Saber o que leva treinadores de futebol a ‘inventar’ fórmulas, estratégias e escalações que comprovadamente não deram certo em experiências anteriores, é algo que foge à compreensão dos mortais. O técnico Pedro Caixinha montou uma formação titular que brilhou durante a maior parte do tempo do Brasileirão. Sempre com os mesmos jogadores, encantou o País com um futebol de velocidade, transições criativas, sólido setor defensivo e equipe que mais finalizou a gol.
Isso, no entanto, foi alterado pouco antes da data Fifa e assim permaneceu nos jogos seguintes, exceção feita à partida contra o Flamengo, que contou com o chamado time titular e que só foi derrotado por detalhes. Em todas as outras, com alterações de jogadores e na forma de jogar, nada funcionou.
E foi assim diante do Internacional, neste domingo (26), em Porto Alegre. Os onze que adentraram em campo não conseguiram assimilar o desejo de Pedro Caixinha, faltou criatividade e o toque de bola, e as transições quase perfeitas deram lugar a lançamentos longos, chutões mesmo, além de um incrível recorde de passes errados. Diriam os conterrâneos de Caixinha, ‘um horrorie”.
De nada adiantaram maior posse de bola, maior número de chutes a gol (um acerto apenas), pois o futebol foi pobre, longe daquilo que se viu anteriormente.
O time do Internacional também errou bastante, demonstrou fragilidade em alguns setores e viveu, como sempre tem acontecido, dos lampejos de Enner Valencia. E foi justamente com ele, numa jogada típica de futebol de várzea, que Jadsom Silva cometeu o pênalti que deu a vitória ao Colorado.
A derrota praticamente tirou o Massa Bruta da briga pelo título e a situação só não é mais trágica, porque o Fluminense, a três rodadas do fim, está a seis pontos de distância e dificilmente vai tirar a vaga dos bragantinos da Libertadores, ainda que na fase que antecede a de grupos.
Já dito anteriormente, Pedro Caixinha se mostrou um profissional correto, conhecedor do ofício mas, por razões que ninguém explica, mexeu no time e na forma de jogar, sabedor de que tem um banco de reservas muito aquém das necessidades. Mas dois titulares, Aderlan e principalmente Matheus Fernandes mantidos na reserva, é algo inexplicável.
ATUAÇÕES
Cleiton: Muito pouco exigido pelo adversário, foi praticamente um espectador. Nota 6,0.
Andrés Hurtado: Entrou como lateral mas jogou como ponta, por onde a equipe construiu algumas boas jogadas. Nota 6,0.
Léo Realpe: Perdeu todas as disputas com Valencia, em jogadas aéreas ou em velocidade. Nota 5,0.
Léo Ortiz: Fez o que pôde para ajudar ofensivamente, mas esbarrou em um time sem nenhuma criatividade. Nota 6,0.
Luan Cândido: Teve dificuldades em marcar Wanderson, mas procurou ajudar nas jogadas de ataque. Nota 5,5.
Jadsom Silva: Mais uma conquista nessa partida: um pênalti para sua vasta coleção ao longo dos últimos dois anos. Ação de jogador de várzea ao derrubar Valencia. Nota 4,5.
Eric Ramires: Completamente perdido em campo. Poucas deslocações e sem saber onde jogar. Nota 5,0.
Juninho Capixaba: Jogou de lateral, de volante, de meia, de ponta, enfim, mesmo sem estar em uma boa jornada, foi o melhor do time. Nota 6,5.
Lucas Evangelista: Muito longe do jogador que encantou técnicos e colegas de profissão. Lento, sem movimentação e com poucas conclusões a gol. Nota 5,5.
Henry Mosquera: Aquele jogador da goleada sobre o Flamengo no primeiro turno, nunca mais foi visto. Repertório manjado e pouco produtivo. Nota 5,5.
Eduardo Sasha: Artilheiro que não recebe bola, que é obrigado a armar jogadas, a sair da área e ficar isolado, não consegue fazer gols. Sozinho, é mais difícil ainda. Nota 6,0.
Vitinho Kiev: Entrou bem, procurou a linha de fundo, concluiu a gol, mas também sozinho, nada conseguiu. Nota 6,0.
Bruninho: Depois de três ou quatro partidas, quando ganhou a titularidade, no começo do ano, nunca mais jogou nada. Nota 4,5.
Gustavinho: Especialista em entrar no segundo tempo e receber cartão amarelo. Não foi diferente desta vez. Nota 4,5.
Alerrandro: Nenhuma bola recebida e, portanto, nenhuma conclusão a gol. Nota 4,5.
Helinho: No mesmo nível de seus companheiros de segundo tempo. Nota 4,5.
Pedro Caixinha: Difícil entender como um time que jogava por música, com 11 titulares entrosados e confiantes no esquema de jogo, de uma hora para outra é mudado sem necessidade. Caixinha poderia explicar, mas não vai fazê-lo. Nota 5,5.
INTERNACIONAL 1 x 0 BRAGANTINO
Campeonato Brasileiro – 35ª Rodada
Local: Estádio Beira Rio, Porto Alegre (RS)
Data: 26 de novembro de 2023 (domingo, 18h30)
Árbitro: Felipe Fernandes de Lima (MG) – Assistentes: Eduardo Gonçalves da Cruz (MS) e Felipe Alan Costa de Oliveira (MG) – Árbitro de vídeo: Diego Pombo Lopez (BA)
Público: 22.170 pagantes – Renda: R$ 184.459,00
Cartões amarelos: Mercado, Renê, Maurício, Rômulo e Luiz Adriano (Internacional) e Léo Ortiz, Luan Cândido, Jadsom Silva, Lucas Evangelista e Gustavinho (Bragantino)
Gols: Enner Valencia (p) aos 29’ (Internacional)
INTERNACIONAL: Rochet; Bustos, Vitão (Igor Gomes), Mercado e Renê; Johnny, Maurício (Nico Hernández), Bruno Henrique (Rômulo) e Wanderson; Lucca (Carlos de Pena) e Enner Valencia (Luiz Adriano). Técnico: Eduardo Coudet.
BRAGANTINO: Cleiton; Andrés Hurtado (Vitinho Kiev), Leo Realpe, Léo Ortiz e Luan Cândido; Jadsom Silva, Eric Ramires (Helinho), Juninho Capixaba e Lucas Evangelista (Gustavinho); Eduardo Sasha (Alerrandro) e Henry Mosquera (Bruninho). Técnico: Pedro Caixinha.