Rogério Machado
O Relatório da Aliança Global contra o Trabalho Forçado publicado em 2005 apresentou a seguinte declaração: “O trabalho forçado não pode ser equiparado simplesmente à imposição de salários baixos e de condições precárias de trabalho. O conceito também não contempla as situações de mera necessidade econômica, como no caso do trabalhador que se sente incapaz de abandonar seu posto de trabalho devido à falta, real ou suposta, de alternativas de emprego. O trabalho escravo constitui uma grave violação dos direitos humanos e uma restrição da liberdade pessoal (…). Muitas vítimas acham-se envolvidas em situações de trabalho escravo por meio de fraude ou engano, sem disso terem inicialmente consciência, e acabam, no decorrer do tempo, descobrindo que não podem deixar livremente o serviço. Assim são obrigadas a permanecer trabalhando mediante coações jurídicas, físicas e psicológicas.”
Este relatório, guardadas as devidas proporções, bem poderia ser o de 1888, 1550, 500, o até mesmo 1200 antes da era Cristã (a.C.) pois desde o início das civilizações têm-se notícias da escravidão de pessoas. A Bíblia registra a escravidão temporária de diversos povos subjugados por outros que exerceram poder. Por exemplo: os judeus foram escravos dos egípcios por centenas de anos antes de saírem do Egito para a conquista de Canaã. Depois, os próprios judeus, quando no poder, escravizaram outros povos.
Muito da economia antiga baseava-se na escravidão. Em geral, os povos mais antigos escravizavam os prisioneiros de guerra. A expansão do Império Romano ampliou o número de escravos. O advento do cristianismo veio favorecer os escravizados, porém a escravidão persistiu durante toda a antiguidade e depois dela, resistindo até os dias de hoje.
No Brasil, a implantação da lavoura açucareira foi sustentada, no início pelo trabalho escravo indígena. O uso de escravos africanos começou em 1538 através do tráfico negreiro. No Brasil colonial, quase todo trabalho era escravo. Já no período imperial, a escravatura era condenada pela opinião pública internacional. O fim do tráfico negreiro ocorreu, oficialmente, em 1850, com a lei Eusébio de Queirós, que abriu caminho para a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, quando foi assinada a Lei Áurea.
Depois da “liberdade” os negros passaram a ter dificuldade em arranjar trabalho e alguns passaram a trabalhar de graça para seus antigos donos, em troca de comida. Assim, a luta para alcançar espaço junto ao mercado de trabalho persiste até os dias atuais. E não é só conquista de trabalho e salário justo, mas também de dignidade.
O que os “escravizados” sempre esperam é a liberdade, a igualdade, a dignidade e o respeito que merecem como povo, gente, criaturas de Deus. Mas o que poucos sabem é que Cristo Jesus dá liberdade a todo cativo: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” – Evangelho de João 8:36. Jesus Cristo liberta o ser humano escravizado pelo pecado em suas diversas formas: pobreza, doenças, vícios, etc. Ele garante vida plena nesta era e também no mundo vindouro à todo o que n’Ele crer: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”, porque “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” – Evangelho de Mateus 11:29 e de João 10:10. Portanto, não basta ser livre da escravidão ou sujeição a outro povo ou pessoa, é preciso conhecer, experimentar e viver a liberdade em Cristo Jesus.
Rogério Machado é jornalista e pastor da Igreja Batista Boas Novas – Cd. Planejada II prrogeriomachado@yahoo.com.br