Se o Bragantino mereceu ou não a vitória, se o Flamengo foi quem criou um maior número de oportunidades e se o meio-campo do Massa Bruta falhou acima do normal, são questões que se tornaram irrelevantes ao final dos 90 minutos de Flamengo e Bragantino, na noite de sábado (19) no Maracanã, jogo das viradas.
Foi uma partida cheia de alternativas, com o time do substituto Maldonado surpreendendo logo ao apito inicial do árbitro. Sufocou o Flamengo em sua defensiva, impediu o time carioca de criar e sair rapidamente para o ataque, e a marcação no campo adversário fez com que o ataque do Bragantino chegasse com facilidade ao gol de Diego Alves. Helinho foi o primeiro a chutar, para boa defesa do arqueiro carioca.
O gol foi questão de tempo e veio de uma jogada inesperada aos 11 minutos: Helinho cobrou falta pelo setor direito, a bola viajou baixa até a área e Aderlan tocou de calcanhar, mandando a bola no ângulo direito do goleiro flamenguista. Ainda atordoado, o Mengão quase levou o segundo, aos 13′, desta vez em cobrança de escanteio feita por Artur, que encontrou Aderlan no ‘primeiro pau’, e este deu um toque e Diego Alves rebateu e os zagueiros afastaram o perigo.
A partir daí o meio-campo do Bragantino recuou de forma inesperada, inexplicável até, e abriu campo para as ações do rubro-negro, que se aproveitou para buscar o gol de empate. Que poderia ter saído aos 14’, quando Raul errou feio, perdeu a bola para Rodrigo Muniz que bateu da entrada da área para linda defesa de Cleiton. E a partir daí só deu Flamengo.
Aos 26’ saiu o gol de empate. Após cobrança de escanteio, atacantes e zagueiros promoveram um bate-rebate dentro da área, a bola sobrou para Michael que chutou, desviou no meio do caminho e encontrou Rodrigo Muniz que bateu de primeira, sem chances para o goleiro bragantino. Aos 35’ novamente uma pixotada de Raul, que errou o passe e mais uma vez Rodrigo Muniz bateu a gol com perigo.
Intervalo – Na volta para o segundo tempo o panorama não mudou: um Flamengo querendo passar à frente no marcador e um Bragantino encolhido, pouco criativo e dando espaço para o meio-campo flamenguista.
Aos 14’ Michael cruzou na pequena área e de novo Rodrigo Muniz apareceu perigosamente e mandou de cabeça para defesa de Cleiton. Só que aos 18’ a zaga falhou e aí Rodrigo Muniz não desperdiçou. Gerson lançou Matheuzinho na direita que viu Rodrigo Muniz sozinho entre os zagueiros e cruzou na medida. Com categoria, o artilheiro da noite deu uma linda bicicleta e mandou longe do alcance de Cleiton. Estava construída a vantagem do time de Rogério Ceni.
Em desvantagem no placar, o Bragantino tentou alterar o modo de jogo e avançou o meio-campo. O gol de empate saiu num desses lances de sorte, do acaso, mas a bola na rede valeu do mesmo jeito. Artur, da intermediária, lançou Aderlan na direita que cruzou rasteiro para Ytalo, que tocou de volta para Artur que adentrava à área e bateu. A bola desviou em Gerson, subiu e ficou à caráter para a cabeçada de Ramires. Tudo igual no Maracanã, aos 23 minutos.
O jogo enveredou pelo caminho do vale-tudo, com os rubro-negros atacando com intensidade e o Bragantino livrando-se da bola. E foi numa dessas situações que surgiu o gol da vitória do Massa Bruta: em rápido contra-ataque Cuello lançou Artur, desta vez pela esquerda, que avançou até a entrada da área, viu Chrigor entre os zagueiros e cruzou na medida. O atacante cabeceou com eficiência e deu a vitória aos comandados de Claudio Maldonado.
O Bragantino mostrou deficiências no meio-campo que até então não estavam visíveis. Precisa corrigir a intensidade com que esse setor defende e ataca e como se recompor quando está sem a bola.
Se o placar foi justo ou não, venceu quem errou menos.
ATUAÇÕES
Cleiton: Seguro, sem culpa nos gols e três importantes defesas.
Aderlan: Partida irretocável. Anulou completamente Michael, atacou com desenvoltura e foi premiado com um lindo gol.
Léo Ortiz: Fez uma apresentação regular e deixou livre Rodrigo Muniz no segundo gol, de ’bicicleta’.
Fabrício Bruno: Também falhou no gol de Muniz e se mostrou indeciso em algumas jogadas aéreas.
Weverson: Foi uma boa surpresa. Com o Flamengo insistindo mais pelo seu setor, não comprometeu e ainda tentou subidas ao ataque.
Raul: Bom começo quando o time fez marcação alta, mas caiu de produção, perdeu duas bolas que quase resultaram em gols e falhou muito na marcação na etapa final.
Eric Ramires: Apesar do gol, também deixou a desejar a partir da primeira metade da etapa inicial. Falho na marcação. Mostrou oportunismo no lance do gol de empate.
Lucas Evangelista: No mesmo diapasão de Raul. Um bom início que aos poucos foi dando lugar a um ritmo mais lento e pouco ajudou ofensivamente.
Artur: Excelente apresentação. Marcou, atacou, criou, serviu os companheiros e supriu o mau desempenho do meio-campo.
Ytalo: Taticamente importante, voltou para compor a marcação e foi inteligente na jogada do segundo gol.
Helinho: Começou muito bem, na marcação alta foi importante, mas cansou na metade do segundo tempo.
Maldonado: Técnico substituto, mostrou estilo ‘calmo’, sem gritaria, e isso ajudou os jogadores. Falhou ao permitir que o time recuasse muito depois dos 30 minutos, que deixou exposto o setor defensivo.
FLAMENGO 2 x 3 BRAGANTINO
Campeonato Brasileiro Série A – 5ª rodada
Local: Estádio Mário Filho (Maracanã), Rio de Janeiro (RJ)
Data: 19 de junho de 2021 (sábado, 21 horas)
Árbitro: Bráulio da Silva Machada (SC) – Assistentes: Henrique Neu Ribeiro (SC) e Thiaggo Americano Labes (SC)
Público e renda: Portões fechados
Cartões amarelos: Bruno Henrique e William Arão (Flamengo) e Aderlan, Lucas Evangelista e Artur (Bragantino)
Gols: Rodrigo Muniz aos 26’ e aos 63’ (Flamengo) e Aderlan aos 11’, Eric Ramires aos 68’ e Chrigor aos 97’ (Bragantino)
FLAMENGO: Diego Alves, Matheuzinho, William Arão, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Diego, Gerson e Vitinho; Rodrigo Muniz, Bruno Henrique e Michael (Max). Técnico: Rogério Ceni.
BRAGANTINO: Cleiton, Aderlan, Léo Ortiz, Fabrício Bruno e Weverson (Natan); Raul, Eric Ramires (Edimar) e Lucas Evangelista; Artur, Ytalo (Chrigor) e Helinho (Cuello). Técnico: Claudio Maldonado.