WAGNER AZEVEDO
A decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, acompanhada por demais integrantes da Corte, de suspender o novo piso nacional para enfermeiros, técnicos, auxiliares e parteiras, pode ser resumida numa simples palavra: sacanagem!
A justificativa é que as prefeituras e os estados não vão conseguir bancar uma folha de pagamento com os novos valores, o que poderia implicar em muitas demissões ou piora no atendimento. Essa justificativa é uma sacanagem ainda maior.
Os segmentos que formam os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) tiveram expressivos aumentos em seus subsídios, muito recentemente, e nesse caso, na maior cara de pau, as justificativas são plausíveis. Ou seja, é difícil ser cidadão de bem neste País.
Enquanto sinalizam que não há recursos para bancar o novo piso de enfermeiros, eles são fartos em outras ações, como a farra com o dinheiro público no fundo partidário, as nomeações desenfreadas de cargos de livre nomeação (comissionados), excessiva criação de cargos públicos e mau uso do dinheiro suado do contribuinte.
Essas situações se instalaram neste País desde que por aqui aportou um tal Pedro Álvares Cabral. Os que vieram depois, conhecidos como políticos, aperfeiçoaram a forma de avançar na dinheirama fruto de pesados tributos.
Os ganhos de deputados e senadores são altíssimos e a contrapartida nem pouquíssimas vezes é verdadeira. O custo-benefício, nem se fala. Mas cuidar de doentes, se expor às enfermidades, não é profissão que mereça qualquer tipo de reconhecimento. Isso foi o que deixou implícito o ministro Barroso e todos os demais que votaram pela suspensão.
Se os governos estaduais e as Prefeituras colocarem um fim no modo como operam seus orçamentos e priorizarem o que é importante para a população, o novo valor do piso será pago com folga, sem necessidade de humilhar os profissionais da área da saúde.
Aliás, saúde pública no Brasil é sinônimo de bandalheira, de falcatruas. Por outro lado, há doentes morrendo em filas nos hospitais, falta de medicamentos e atendimento indigno a quem precisa.
Todo esse episódio, considerando-se ainda aqueles que têm poder de decisão neste País, principalmente os senhores do Supremo, nos remete a uma célebre frase de Rui Barbosa: “Não se deixe enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”.