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Home Caio Sales

Mitos, Lendas e Culturas

por Redação GB
maio 31, 2025
no Caio Sales
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* Caio Sales

Nhaçã Rekã – Mitologia Karajá

Antes de apresentar os temíveis e insólitos primatas Nhaçã Rekã, vamos falar um pouco sobre como a literatura indígena pode abrir portas para novos saberes?
O premiado escritor indígena Daniel Munduruku, com mais de 60 obras publicadas, é um pensador crucial acerca da diversidade e valorização dos povos originários. Suas obras, grandes propagadoras dessas culturas no Brasil, são incríveis e trazem ensinamentos sobre diversas etnias, eu as indico fortemente. Enquanto lia seu livro “A caveira-rolante, a mulher-lesma e outras histórias indígenas de assustar”, edição de 2022, encontrei uma narrativa interessantíssima acerca do povo Karajá que, conforme os demais saberes que compõem o material, são contadas pelos antigos como forma de aprendizado diante dos perigos e conexões da vida na floresta.
Com a abertura para esse conhecimento através daquelas páginas, a bibliografia indicada no livro de Daniel Munduruku me levou até uma obra de João Américo Peret, notável indigenista que, em estudos jornalísticos e antropológicos, perambulou por aldeias de todo o Brasil. O material em questão, intitulado “Mitos e lendas Karajá: Inã Son Wéra” (1979), é fruto de uma pesquisa de campo sobre tal povo, localizado nos estados do Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará, que têm o rio Araguaia como um eixo de referência mitológica e social.
Entre os mitos e lendas ali registrados, narrados pelos antigos Kuriála (pajé), Maluá (cacique), Oubedo (pajé), Texibré (pajé), Uatauzim (pajé), Arutana (conselheiro) e Uatau (cacique) na Casa das Máscaras, onde ocorre a iniciação dos mais jovens nas tradições do povo Karajá, destacaram-se para mim a figura dos Nhaçã Rekã, descritos como bugios gigantes, fétidos e predadores dos humanos, além da narrativa mitológica, cuja minha interpretação carrega uma importante mensagem.
Conta-se que o desaparecimento de inúmeros guerreiros que saiam para caçada estava apavorando a aldeia. Sem explicações e ávido por respostas, certo dia um dos jovens decidiu sair em rastro dos companheiros. Após alguns passos, ainda cauteloso, avistou um bando de urubus vigilantes rondando adiante, em um claro sinal de carniça e morte por perto. Ao se aproximar, não demorou para que o horror tomasse conta do ambiente: encontrou dezenas de ossadas humanas espalhadas embaixo de uma grande e robusta árvore. Aterrorizado, ele reconheceu objetos que pertenciam aos guerreiros outrora desaparecidos, no entanto, nem sequer pôde se recuperar antes de um novo espanto. Da caverna próxima à árvore, duas criaturas imensas saíram lentamente, caminhando sobre as duas patas traseiras, feito dois brutamontes simiescos. Tinham uma boca enorme e dentes afiados, além de longos pelos negros, como dois macacos bugio de aspecto monstruoso, bradando sua incontrolável vontade de comer gente.
O jovem precisou se conter por instantes e, suando frio, conseguiu arrastar-se sorrateiramente para uma distância segura e sair correndo sem ser notado pelas feras. Com o coração acelerado, retornou à aldeia alertando todos sobre o que viu. A notícia a respeito dos monstros gerou o choro de alguns e a ira de outros, que culpavam maldições antigas ou a falta de um legítimo pajé na aldeia.
Naquele tempo, uma temida anciã de aparência frágil e saberes mágicos era quem buscava suprir tal ausência. Ela tinha dois netos; um enfermo, cheio de feridas, e outro que era um valente caçador. E foi ele quem, contra os alertas da própria avó, partiu com um punhado de flechas serrilhadas especiais. Dominado pela certeza da vitória e pela sede da vingança, ele estava determinado a matar os Nhaçã Rekã.

Logo após a sua partida, pelos recantos da floresta, o guerreiro Karajá cruzou com uma jovem encantada, conhecida como mulher-sapo, pois conseguia tomar as formas de uma bela humana e de uma peculiar anfíbia. Com movimentos libidinosos, ela se aproximou e descobriu o que ele estava prestes a fazer, oferecendo-lhe saberes de valor para matar os Nhaçã Rekã, caso ele a tomasse como amante, mas o orgulho e a vaidade do rapaz falaram mais alto e ele recusou qualquer ajuda, exclamando a certeza de que suas flechas eliminariam as criaturas primatas. Ela então cuspiu nas pegadas dele e emitiu um último alerta: sem aquele ensinamento, ele iria morrer. Porém, foi ignorada mais uma vez.
Conforme se metia pela mata e se aproximava do covil dos Nhaçã Rekã, o guerreiro percebia um ar denso e um fedor moribundo, indicando estar próximo das feras. Ele seguia e a atmosfera ficava cada vez mais asfixiante. De repente, quase sem fôlego, olhou para o alto de uma imponente árvore e viu os dois bugios gigantes de pé, extraindo dos próprios corpos um líquido que mal cheirava o ar e entorpecia as presas, lançando-os sobre o jovem indígena com apetite e brutalidade.
Percebendo a armadilha, o guerreiro passou a atirar suas flechas com a maior destreza que seus sentidos minguantes permitiam. No entanto, elas somente resvalaram na pelagem. Então, os monstros surpreenderam e sacaram suas próprias e rústicas flechas, atirando-as, feito homens, sobre o guerreiro decadente. Tomado pela vertigem, ele sucumbiu às flechas dos Nhaçã Rekã.
Enquanto isso, ainda sem notícias pela aldeia, o irmão doente já estava farto dos tratamentos falhos de sua avó e da própria fraqueza. Sentia-se excluído por todos, que olhavam para ele com repulsa ou pena.
Cansado da inércia, o jovem apanhou sua flecha com ponta de coco e, mesmo com toda a fraqueza e as feridas, aventurou-se pela mata para caçar pássaros. Ruim de mira, uma das flechas lançadas caiu em uma toca, da qual uma cobra deslizou para fora, questionando quem a atacava. Ela também era encantada e dotada de saberes, podendo transitar entre a aparência ofídia e humana.
Ao se deparar com o indígena, ela se compadeceu ao tímido e frágil rapaz, que murmurou sobre estar farto de ser doente e imprestável aos olhos de todos, sobre querer conseguir caçar e ajudar como seu irmão. Tocada por tais lamúrias, ela lhe convidou para entrar, oferecendo uma cura. Dentro da toca, a mulher-cobra lambuzou o rapaz com um líquido viscoso de cor preta, uma espécie de pomada, e pediu para que ele guardasse segredo.
Ele tornou a visitar a mulher-cobra outras vezes, sentindo-se cada vez melhor. Até que, certo dia, contou a ela que iria em busca do irmão perdido, ganhando flechas mágicas da entidade para caçar os Nhaçã Rekã. Ao se despedir, ela também o alertou para não desprezar a ajuda da mulher-sapo quando a encontrasse no caminho até o fétido covil dos monstros.
Dito e feito.
O agora recuperado jovem não demorou para ver seu destino se entrelaçar com a mulher-sapo. No acaso da floresta, como feito ao irmão, ela também lhe ofertou sua sabedoria oculta, através da sedução. O Karajá respeitou os conselhos de outrora e deixou-se levar pela bela jovem, que cumpriu a promessa e revelou como derrotar os Nhaçã Rekã. Ela declarou os bugios gigantes como aberrações da natureza, dotados de poderes sobrenaturais e munidos pelas flechas e pelo líquido asfixiante que produziam. No entanto, mesmo com tanta força, possuíam um ponto vulnerável entre os olhos. A mulher-sapo logo envenenou as flechas do novo guerreiro e falou para não atirar antes dos monstros.
Equipado com as flechas tóxicas e mágicas, banhadas pelas duas mulheres encantadas, ele seguiu em frente, passando pelos derradeiros sinais: urubus, esqueletos e o terrível odor. Àquela altura, o guerreiro já havia percebido o triste fim do corajoso, porém presunçoso, irmão. Foi então que avistou os Nhaçã Rekã no alto da enorme árvore.
Quando afrontados pelas palavras de saudação do jovem, as criaturas se surpreenderam, pois não tinham sequer notado a presença.
As feras começaram a lançar o líquido contra ele, que permanecia paciente e imóvel, aguardando o momento certo para agir. O provocavam, mas nada, nem mesmo as emanações atordoantes o afetavam. Então, ele sentou sobre uma raíz, fingindo estar prestes a desmaiar. Os macacos descomunais acreditaram na atuação e atiraram suas flechas primeiro. Sagaz, o indígena fingiu ter sido alvejado e tombou para trás da grande raíz. As criaturas desceram para recolher o banquete, mas foram surpreendidas pelo jovem, que acertou uma flechada venenosa e enfeitiçada no meio dos olhos dos monstros.
Sua paciência fora recompensada e os Nhaçã Rekã desabaram sem vida.
O indígena levou para a aldeia aqueles corpos monstruosos que simbolizavam o próprio terror e que, ao final, ironicamente serviram de alimento para todos os Karajá naquela ocasião.
Ao final de toda a história, o real vitorioso não foi o guerreiro mais forte, mas aquele que, mesmo enfermo e desacreditado, teve humildade e paciência para ouvir e aprender com os saberes oferecidos ao longo do caminho pela floresta. Ali, as portas do conhecimento foram abertas pelas encantadas, assim como em nossas vidas, muitas vezes elas também se abrem através daquilo que subestimamos.

Caio Sales é ilustrador e escritor, com atuação nos meios cultural e publicitário. É pós-graduado em Marketing e Inovação pela PUC-Campinas e também em Sociologia, História e Filosofia pela PUC-RS. Atualmente, é pós-graduando em Gestão Cultural e Indústria Criativa na PUC-Rio. Tem também qualificação internacional em Marketing e Comunicação pela Academies Australasia, em Sydney, na Austrália. É membro da Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (ABERST) e da Associação de Escritores de Bragança Paulista (ASES). @caiosales_art

Tags: Caio Salesculturahistória

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