WAGNER AZEVEDO
O Novo Ensino Médio, aprovado no governo Temer em 2017, altera o seu formato, de responsabilidade constitucional dos Estados e Distrito Federal, impactando significativamente a formação dos jovens estudantes das escolas públicas.
Com carga horária de 5 horas por dia, as ‘disciplinas tradicionais’ foram reduzidas a 1.800 horas nesse novo modelo e entraram as que são chamadas de ‘formação técnica e profissional’, completando as outras 1.200 horas.
O principal argumento dos defensores desse novo modelo: “…todos esses jovens sairão preparados para o trabalho no fim do ensino médio” (sic).
O quadro de professores da rede pública estadual paulista no ensino básico não conta com professores especialistas em ‘formação técnica e profissional’ apesar da lei ter estabelecido prazo aos governos estaduais para a implantação do novo modelo. Sendo assim, esse espaço está sendo ocupado por professores habilitados nas disciplinas tradicionais. Eles sequer obtiveram capacitação mínima para tal empreitada e estão utilizando um ‘manual informativo’ como referência.
As opções de escolha de possíveis ‘itinerários formativos’ foram realizados pelos pais e responsáveis no ato da rematrícula dos alunos, em ação burocrática, por isso, muitos desses alunos foram surpreendidos com essa nova situação. A grade curricular mudou e pronto!
Entre professores, alunos e especialistas que atuam no ensino médio, há um consenso que além da limitação de possíveis pretensões de cursarem o ensino superior, esses jovens inevitavelmente, ao pleitearem vagas no mercado de trabalho, irão concorrer em extrema desigualdade com os alunos formados no Ensino Médio Integrado Técnico de verdade, das ETECs.
Essa desigualdade está evidente na continuidade dos estudos no nível superior e até mesmo na inserção no mercado de trabalho, senão vejamos: as ETECs oferecem carga horária de 9 horas e 30 minutos por dia, tendo tempo para preparar adequadamente seus alunos que optam cursar ensino superior, da mesma forma fazem com aqueles que optam por vagas de emprego ao concluir o ensino médio, estabelecendo uma enorme vantagem em relação aos da rede pública estadual. Dados recentes apontam que aproximadamente 96% dos formados em ETECs têm vaga de emprego garantida.
Esse Novo Ensino Médio camufla uma intencionalidade falaciosa ao desconstruir o ensino médio público tradicional e criar uma massa de jovens que disputará em condições muito desfavoráveis vagas de emprego com essa precária formação técnica, restando-lhes preencher no máximo 4% dessas vagas, e ao restante sobram migalhas ou nada.
As recentes manifestações públicas dos alunos reivindicando a revogação da Medida Provisória 746 da Reforma do Novo Ensino Médio faz todo sentido! Agora com a palavra, o MEC!!!