O transporte coletivo tem sido alvo de duras críticas por parte da população e da Câmara Municipal. Na 34ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal, realizada na terça-feira (21), a vereadora Fabiana Alessandri fez denúncias graves e relatou sua indignação com a JTP Transportes. Segundo afirmou, tem recebido denúncias de usuários e motoristas da empresa. Em entrevista concedida à reportagem da GB, na quarta-feira (22), o secretário Rogério Crantschaninov falou sobre as reclamações feitas pelos vereadores, sobre a falta de linhas, a suposta troca de ônibus novos para modelos antigos e falta de manutenção nos carros.
Ele assinalou que a Administração está buscando soluções e esclareceu alguns pontos sobre as denúncias da vereadora e que a Secretaria de Mobilidade Urbana irá intensificar as fiscalizações nos ônibus da empresa e que um levantamento está sendo feito para que a empresa seja multada pela falta de linhas, conforme previsto no contrato.
Dentre as denúncias trazidas à tona pela vereadora, a mais grave é a suposta troca de ônibus novos por velhos e a retirada de carros dos itinerários. Segundo Fabiana Alessandri, ela tem recebido denúncias, inclusive de funcionários da empresa sobre esse tema. “Muitas denúncias eu tenho recebido dos próprios motoristas da empresa, que ela (empresa) estaria levando os carros bons embora de Bragança Paulista, por isso que eles estão tirando as linhas porque a gente não tem carro. Tem motorista parado na empresa por falta de carro (…)” afirmou a vereadora.
Também citou a parlamentar que não houve aumento da frota com o retorno das atividades na cidade. Sobre essa questão, o Secretário de Mobilidade Urbana esclareceu que a empresa tem alterado o número de ônibus e que no mês de agosto operou com 46 ônibus, um aumento de quase 20% em relação aos 39/40 ônibus que estavam rodando durante a pandemia. Falou também sobre a suposta remoção de carros de Bragança Paulista para Embu das Artes e a troca de veículos novos por velhos. “Não é verdade que a empresa está trocando ônibus mais novos por ônibus mais antigos. Para ela (empresa) tirar um ônibus e colocar na frota, tem que ter autorização da secretaria, que tem que ir lá fiscalizar, fazer a vistoria desse veículo e autorizar a entrada na frota. Então isso não aconteceu. Posso assegurar que não está tendo troca de ônibus”, disse Crantschaninov.
Em sua fala, Alessandri leu relatos recebidos e disse que, na terça-feira (21), a linha 212, que faz o itinerário para o bairro Atibaianos, não havia circulado e sobre a linha 121, bairro do CDHU, onde usuários reclamam da lotação, dizendo que as pessoas vão em pé, sujeira, falta de internet e que o coletivo está em péssimas condições. A vereadora disse ainda que na segunda-feira (20), o ônibus que faz a linha do Campo Novo quebrou e os usuários ficaram na rodoviária. Alertou que o ônibus que faz a linha do bairro da Marina está deixando de passar por um ponto, o que faz com que estudantes percam o horário da aula no período da manhã. Além dos atrasos, a vereadora afirmou que recebeu informações, inclusive fotos, de que o ônibus 03073, que faz a linha do Jardim Fraternidade, está todo quebrado, com o pneu ‘careca’ e rasgado, dizendo que até o motorista da empresa reclama sobre o carro, alegando que ele não está conseguindo mudar a marcha. “(…). Reclamam também dizendo que o ônibus é uma lata velha, que ‘não aguentam mais rodar com essa lata velha que não tem ar-condicionado’, não tem cortina do lado do motorista, o salão não acende, à noite não se enxerga os passageiros. Os motoristas estão muito nervosos, só carro velho”, disse a vereadora que continuou listando problemas mecânicos, como falta de freio, alertando para o risco de acidentes. “Essa JTP é um engano”, afirmou Alessandri.
Os relatos da vereadora foram endossados pelo vereador Natanael Ananias, que diz que Bragança vive uma triste realidade com essa empresa. “Tenho provas, declarações, são inúmeras, infelizmente”, disse. O vereador Miguel Francisco Lopes, falou sobre a necessidade de a prefeitura colocar mais ônibus para circular. Lopes, e que à época da outra empresa a fiscalização era intensa. “Eu lembro que o Anizinho faltava por aquela roupa do Superman e ir atrás dos ônibus da Fátima, hoje a gente não vê mais isso, fiscalização por parte do executivo”, alegou o vereador.
Sobre as denúncias de falta de manutenção, ônibus velho e outros problemas, o secretário explicou que a Administração vem intensificando a fiscalização. “Estamos fazendo toda a fiscalização para verificar as condições do interior dos ônibus em relação a equipamentos, banco, limpeza, se tem álcool em gel, se o ar-condicionado está funcionando, se o wi-fi está funcionando, tudo isso. A gente está realizando esse trabalho”, explicou. Crantschaninov ainda disse que a partir da próxima semana, com o auxílio da Secretaria de Serviços, será realizada a vistoria mecânica nos veículos. “Toda a questão de suspensão, direção, freio, tudo o que envolve diretamente a segurança, que tem sido reclamada, estaremos intensificando a fiscalização”, afirmou.
Abrigos e Totens – A GB também questionou o secretário sobre a construção, reforma e modificação dos atuais abrigos (pontos) e totens. Segundo Rogério Crantschaninov, a implantação de totens e abrigos está prevista em contrato e uma certa quantidade deveria ter sido feita durante o primeiro ano.
Porém, com a pandemia e a queda de passageiros e a consequente queda de receita, a prefeitura não realizou uma cobrança efetiva sobre essas ações. “Agora com a retomada da economia, o número de passageiros, mês a mês aumentando, isso já está na nossa discussão com a empresa e é hora de começar a modernizar. O sistema de transporte não significa só ônibus novo com ar-condicionado, significa toda a infraestrutura que o passageiro usa para pegar esse ônibus, como questão de calçadas para chegar até esse ponto, identificação das linhas que passam no ponto, a facilidade de usar o aplicativo. Tudo isso é o que vai auxiliar o usuário e fazer com que traga mais passageiros. Nós estamos sim apertando nessa questão e a partir de agora também com a retomada”, disse.
A JTP ainda tem como obrigação a colocação de 500 totens com marco em ponto de parada com itinerário resumido das linhas. Além disso, a alocação de 200 pontos Tipo 1, que deve conter ao menos um abrigo, com bancos e/ou apoia-glúteos, tratamento diferenciado do piso, que deve estar no nível do primeiro degrau do ônibus e sinalização de solo indicando a parada de ônibus.
Outros 30 pontos Tipo 2 devem ser alocados ao longo das vias de maior frequência. Esses pontos contam com os itens do ponto tipo 1, tendo que ter ainda a denominação específica e painéis de informação ao usuário.