CARROS POPULARES?
Ao estilo do ex-presidente Itamar Franco, que durante seu mandato fez voltar a fabricação do mítico Fusca, que não chegou a completar um ano e viu o projeto naufragar, o presidente Lula pediu a volta do carro popular, pois considera que R$ 80 mil por um veículo está longe de ser acessível ao cidadão e não pode ser considerado ‘popular’. Ou seja, lançou um projeto para que o mercado oferte carro mais barato.
Pelo noticiário no decorrer da semana, o preço mais em conta que a indústria automobilística vai se permitir, é algo em torno de R$ 60 mil, já com descontos da série de subsídios governamentais.
Várias são as ideias para que se consiga reduzir o preço a R$ 60 mil, como a utilização do Fundo de Garantia, que seria uma espécie de fiador em uma eventual inadimplência, além de corte de impostos, os tais subsídios do governo nos juros do financiamento e, como esperado, uma simplificação dos carros nessa faixa de entrada, com a supressão de equipamentos e itens de conforto, que em outros tempos se mostrou um fator negativo junto ao consumidor.
Os carros ‘zero’ que as montadoras oferecem atualmente têm preços em torno de R$ 69 mil, como por exemplo, o Renault Kwid, Fiat Mobi e o Peugeot 208. Com esse preço, já tem menos itens. Se para chegar ao valor sugerido pelo governo, o que mais vão tirar desses modelos?
Cada montadora tem sua política de preços, com base em suas planilhas de custo, em que o imposto é um dos principais componentes. Existe até, segundo alguns entendidos em indústria automotiva, alguns modelos que podem chegar a R$ 60 mil. A palavra final, no entanto, com ou sem incentivo do Governo, é de cada montadora.
O que se questiona, entretanto, é se o custo de um carro a R$ 60 mil de fato pode ser considerado popular, num momento em que a economia não dá sinais de recuperação, a inflação sobe e desce, assim como o dólar, enfim, ingredientes que mesmo com a boa vontade do governo, certamente não vai estimular o consumidor a sair comprando carros.
Não de agora, ao contrário, de muito tempo, ou de quase sempre, o Brasil é um dos países onde o preço do automóvel não só é caro, é proibitivo. Daí a enchente de veículos velhos, com mais de 20, 30 anos, em circulação País afora.