WAGNER AZEVEDO
Nem os mais pessimistas tucanos, no auge dos escândalos de corrupção envolvendo figuras de expressão do partido, imaginariam que um simples empresário, que virou prefeito e depois governador, por obra do senhor Geraldo Alckmin, se mostrasse tão letal na tarefa de dizimar o PSDB. Esse ‘exterminador’ tem nome e sobrenome: João Dória.
A sua trajetória política sempre foi controversa e sua passagem pelo Palácio dos Bandeirantes foi marcada por equívocos que desembocaram na malfadada prévia tucana para escolha do candidato a presidente do partido, justamente o senhor Dória. Abdicaram, teoricamente, de um nome em ascensão na política, o do agora ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em favor do então ocupante do Palácio dos Bandeirantes.
A estratégia de anunciar que iria desistir da candidatura, numa tentativa desesperada de unir o partido e quem sabe a chamada 3ª via, foi um daqueles desastres típicos de quem deseja, ardentemente, implodir o alvo. E foi o que Dória fez, implodiu o PSDB, já carente de figuras expressivas de outros tempos e, de quebra, até onde se consegue enxergar, liquidou com a candidatura de seu vice, Rodrigo Garcia, ao governo de São Paulo. Tiro certeiro e mortal.
Dória não gerou qualquer expectativa positiva com o lançamento de sua candidatura. As pesquisas o colocaram sempre entre os últimos colocados. Seu desempenho à frente do governo paulista também nunca foi motivo de empolgação. Longe disso, sempre foi mal avaliado.
Ao final do atual mandato de Garcia, serão 22 anos ininterruptos dos tucanos no Estado mais rico da nação. Desde Covas (1995), passando por Alckmin, José Serra, alguns vices que assumiram e agora Dória e Garcia. Para quem se imaginava imbatível, um fim melancólico esse do PSDB.
Para piorar a situação, Rodrigo Garcia, que havia deixado o DEM para se filiar ao PSDB, também pegou a ‘nau dos sensatos’ e abandonou o ninho tucano, voltando de certa forma ao DEM, agora um dos braços do UB (União Brasil).
A disputa em São Paulo está aberta, pois ainda que lidere no momento as pesquisas, o candidato petista não tem certeza de que isso se manterá até outubro. Nomes que não ostentam os mesmos holofotes dos grandes partidos, podem surpreender.
De volta ao tema principal, João Dória certamente estará na galeria de ‘notáveis’ do PSDB, e será conhecido ao longo da história como “exterminador de tucanos”. Que o Ibama não saiba disso.