WAGNER AZEVEDO
Política no Brasil virou sinônimo de tudo o que não presta. E se uma análise mais pormenorizada for feita, constatar-se-a que é verdade. Os políticos, em sua maioria, transformaram todo o processo de escolha dos representantes do povo em um jogo onde vale tudo, principalmente mentir, enganar, subornar, aliciar, subverter, corromper, mas só uma coisa não vale: perder!
Claro que os espertalhões estão em todas as áreas, e na política não poderiam faltar. São mestres em dar com uma mão e tirar com as duas. Nas eleições essas práticas se evidenciam e são elevadas à potência máxima.
Quem tem prestado atenção no total de candidatos a deputado (estadual e federal), especialmente em São Paulo, o maior Estado da Nação, se espanta (ou deveria) com a quantidade de postulantes a uma boquinha nos legislativos, mesmo que 99% saibam que não tem nem 0,1% de se eleger. Mas o que conta é o processo de escolha e o quanto ganham financeiramente com isso.
E rola de tudo entre a campanha e a abertura das urnas: dinheiro farto, promessas que até Deus duvida, incautos encorajados a disputar o pleito para ajudar aqueles com mais chances, enfim, uma engrenagem sofisticada para manter os mesmos no poder e os bobalhões de volta à sua vidinha de sempre.
O número de candidatos a deputado estadual é um absurdo: 2.026 para a Assembleia Legislativa (Alesp) e outros 1.509 em busca de uma cadeira no Congresso Nacional. Na soma, 3.535 homens e mulheres. Como são 94 vagas na Alesp, o amigo leitor certamente já tem noção quais serão os eleitos. Em Brasília, o Estado tem direito a 70 vagas. E o perfil de quem vai ganhar é o mesmo: rico, com dinheiro público à vontade (vide fundo partidário), conhecido através das mídias e que, na maioria dos casos, busca a reeleição.
Bragança tem a oportunidade, desta vez, de dar uma votação bem maior do que aquela de 2018, ao deputado Edmir Chedid, seu único representante no parlamento estadual. Fez muito pela cidade, pela região e Circuito das Águas. Poucos conseguiram transferir recursos do governo como ele.
E assim, de quatro em quatro anos, as eleições gerais reforçam a veracidade de que estamos no país do faz de conta. Ou como escreve sempre José Simão, no país da piada pronta.