça para que as pessoas procurem as Forças de Segurança. “Oriento a todos que se tiver alguma coisa procurem a Polícia, que é o lugar correto para esse tipo de suspeita e para maiores esclarecimentos”, finalizou.