Desde o início da pandemia, é nítido o aumento do número de pessoas em situação de rua e de quem fazem o uso da rua nas cidades brasileiras. Em Bragança Paulista não é diferente e o fato tem sido uma preocupação constante não apenas da Prefeitura Municipal, mas também das Forças de Segurança. Essas pessoas, que em sua maioria são usuários de crack, também são suspeitas de realizar delitos como furtos e roubos, em sua maioria na região central e no Lavapés. Esse nicho da população começou a se concentrar em alguns pontos da cidade como em um terreno no Matadouro, atrás do campo do Legionários, onde consomem drogas à luz do dia, sem se importar com os transeuntes. Quem também se junta aos usuários na chamada “cracolândia bragantina” são traficantes de drogas que, a exemplo da cracolândia da capital paulista, se aproveitam da situação para vender os ilícitos. Com toda essa problemática em mãos, o Gabinete de Gestão Integrada – GGI, realizou na quarta-feira (9), operação para identificar possíveis traficantes, além de ofertar apoio aos usuários de drogas que estavam no local.
Com trabalho intenso da inteligência da Guarda Civil Municipal, o local foi monitorado por algum tempo, então foi montada a ação. No dia da operação, 12 pessoas foram abordadas, porém no dia anterior outras 18 pessoas estavam no local durante o dia, durante a noite esse número é ainda maior. Inicialmente, as 12 pessoas abordadas foram identificadas e ficou constatado que todos são residentes em Bragança Paulista a maioria têm casa para retornar, porém fazem o uso da rua para o consumo de drogas, voltando para suas casas em média a cada 15 dias, para comerem e limpar-se, mas sempre retornando às ruas. Esta situação é completamente diferente de quem está em situação de rua, ou seja, que não tem local para residir.
“Nós identificamos usuários que utilizam ou não o serviço do Centro Pop, ofertamos o serviço assistencial de novos documentos, que alguns não tem, o Acolhimento com Carinho que um serviço de acolhimento noturno ofertado pela SEMADS, Albergue Municipal e PAT. Nós, agora, daremos a eles suporte em toda essa parte socioassistencial”, explicou Danielle Quirino da SEMADS, que ainda disse que alguns usuários tiveram uma certa resistência em aceitar a ajuda social, porém, após algum tempo de conversa, alguns deles concordaram.
Questionada sobre o trabalho nas ruas, Danielle explicou que alguns dos usuários pedem ajuda para tratamento para o vício de drogas e álcool, e então são encaminhadas ao CAPS AD.
Segurança Pública – No que se trata de segurança pública, o secretário municipal de Segurança e Defesa Civil, Dorival Francisco Bertin, falou sobre a suspeita de que pessoas que frequentam o local estejam envolvidas em furtos pela cidade. “Eles passam o dia aqui e o mais grave que durante a noite, eles saem para praticar furtos não só nos próprios municipais, como também nas lojas do centro da cidade, principalmente, postos de saúde e isso tem causado uma série de prejuízos” disse.
Presente na ação o Chefe dos Investigadores da Seccional, Carlos Alberto de Martino, disse que a Polícia Civil está recebendo diversas denúncias sobre o local, que está se transformando em uma “cracolândia bragantina”. Ele explicou ainda que a ação é uma forma de controlar o crescimento deste tipo de local e também de identificar essas pessoas criando um banco de dados com a identificação dos detidos, uma vez que pessoas nesta situação frequentemente realizam furtos e roubos. “Nós averiguamos as pessoas que tem documento e são de Bragança e que não são daqui, para a gente legitimar essas pessoas e colocar no Banco de Dados da Polícia Civil, para que em caso deles cometerem algum crime possam ser identificados”, explicou. Segundo Carlos Alberto, alguns dos abordados somam passagens pela justiça, sendo que quatro foram levados para a delegacia para averiguação, mas suas situações constatadas como regulares e todos foram orientados e liberados.
“A Polícia Civil está trabalhando junto com a Guarda para fazer o melhor para a população. É um trabalho difícil, não só das Forças de Segurança, mas do pessoal da prefeitura que trabalha na área social. Com essa junção de todas as áreas conseguimos ajudar essas pessoas que vivem na rua” finalizou.
A incursão – Assim que chegaram os policiais detiveram as 12 pessoas e as revistaram, sendo encontrados diversos objetos utilizados para o uso de drogas como cachimbos improvisados com canos, torneiras, latas, canudos de alumínio entre outros materiais. Também foram encontrados restos de fios de cobre, como capa de fiação, um dos materiais mais furtados durante a noite, pelo alto valor do cobre. Uma mulher foi detida com uma porção de cocaína, que ela alegou ser para seu uso. Com todos detidos, o Canil da GCM, entrou em ação, com o cão farejador, Iron, “o terror dos traficantes”. Em vistoria pelo terreno Iron encontrou em meio a uma touceira de mato um saco plástico contendo 19 porções de cocaína, idênticas a encontrada com uma das mulheres abordadas. Além disso, foi encontrado dinheiro trocado dentro de um boné, porém, nenhum dos detidos assumiu a propriedade. Dinheiro e droga foram apreendidos. A mulher que portava a droga foi encaminhada para a delegacia onde assinou um termo circunstanciado de porte de entorpecentes e foi liberada.
As ações de fiscalização para combater furtos e tráfico de entorpecentes são realizadas regularmente em todo o município. A população pode denunciar acionando a Guarda Civil Municipal pelo número 153 ou pelo telefone (11) 4603-1880.