O desfile das Escolas de Samba de Bragança Paulista retornou mostrando o porquê a festa de momo bragantina é considerada a melhor do interior paulista. As festividades retornaram após a pandemia e, com incentivo do prefeito Amarui Sodré e da Administração Municipal, foi um verdadeiro sucesso e na primeira noite de apresentações, as escolas de samba agitaram os milhares de foliões presentes na nova passarela do Samba. O destaque da noite foi o desfile da 9 de julho, atual campeã do carnaval. Última a entrar na avenida, a vencedora do último Carnaval fez um desfile impecável, com destaques luxuosos, alegorias bem trabalhadas, no nível que o folião que vem curtir o carnaval bragantino merece. A Acadêmicos da Vila, mesmo sem grandes destaques, também deu show, com uma comissão de frente sincronizada e empolgante, cumpriu o regulamento à risca e está na briga com a atual campeã. A Faculdade do Samba Dragão Imperial, também veio para brigar pela taça, com belos destaques e com uma escola grande, com muitos componentes e três alegorias, porém estourou o tempo em oito minutos, perdendo 9 pontos, deixando a escola praticamente fora da briga pelo título. Já a pioneira do carnaval bragantino, a Unidos do Lavapés fez um carnaval muito abaixo do que se espera pela grandeza da escola, não cumpriu o número de componentes perdeu cerca de 50 pontos e já está sacramentada como a quarta colocada do carnaval. Antes das agremiações, se apresentaram Afoxé Nação Nagô Mirerê e a Corte do Carnaval/LIESB.

Desfiles – Primeira a entrar na passarela do samba, a Escola de Samba Unidos do Lavapés fez uma releitura do enredo campeão do carnaval de 1986, “Cometa Halley, através dos tempos II, passado, presente e futuro” e decepcionou os apaixonados pela verde e rosa, com uma apresentação muito abaixo do esperado, com uma escola desorganizada, sem componentes, um desfile para ser esquecido. Cheia de problemas, faltando cinco minutos para iniciar os desfiles a escola ainda não tinha apresentado sua ala musical, sem nenhum interprete no carro de som, que chegaram faltando cerca de 2 minutos para os desfiles. Além do mais, a agremiação apresentou 9, das 10 baianas obrigatórias e 105 componentes, dos 300 exigidos pelo regulamento, uma perda de cerca de 50 pontos. A escola ainda apresentou duas alegorias e apenas duas alas de enredo.
Sem componentes suficientes para cumprir a proposta, a escola apresentou apenas duas alas de enredo, ao invés das 10 previstas em enredo. A bateria, um dos pontos fortes da escola, foi a mais enxuta da história da escola, apresentando menos de 20 ritmistas e apenas 3 surdos, uma das modalidades que sempre foi sucesso na escola. A escola desfilou em 47’05 minutos.

Acadêmicos da Vila – Segunda a entrar, a Acadêmicos da Vila, fez um desfile técnico e aparentemente impecável. A escola trouxe o enredo “Salve o Samba, Salve Ela, Salve o Manto Azul e Branco. Mojubá, Portela” e encantou o público na avenida. Sua comissão de frente, saudou os ancestrais e surpreendeu com uma bela coreografia. A escola apresentou 10 alas e 2 carros alegóricos e um elemento cenográfico. Logo na concentração, a escola teve um pequeno problema na montagem das alegorias e de seus 368 componentes, porém, nada que interferiu no tempo de desfile da escola, que terminou o desfile no limite, batendo 49’12 minutos, a 48 segundos de estourar o tempo previsto em regulamento que era de 45 a 50 minutos. A escola apresentou as alas o “Agô aos ancestrais”, “Engenho”, “Pura alma africana”, “Herança cultural”, “O samba dominando o mundo”, “Apoteose”; “Madrinha, inspiração dos baluartes” “Abrem-se as cortinas do passado”; “Pierrô e Colombina” e “Brilho azul refletindo em branco”, passando pelos 100 anos da grandiosa Portela. O abre alas teve dois carros acoplados, com o tema “Gênese do Samba Azul e Branco”.

Dragão Imperial – A Faculdade do Samba Dragão Imperial, atrasou em oito minutos seu desfile. O atraso se deu por conta de um erro do patrono da escola Cleber Centini Cassali, que pediu uma tolerância de 10 minutos para a escola entrar na passarela do samba, porém o som da avenida já estava liberado para a escola, o que configura que a avenida está aberta para os desfiles. Mesmo assim, Cleber usou o microfone para fazer críticas a diretores das escolas que não conseguiram fazer nem o mínimo para apresentar um carnaval no nível que Bragança exige, falando que todas as escolas tiveram o mesmo tempo e dinheiro para “colocar a escola na rua”.
Com o enredo “Graças a Deus”, a escola apresentou três carros alegóricos, 405 componentes e 10 alas sendo: “Semitas: os primeiros crentes a Deus”, “Fé em Deus”, “Politeísmo: esse é meu Deus”, “Criador do céu e da terra”, “Poder e castigo: a primeira prova”, “Deus na terra do sol nordestino”, “Vai com Deus, fica com Deus”, “Guerreiros divinos”. “Criando uma só voz a sua oração” e “La catrina: a deusa da morte”. A “azul e rosa” como sempre apostou no luxo e na grandiosidade e fez uma belíssima apresentação. Com alegorias impecáveis e alas animadas com o samba na ponta da língua, a agremiação tinha tudo para brigar pelo título, mas os nove pontos perdidos por ter terminado o desfile em 58’09 minutos, dos máximo 50 minutos previsto em regulamento, podem custar o título à agremiação.

9 de julho – A Escola de Samba 9 de Julho, apresentou o enredo “Nas asas da imaginação, a cura através dos tempos”, e mostoru sua organização e seu favoritismo, se igualando, nas devidas proporções, às grandes escolas de São Paulo e Rio de Janeiro, elevando o patamar a ser buscado por suas concorrentes.
A Nove iniciou o Carnaval com uma alegoria belíssima, com a esculturas cobras e de um leão que pareciam que iam saltar do abre-alas, que representou Roma e o estudo da cura e da longevidade. Além disso, a Comissão de Frente deu show na coreografia e sincronização, com ousadia e uma “troca de roupa” durante o desfile.
A escola apresentou sete grandes alas sendo “Cavaleiro medieval”, “Medicina na Índia”, “Cura africana”, “Medicina moderna”, “Doutores da alegria”, “Amor ao próximo” e “Senhor da Terra”. Aliás a última alegoria trouxe o temo “Senhor da Terra”, que trouxe referências ao Orixá Obaluaê, responsável pela terra, pelo fogo e pela morte, o Orixá é protetor dos doentes e pobres e por isso está associado à saúde e à cura. A alegoria expôs que negros e índios ao passar dos anos encontram a cura nas florestas, com maceração, beberagens e chás com ervas que traçaram o avanço até a medicina moderna.
A escola desfilou tranquilamente em 47’59 minutos, com 368 componentes e sem nenhum contratempo.