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Home Caio Sales

O Lavrador e a Lenda da Água da Gemelaridade – Folclore Brasileiro

por Redação GB
maio 3, 2025
no Caio Sales
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Mitos, Lendas e Culturas
* Caio Sales

A gemelaridade sempre intrigou e acompanhou a humanidade, seja pela curiosidade natural, seja pela presença de figuras gêmeas em lendas. Um exemplo clássico são Rômulo e Remo, irmãos presentes na fundação mitológica de Roma: duas crianças abandonadas, resgatadas e amamentadas por uma loba. Já adultos, destituíram o usurpador do trono de Alba e, em um desfecho trágico, Rômulo matou o próprio irmão antes de fundar a cidade italiana. Outro exemplo é o dos “Gêmeos Celestes”, Castor e Pólux, da mitologia grega, que, por um ato de amor fraterno, foram transformados por Zeus na constelação de Gêmeos, permanecendo inseparáveis por toda a eternidade.

Mas, e nas crenças brasileiras? Qual história de contornos fantásticos sobre gemelaridade poderia despertar a nossa curiosidade? Bem, no trajeto até o trabalho, costumo sempre ouvir um excelente podcast, o qual recomendo muito: o Rádio Novelo Apresenta. Conduzido por grandes jornalistas, o programa funciona como uma espécie de “revista sonora”, reunindo reportagens e histórias peculiares contadas em formato de áudio. Em uma dessas idas à selva de pedra, um episódio em especial me chamou a atenção. Intitulado “Lendas Urbanas”, ele trouxe à tona uma história curiosa sobre a enorme quantidade de gêmeos na cidade gaúcha de Cândido Godói. Uma narrativa que acendeu meu interesse e me inspirou a escrever este texto. Posso dizer que foi assim que a minha curiosidade foi despertada.

A história em questão foi apresentada no terceiro ato do episódio, pela repórter e roteirista Bia Guimarães, lançado em junho de 2023.
Cândido Godói é um município do interior do Rio Grande do Sul, na divisa com a Argentina. Com pouco mais de 6 mil habitantes, a cidade gaúcha é conhecida como a capital mundial dos gêmeos, com uma incidência absurda desse tipo de nascimento.

A partir da taxa de gemelaridade do Brasil, em 1994, quando Ursula Matte, hoje professora de genética da UFRGS e, na época, sob supervisão do médico e geneticista Roberto Giugliani, realizou o mapeamento e a análise de um levantamento feito pela população entre 1990 e 1994, chegou-se a um valor de 10%, em um contraste gritante com o Brasil da época, em que a taxa nacional era de 0,8%. Ou seja, a cada mil nascimentos no Brasil, oito eram de gêmeos; porém, afunilando para Cândido Godói, a cada mil nascimentos, 100 eram de gêmeos, uma média dez vezes maior.

No podcast, Bia Guimarães mostra que, conforme Ursula investigava o mistério in loco e mapeava as famílias, passou a entender que não se tratava bem de uma “cidade de gêmeos”, mas sim de um “bairro de gêmeos”. Especificamente, na Linha São Pedro (chamam de linhas as comunidades da zona rural) foi onde ela encontrou aquela real profusão. As reportagens divulgam até os dias atuais seus 10% de taxa de gemelaridade como um fenômeno distribuído por toda a cidade, ao invés de citá-lo como concentrado. Foi a partir dessa percepção e da varredura por diversas linhagens que ela identificou que o fenômeno estava mais presente em certos sobrenomes, lançando uma fresta de luz sobre o mistério. Fundada por um pequeno número de pessoas e, por muito tempo, isolada, diversas famílias realizaram casamentos entre parentes próximos, disseminando um fator genético que favorecia o sucesso da gestação gemelar, capaz de contribuir para o nascimento tanto de gêmeos idênticos quanto não idênticos.

Apesar de todas as descobertas e do estruturado escopo científico, é bem verdade que, até o momento, o mecanismo exato ainda guarda seus mistérios, e a gemelaridade segue gerando seus fascínios e suas lendas no município. Afinal, desde os tempos imemoriais, as lendas são nossas fiéis escudeiras na explicação do inexplicável.

Portanto, saindo dos estudos científicos e das estatísticas, assim como em Bragança Paulista já se falou muito sobre a lenda da Água da Biquinha – a tradição diz: quem bebe, jamais vai embora da charmosa cidade do interior paulista – em Cândido Godói, uma das lendas mais populares sobre o tema também traz uma água de propriedades mágicas.

Conta a lenda que, pelas paragens da zona rural do município, atravessada pelo Rio Dúvida, existia um lavrador solitário. Certo dia, cansado de tanto trabalhar naquelas terras, sem qualquer apoio, ele foi até a margem do rio e, já exausto, chorando em desespero com os joelhos sobre a terra molhada, suplicou aos céus por descendentes ávidos por ajudá-lo em tamanha labuta. Suas lágrimas, ao despencar no rio, como num momento de crença inabalável, se misturaram às águas, desde então imbuídas de fertilidade. Não faltaram mãos para o trabalho, não faltaram proles geradas. Nascera assim, para sempre, a Água da Gemelaridade para uns, ou Fonte da Fertilidade para outros.

A Linha São Pedro não é a única banhada pelo rio, porém, é inegável os contornos míticos ali enraizados a partir de tal crença. Na comunidade, inclusive, foi inaugurada, em 2008, uma estátua de cerca de 2,5 metros de altura, de uma mulher segurando um gêmeo em cada braço, chamada de “Mãe da Fertilidade”.

Há também quem ligue a história dos nascimentos gemelares de Cândido Godói com um dos episódios mais tristes da nossa história: a Segunda Guerra Mundial. Algumas pessoas teorizam que, nos anos 60, a cidade sofreu com um teste nazista do abominável médico Josef Mengele, conhecido pelos desprezíveis e sádicos experimentos que fez em Auschwitz. Depois da guerra, ele fugiu para a América do Sul e se escondeu na Argentina, passando pelo Paraguai e falecendo em terras brasileiras. Como a cidade tem forte ascendência alemã, dizem que teria sido este o motivo para a escolha do local para suas experiências com criação de gêmeos, propagando os genes da sua “raça”. Hipótese sensacionalista e completamente refutada pela História e pela ciência, visto que os registros de gemelaridade na cidade remontam a dezenas de anos antes da possível chegada dele, conforme os estudos coordenados pela geneticista e pesquisadora Lavínia Schuler-Faccini.

Em contrapartida a relações perturbadoras, o insigne antropólogo Levi-Strauss, em um breve trecho de seu livro “Mito e Significado”, de 1978, conta sobre como entre alguns povos indígenas do Canadá, na província de Colúmbia Britânica, foi demonstrada a crença de que os gêmeos detêm energias únicas e especiais para originar o bom tempo e afastar as tempestades, trazendo benefícios e proteção à vida. Vida esta, tema tão importante na lenda da água de Cândido Godói, na qual, todos os anos, inúmeros visitantes são recebidos na cidade a fim de beber, ou levar, um pouco do tal “elixir da fertilidade”, e quem sabe, engravidar até mesmo com a dádiva de gêmeos. Além disso, muitos turistas vão à cidade para a chamada “Festa dos Gêmeos”, que celebra anualmente a peculiaridade do município.

Portanto, a explicação científica existe, o estudo da endogamia está aí, porém, aos que dirigem suas crenças às lendas, diante do boato do experimento nazista, a Água da Gemelaridade faz maior jus ao quão belo e especial é o nascimento de uma criança, ou melhor, neste caso, de duas.
E assim segue Cândido Godói, com sua taxa de gêmeos acima da média e seu imaginário caminhando juntos entre a ciência e o fantástico.

Caio Sales é ilustrador e escritor, com atuação nos meios cultural e publicitário. É pós-graduado em Marketing e Inovação pela PUC-Campinas e também em Sociologia, História e Filosofia pela PUC-RS. Atualmente, é pós-graduando em Gestão Cultural e Indústria Criativa na PUC-Rio. Tem também qualificação internacional em Marketing e Comunicação pela Academies Australasia, em Sydney, na Austrália. É membro da Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (ABERST) e da Associação de Escritores de Bragança Paulista (ASES). @caiosales_art

 

Tags: Caio Salesculturaliteratura

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