Até 2050, primeira metade do século 21, Bragança passará por uma relevante mudança no padrão etário de sua população. De acordo com as projeções elaboradas pela Fundação Seade, o número de pessoas a partir de 75 anos será cinco vezes maior nos próximos 30 anos, avançando dos atuais 6.280 para 17.358 habitantes, mais que o dobro.
Por outro lado, o estudo aponta tendência de queda do número de moradores com menos de 15 anos, que será menor a de idosos na faixa etária entre 60 e 74 anos em 2050. Se hoje eles são 29.632, daqui a três décadas somarão 23.430, o que corresponde a uma variação negativa de 26,95%.
Quanto aos demais grupos etários, a projeção para a faixa de 15 a 39 anos é de redução populacional de 26,29%; para a compreendida entre 40 e 59 anos, ocorrerá queda de 12,63%; e, no grupo de 60 a 74 anos, a expectativa é inversa, ou seja, aumento de 83,24%, passando dos atuais 19.665 para 36.035 pessoas idosas.
Em relação ao maior volume populacional, hoje concentrado na faixa entre 15 e 39 anos (64.697 pessoas), o Seade também projeta mudança. Até 2050, o grupo com esta faixa etária verá a distância para os de 40 a 59 anos, em menos de 1%: a primeira com 51.225 e a outra representada por 49.229 pessoas.
O processo de envelhecimento da população de Bragança, revelado pela Fundação Seade, acompanha uma tendência nacional. Segundo a demógrafa e gerente de Demografia da instituição, Bernadette Waldvogel, o estudo considera três principais estatísticas: taxa de fecundidade, taxa de mortalidade e migração, sendo os dois primeiros os mais relevantes para compor a projeção do padrão etário da cidade.
Hoje, a fecundidade, que corresponde ao número de filhos por mulher, está bem baixa, em 1,7 no Estado. Por outro lado, o risco de morte está cada vez menor. Isto é, a população na faixa dos 65 anos, que veio de uma geração em que as famílias tinham muitos filhos, aumentou e vai contribuir para maior expressividade populacional do grupo de idosos nas próximas décadas. O objetivo do estudo é fornecer ferramentas para o planejamento de longo prazo de políticas públicas.
Começo – Para os especialistas em geografia, o processo de envelhecimento da população já é algo consolidado em países desenvolvidos, como os da Europa. No Brasil, foi um fenômeno que teve início na década de 1940, com a migração de um grande contingente populacional do campo para a cidade.
Segundo eles, a urbanização garantiu às gerações que foram surgindo melhores condições de vida, o que significou aumento de anos vividos. Nas décadas passadas, o meio rural era bastante difícil e perigoso. Quando vieram para a cidade, essas pessoas tiveram, por exemplo, acesso ao saneamento básico, condições mais seguras de trabalho, e atendimento médico hospitalar mais facilitado.
Com isso, a expectativa de vida dos brasileiros, que era de 45 anos, começou a aumentar, até chegar aos atuais 77 anos, com perspectiva de seguir agregando anos à vida dos brasileiros. Ou seja, vai continuar aumentando a quantidade de pessoas acima de 60 anos e os superidosos, acima de 85 anos, já começam a aparecer em número bastante expressivo.
Base da pirâmide – A taxa de natalidade começou a decrescer no Brasil a partir da década de 1960, justamente na época em que a pílula anticoncepcional chegou ao mercado e quando a maioria da população brasileira já estava concentrada na zona urbana.
Entre 1940, início do êxodo rural, e 1970, embora as taxas de mortalidade tenham decrescido substancialmente em razão das melhorias introduzidas no cotidiano das pessoas, o número de nascimentos ainda continuou alto, fazendo com que o número de habitantes dobrasse no período.
A adoção do uso dos anticoncepcionais foi importante neste processo e, com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, as famílias, além de terem número menor de filhos, passaram a tê-los mais tardiamente. Com isso, a partir dos anos 1990, a base da pirâmide etária começou a estreitar, em razão da redução da população mais jovem.