A semana foi marcada pela notícia de óbitos e pessoas que foram severamente afetadas após intoxicação por metanol por consumo de bebidas alcóolicas adulteradas. O fato ocorreu em São Paulo, e na sexta-feira (3) o Ministério da Saúde afirmou que foram 48 notificações por casos de intoxicação no país. Segundo o Cievs (Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) apontam que 39 registros são na capital, sendo 10 confirmados e 29 em investigação. Além das notificações, um óbito foi confirmado em São Paulo e cinco seguem em investigação.
Caso em Bragança Paulista – Bragança Paulista foi listada como uma das cidades envolvidas no caso, porém, foi confirmado que o óbito não ocorreu pela ingestão de metanol. O homem envolvido foi internado no último dia 15, após ser encontrado inconsciente. Ele faleceu no sábado (27). O caso foi encaminhado para a CIAtox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp), que descartou na terça-feira (30), a relação da morte do homem com intoxicação por metanol. De acordo com o Centro, com base em informações sobre a vítima, a morte pode ter ocorrido por exposição a thinner, um solvente utilizado para diluição de tintas.
A GB entrou em contato com o Delegado Seccional Sandro Montanari, que confirmou não haver denúncias para a Polícia Civil de casos de intoxicação no município até o momento.
As notificações ultrapassaram o estado de São Paulo, e casos como esses podem assolar o país. Na capital, bares foram interditados entre terça e quarta-feira, sendo alguns em bairros nobres da cidade, além de um supermercado, onde foram apreendidas garrafas e destilados vazios. Segundo contou à Folha de S. Paulo, a delegada Isa Léa Abramavicus, da Divisão de Investigações sobre Infrações contra a Saúde Pública, o mercado interditado é um dos fornecedores de bebida a um dos bares interditados na terça-feira (30). Uma cliente do local alega ter ficado cega após consumir caipirinhas de vodca no bar, localizado nos Jardins.
Com risco de se tornar algo de enorme proporção, o Governo Federal instituiu que a Polícia Federal iniciasse um inquérito sobre o caso. O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, informou durante coletiva de imprensa ocorrida em Brasília que o inquérito foi aberto para verificação da droga, e qual a rede possível de distribuição.
Ainda, o Ministério da Saúde determinou que agentes de saúde do Brasil notifiquem imediatamente o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) sobre qualquer suspeita de intoxicação pelo metanol. A medida busca reforçar a vigilância e resposta a casos suspeitos, principalmente em São Paulo.
O caso é de saúde pública, além de criminal. Com isso, além da medida instaurada pela Pasta, a vigilância sanitária das cidades que constam com casos suspeitos de intoxicação está agindo para que sejam identificadas quais bebidas estão com o químico, sua procedência, além de questionarem os proprietários sobre as compras e determinarem se foram adulteradas in loco, ou se já vieram de suas distribuidoras desta maneira.
PROJETO DE URGÊNCIA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Na tarde de quinta-feira (2), a Câmara dos Deputados aprovou um requerimento de urgência para um projeto que torna crime hediondo a adulteração de bebidas e alimentos. Ele acelera a tramitação da proposta, que ainda deve ser aprovada pelo plenário da Casa. Crimes hediondos são inafiançáveis e não podem ser perdoados com anistia, segundo a constituição brasileira.
METANOL x ETANOL – O QUE É E QUAIS SÃO OS SINAIS DE INTOXICAÇÃO
É um composto químico altamente tóxico e os sinais são diferentes ao abuso da droga. O etanol é o álcool comum presente nas bebidas, e tem composição química parecida com o metanol, mas a forma como age no corpo humano é diferente e fatal. O álcool encontrado nas bebidas de consumo possuí o acetaldeído (que também é tóxico), mas o fígado consegue convertê-lo em ácido acético (como o vinagre). Cada pessoa tem um limite com as bebidas, e varia desde fatores como saúde do fígado, peso e idade, e elas podem ser fatais causando dependência, intoxicação e morte por overdose.
Já o metanol segue a mesma maneira de anterior, porém produz formaldeído e se transforma em ácido fórmico, um composto encontrado na natureza e em alguns animais como formigas e abelhas. O metabolismo com o ácido fólico gera água e gás carbônico, e pode ser lento, causando acúmulo em alguns órgãos. A partir daí, acontece a sobrecarga no sistema nervoso, principalmente no nervo óptico e um dos sintomas mais comuns é a cegueira ou alteração na visão. Ambas podem ser breves ou permanentes.
A intoxicação severa, que é quando há muita concentração no sangue e sobrecarrega mais o metabolismo intracelular, afetando a geração de energia dentro das células, e qualquer coisa que afete isso, terá impacto no corpo todo.
Os sintomas iniciais de intoxicação pelo metanol aparecem em média de 12 a 14 horas depois do consumo e pode envolver dores de cabeça, enjoo e vomito, dores abdominais, confusão mental, visão turva ou cegueira. Não necessariamente serão todos os sintomas serão podem ocorrer, mas é imprescindível que um médico seja procurado a partir do primeiro sintoma para que seja feito exames, confirmação laboratorial e tratamento.
EMERGÊNCIA MÉDICA
Ao notar qualquer dos sintomas citados, é necessário buscar imediatamente os serviços de emergência médica e contatar, pelo menos, uma das instituições como: Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001 ou Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país. Bragança Paulista não está na lista de locais com Centro de Informação e Assistência Toxicológica.
ORIENTAÇÕES
O Governo Federal orienta aos bares e restaurantes que seja feita a conferência e rastreamento dos produtos. É necessário estar atento aos valores: bebidas com preços mais baixos do que o normal, lacres tortos, erros de impressão nos rótulos, odor semelhante a solventes e relatos de consumidores com sintomas como visão turva, náusea, baixa da consciência e dor de cabeça intensa devem ser tratados como suspeita de adulteração. Além disso, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes orienta que os estabelecimentos procurem distribuidores reconhecidos e confiáveis.
