WAGNER AZEVEDO
As vagas criadas para recenseadores no Brasil sempre foram um atrativo para quem precisava fazer um bico ou mesmo estar empregado ainda que por curto período. Mas esse tempo vai longe. O Censo Demográfico de 2022 caminha a passos de paquiderme, e a lentidão dos trabalhos de campo se explica pela falta de interesse das pessoas em participar dessa empreitada.
Processos seletivos foram abertos aos montes, e um novo anunciado ontem, mas o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), responsável pela contagem da população, não consegue ter equipes que cumpram o prazo para a qual foram contratadas. As deserções são constantes e as justificativas as mais variadas.
Não é um trabalho fácil buscar informações de casa em casa (à grosso modo), pois as caminhadas são muitas e longas. Os salários oferecidos também não são lá essas coisas. Longe disso, não conseguiram convencer quem certamente fez uma rápida conta do custo/benefício.
Os prazos iniciais divulgados pelo IBGE já não valem mais. Se o término da coleta de dados se encerraria em outubro, para divulgação em novembro, agora passou deste mês para dezembro. E pelo que se lê e ouve a respeito do processo, vai avançar até 2023.
O Censo é importantíssimo para a vida do País e das pessoas, pois é através dele que são desenvolvidas políticas públicas nas mais diversas áreas administrativas (federal, estadual, municipal), que se baseiam nos números colhidos. Repasses de recursos federais aos municípios também se valem do Censo para definir o quanto cabe a cada um deles.
Saber qual é a população de cada município, de que maneira vivem, quantos são homens e mulheres, crianças e idosos, ricos ou pobres, faixas etárias e salariais, enfim, elementos do Censo fundamentais para todas as esferas governamentais.
É a partir desses dados que são programados os orçamentos e estimados o repasse mais importante para todas as cidades: o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que se baseia unicamente no montante populacional.
Também é bom frisar que as informações fornecidas pelo IBGE são importantes para que os governantes cometam menos erros. Por enquanto, com muito boa vontade, 50% dos levantamentos foram concluídos.
Por seu turno, o cidadão deve colaborar, pois os reflexos negativos também são inerentes.
Até essa situação de momento mudar, tudo caminha a passos lentos.