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Home Caio Sales

Gogó-de-Sola – Folclore BrasileiroFolclore Brasileiro

por Redação GB
agosto 1, 2025
no Caio Sales
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Quando morei na Austrália, senti de forma natural a necessidade de pesquisar e conhecer sobre a cultura local e, claro, suas mitologias. Em Uluru, tive a oportunidade de acampar sob o céu estrelado do deserto e saber um pouco mais sobre o Tempo do Sonho, a cosmovisão dos aborígenes que narra uma era primordial na qual figuras ancestrais habitavam o mundo.

Um exemplo dessas histórias é a de Julunggul, também manifestada como Rei Cobra Worombi, Serpente Arco-íris, entre tantas outras variações e nomenclaturas. É uma divindade cultuada como criadora e preservadora da vida, da água e da fertilidade. Por causa de seu movimento subterrâneo surgiram serras e cordilheiras. A maior prova de sua existência, segundo as crenças, é a forma dos rios que teriam surgido conforme ela rastejava de maneira ondulante sobre a terra. Um dos mitos mais difundidos da Julunggul conta que a divindade emergiu de um olho d’água durante o Tempo do Sonho e vive nos poços de água do deserto, viajando entre eles como portais divinos. Na Austrália Central, o povo aborígene Pitjantjatjara afirma que a serpente vive no topo de Kata Tjuta (Mount Olga), descendo durante a estação seca. A Julunggul também é vista como símbolo de vida e renovação.

No entanto, não são apenas divindades e figuras poderosas da mitologia que compõem o vasto universo de religiões, crenças e culturas dentro de um país; há também as lendas que se misturam a superstições e até mesmo a brincadeiras. Para trazer esse contraponto ainda dentro da Austrália, lembro de uma viagem que fiz à Tasmânia. Logo no café da manhã em Strahan, o dono do hostel, um senhor bem-humorado e fã de Astro Boy, logo plantou uma semente em nosso imaginário ao mencionar possíveis aparições de um marsupial peculiar e nada amigável quando fôssemos à densa mata. O nome da criatura? Já, já chegamos a ele.

Logo depois, ainda naquele dia, durante as trilhas pela floresta a caminho das Cataratas de Montezuma, nosso grupo foi novamente alertado por um guia. Ele falava dos temidos Drop Bears, basicamente coalas gigantes que, em ataques individuais ou em hordas, despencam das árvores e atacam impiedosamente os incautos viajantes. Como detê-los? É simples! A superstição diz que basta colocar garfos no cabelo ou espalhar vegemite (icônica pasta alimentícia australiana) ou pasta de dente atrás das orelhas. Afinal, por que não?

Crenças como essa, circulando como lenda, superstição e pregação de peças, são mais comuns do que imaginamos. Se nas florestas australianas o problema são coalas comedores de gente, no Brasil, o que seria? Saindo da longínqua Austrália e voltando para o Brasil, é aqui, no estado do Acre, que conhecemos o Gogó-de-Sola – um macaco envolto em lendas, que transita pela fronteira entre animal vivente e bicho fantástico –, com uma forma também curiosa de evitá-lo.

Não se deixe enganar pelo seu tamanho pequenino, pois ele ataca até onça brava. O Gogó-de-Sola vive nas matas distantes do papiri e, embora pareça com um macaco como outro qualquer, é muito forte, muito forte mesmo, e violento.

Seu nome vem do pescoço avermelhado como ferrugem e sem pelagem, uma couraça rústica feito sola de sapato. O “gogó” também vem da área de ataque preferida dele: o pescoço do alvo. Pula de galho em galho pela mata densa, de forma acrobática e soturna com seu rabo preênsil, atacando os caçadores e seringueiros. Sua velocidade é absurda, foge até de bala e mira o ataque justamente nessa área vulnerável do corpo humano, bebendo cada gota de sangue.

Todo enfezado e sem medo, alguns afirmam que, por vezes, ele dá as caras também na roça, mas é nas matas acreanas que exerce o seu domínio de fato, sendo tão temido quanto o Mapinguary.

Seu hábito é noturno, e quem dorme na mata enrola até calça jeans no pescoço, pois quando ele pega na jugular não solta, daí a forma peculiar de “repelir” o seu ataque. Aos infelizes que não o fazem, resta apenas sucumbir aos berros assustadores e dentes afiados da criaturinha.

As formas de se proteger contra os seres arborícolas citados podem soar estranhas, mas estão aí para não se arriscar.

Ele transita entre o fabuloso e o mundano, flertando com a criptozoologia, pois há quem atribua, ou conecte, sua existência a um animal real chamado jupará, macaco-da-meia-noite ou, popularmente, gogó-de-sola, que, apesar do nome e referência, é um mamífero mais próximo dos quatis, ou seja, um procionídeo. Ele também é pequeno – tem cerca de sessenta centímetros –, no entanto, detém algumas características diferentes da criatura lendária – ou de sua versão lendária –, sendo a principal delas o fato de possuir pelos no pescoço.

A verdade é que, independentemente de ser real ou não, a crença é muito forte, não há quem não o tema ou conheça no Acre. Os relatos que me contaram comprovam isso e atiçam a curiosidade, principalmente pelo engajamento e gentileza que recebi dessas pessoas.

É difícil falar do Gogó-de-Sola, ou qualquer outra figura folclórica, sem considerar o lugar em que criam vida e habitam o imaginário. Por isso, antes de concluir, que tal saber um pouco mais sobre o Acre?

O estado do Acre, no sudoeste da Amazônia brasileira, é uma região de identidade única e história rica. O nome seria uma derivação, ou corruptela, de Uwa’kürü, Uákiry ou Aquiry, que, na língua dos Apurinãs, seus habitantes originários, significa “rio dos jacarés”. Com a chegada dos nordestinos que ocuparam os seringais durante o ciclo da borracha, a área, que fazia parte da Bolívia e era de interesse do Peru, foi ocupada por brasileiros que desafiaram a arrecadação desses impostos pelas autoridades bolivianas, em confrontos que culminaram no Tratado de Petrópolis, em 1903, quando o Brasil adquiriu a região. Hoje, o Acre é símbolo de riqueza natural, cultural e arqueológica, com a força de um povo que construiu sua identidade entre rios, seringais e florestas.

O habitat dos assombros do Gogó-de-Sola é justamente essa natureza pulsante, que cobre cerca de 85% do Acre e cuja preservação é fundamental. Seja pela força das crenças populares ou pela riqueza da fauna real, tradição e modernidade podem estar lado a lado.

Afinal, somos todos um.

 

Caio Sales é ilustrador e escritor, com atuação nos meios cultural e publicitário. É pós-graduado em Marketing e Inovação pela PUC-Campinas e também em Sociologia, História e Filosofia pela PUC-RS. Atualmente, é pós-graduando em Gestão Cultural e Indústria Criativa na PUC-Rio. Tem também qualificação internacional em Marketing e Comunicação pela Academies Australasia, em Sydney, na Austrália. É membro da Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (ABERST) e da Associação de Escritores de Bragança Paulista (ASES). @caiosales_art

 

 

Tags: ABERSTASESbragança paulistaCaio Salesculturaescritorfolclore brasileiromitos e lendas

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