WAGNER AZEVEDO
O Censo 2022 do IBGE, que deveria ter sido realizado em 2020, coleciona uma avalanche de problemas que vão desde a morosidade no trabalho de campo, advinda da falta de recenseadores, até a chiadeira de milhares de municípios que apareceram na prévia divulgada pelo Instituto com número menor de habitantes. E não só cidades, mas também o País parece que vai ficar distante das estimativas de 2021, o que sugere uma encolhida.
Os números populacionais são usados pelos governos para estimar o montante de recursos que serão repassados aos municípios. Daí concluir que a chiadeira de agora, de quem viu diminuído o total de moradores, tende a ficar mais barulhenta.
Fica a questão: o resultado divulgado em julho de 2021 foi superestimado ou os dados sobre o total de recenseados de agosto do ano passado até a presente data não condiz com a realidade? De qualquer forma, é bastante provável que o resultado final não seja muito diferente do que o ora divulgado.
Na região, que além de Bragança engloba outros 10 municípios, o total de habitantes ultrapassou 658 mil pessoas. A diferença entre a estimativa do IBGE de 2021, para a prévia do ano passado, foi de 29.146. E praticamente Atibaia foi a responsável por essa diferença, pois a vizinha cidade viu seu população crescer 26.294 pessoas. Bragança teve pouco mais de 9 mil e ainda Piracaia e Pedra Bela aumentaram o número de moradores. As outras sete urbes viram suas populações encolher na comparação entre os dois dados do IBGE.
Uma análise mais apurada nos dados estatísticos populacionais de Bragança revela que o seu crescimento tem sido mais lento do que no século passado, o que de certo modo é explicável, pois a taxa de natalidade, de forma geral, caiu em determinados períodos. Porém, se comparado com Atibaia, por exemplo, é motivo de contestação.
No Censo de 2010, Bragança tinha 20.141 habitantes a mais que a vizinha cidade. Na estimativa de 2021, essa diferença ficou ainda maior, 26.968, que foi praticamente dizimada com a prévia divulgada em dezembro. Hoje, essa diferença dá vantagem aos bragantinos de apenas 9.884. Num primeiro momento fica a quase certeza de que o IBGE errou feio.
Ainda que com um crescimento menor, isso terá impactos em inúmeras áreas da administração municipal, especialmente em saúde e educação. A conta é simples: quanto mais pessoas, maior a necessidade de vagas em escolas e consultas médicas. Isso leva preocupação aos gestores, que por outro lado devem dar prioridade a esses dados divulgados pelo IBGE.
Qualquer tentativa de ignorá-los colocará em risco a eficiência dos serviços públicos. As políticas governamentais devem ser todas baseadas em estatísticas demográficas oficiais.
A região está ficando maior, não resta dúvida. Logo, os gestores precisam abrir os olhos às demandas dessa expansão, acompanhadas das pressões que despertam no dia a dia administrativo.
O bom senso recomenda que se saiba solucionar uma equação bem simples: se a população ficou maior, os problemas também.