Foi divulgado nesta terça-feira (27), pelo Ministério das Mulheres, que há um aumento extremamente significativo das denúncias de violência doméstica contra mulheres no Brasil reportadas ao 180.
A pesquisa da central de atendimento traz dados referente ao ano de 2023, que configura 1.588 ligações diárias ao número, totalizando 568,6 mil chamadas no ano. Comparado aos dados de 2022, que foram 442,4 mil denúncias ao canal, observamos um aumento de 25,8% de crimes contra a mulher.
A região Sudeste, que abriga o estado de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo, obteve o maior índice de denúncias do país, com 288 mil ligações. No geral, a maioria das denúncias de violação recebidas (91,52%) refere-se a ameaças à integridade psíquica, física, negligência ou patrimonial, totalizando 546.061 violações. O impedimento de mulheres usufruírem de sua liberdade – individual, sexual, de crença, laboral ou de expressão – ficou em segundo lugar, com 5,63% das denúncias (33.616).
Em 2022, a 4ª edição da pesquisa Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil, realizada pelo Fórum de Segurança Pública junto ao Instituto Datafolha, entrevistou mulheres de 16 anos ou mais em todo o país, e divulgou que 18,6 milhões delas sofreram algum tipo de agressão – um número assustador, que infelizmente só aumenta se formos comparar com os dados de anos anteriores. Ainda segundo a pesquisa, 28,9% sofreram violência de gênero, o maior número já registrado na série histórica – um aumento que podemos apontar como a consequência da desinformação, do extremismo violento dos conservadores políticos e a ideologia equivocada que atinge aos mais tendenciosos a crer que o ódio ao outro levará a sociedade a um caminho ” correto e perfeito”, e por último mas não menos importante, o machismo estrutural intrínseco em grande parte da sociedade masculina brasileira.
Tratando de dados atuais, apenas em janeiro de 2024 a Central de Atendimento à Mulher recebeu 48.560 ligações telefônicas, sendo 810 via WhatsApp, resultando em 10.852 denúncias de crime.
A esse ponto, devemos cada vez mais reconsiderar como os governos federais que já passaram na casa do Executivo lidaram com a situação, e também qual a forma do atual lidar com a vulnerabilidade da mulher no país, e cabe a todos nós – mulheres e homens, independente da idade, condição social, credo e raça, repensarmos a educação que estamos devolvendo à geração que cresce, e quais informações e crenças pessoais estamos repercutindo para que haja redução significativa de atentados contra a vida de mulheres.
É importante frisar que as mulheres negras, de baixa escolaridade, com filhos e divorciadas são as que mais sofrem todos os tipos de violência, e ainda que não haja dados recentes sobre os casos de feminicídio no Brasil, não podemos esperar uma redução neste crime. Um nicho de mulheres sofre arduamente todos os dias com a falta de amparo social em esferas jurídicas, psicológicas e de saúde pública e precisamos nos questionar quantas de nós ainda precisarão ser silenciadas, mortas e agredidas de tantas formas, para que isso pare. 18,6 milhões de mulheres em apenas um ano vítimas de violência. Um número chocante àqueles que ainda querem proteger uma sociedade que está rumo ao caos.
Painel – Lançado este mês, o Painel Ligue 180 é uma ferramenta interativa que facilita o acesso da população e de gestores e gestoras às informações sobre a Rede de Atendimento às Mulheres. Nele, é possível encontrar mais de 2,5 mil pontos de atenção às mulheres espalhados por todo o país, incluindo delegacias especializadas e núcleos ou postos de atendimento à mulher em delegacias gerais.
O painel também lista núcleos da mulher nas defensorias públicas; promotorias especializadas e núcleos de gênero nos ministérios públicos; juizados e varas especializadas em violência doméstica e familiar contra a mulher; centros de referência e de atendimento à mulher; casas abrigo, casas de acolhimento provisório e casas de passagem; serviços de saúde a pessoas em situação de violência sexual; unidades da Casa da Mulher Brasileira; e patrulhas Maria da Penha.
Serviço – O Ligue 180 é um serviço público e gratuito que orienta sobre os direitos das mulheres e sobre os serviços da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência em todo o Brasil, além de analisar e encaminhar denúncias para os órgãos competentes. Funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados, e está disponível também no WhatsApp pelo número (61) 9610-0180.
*Com informações do Ministério das Mulheres , do Fórum de Segurança Pública e Instituto DataFolha