A mulher brasileira, ao longo de sua história e em diferentes regiões do país teve seu papel definido através de padrões sociais, comportamentais e sexuais que lhe foram impostos em um processo minucioso e sutil ao longo do tempo. Aquelas consideradas “ mulheres de família” desde muito cedo recebiam educação que lhes ensinavam a viver em família, cuidar de casa, e lhes determinavam a obrigação de educar os filhos e manter seu casamento. Essas mulheres eram ainda proibidas de sentir prazer, privilégio das amantes que por sua vez viviam as margens da sociedade excluídas de direitos sociais e civis.
Os diversos seguimentos da educação reforçava a submissão e a falta de poder sobre o próprio corpo. Todas essas decisões cabiam ao seu pai e depois do casamento passavam para o marido. Tais comportamentos formaram uma sociedade machista predominante ainda nos dias de hoje, em que podemos observar resquícios desses ensinamentos quando uma vítima de violência sexual, por exemplo, tem seu histórico de vida revirado e expostos em mídias sempre que alguma acusação grave recai sobre alguém considerado importante ou famoso e tão logo se vê que essa vítima não faz parte do grupo de mulheres “ de respeito” parece que o seu sofrimento não causa mais comoção, afinal ela parece ter dado causa ao crime e dificilmente esse autor receberá as penas legais e morais.
A temática do papel da mulher brasileira é ampla, com diversas ramificações no âmbito sociocultural, mas em todas elas podemos observar que a mulher sempre foi considerada inferior ao homem. E apesar de todas as conquistas ainda vemos o Brasil ocupar um lugar assustador no ranking de 5 lugar de país onde mais se mata mulheres pelo simples fato de serem mulheres. Essas estatísticas seriam extremamente superiores se pudéssemos ter dados da quantidade de violência sexuais sofridas por nós mulheres brasileiras que nem chegam a serem denunciadas pela dificuldade de se provar na justiça um tipo de violência que ocorre sem testemunhas. Quase que 100% das mulheres acima de 40 anos já sofreram ou sofrem algum tipo de violência sexual, muitos desses crimes sem registros e dos registrados, muitos sem a responsabilização dos autores, pois o processo é longo e difícil de se provar e só a palavra n vítima não basta.
Temos observado um movimento forte e comprometido tanto com a conscientização social quanto das instituições de atendimentos e também do judiciário. Teremos um longo caminho pela frente, mas devemos acreditar que um dia nossas descendentes terão um lugar seguro para viver com igualdade e respeito e nesse dia não teremos a necessidade de leis específicas que as defendam, pois teremos uma só lei voltada ao ser humano , independente de gênero, cor ou condição social.