Se a forma como os jogadores do Bragantino atuaram diante do Coritiba, perdendo para uma equipe que jogou quase os 90 minutos com um jogador a menos, não foi para sacanear o técnico, qual é a explicação? De algum tempo a coisa desandou no vestiário e a tentativa disso não vazar para além dos muros não funcionou. A mediocridade que se viu em campo, fruto da soma de falta de criatividade, finalizações a gol bisonhas e muita, mas muita falta de vontade, é inaceitável para quem até outro dia sonhava com vaga pelo menos na Pré-Libertadores. Se não abrir os olhos e jogar futebol, não fica nem com um lugarzinho na Sul-Americana.
A forma como os jogadores vêm se comportando é indício inequívoco de que há problemas de relacionamento ou entre jogadores, entre integrantes da comissão técnica, entre jogadores e comissão técnica ou todas as alternativas anteriores. Que outras desculpas podem ser dadas? Salários atrasados? Condições ruins de trabalho? Certamente não!
Pelo que se viu em Curitiba, os jogadores do Coxa, depois da goleada sofrida para o Palmeiras, criaram ‘vergonha na cara’ e foram a campo dispostos a apagar a péssima imagem deixada no Allianz Parque. O espírito de luta de atuar com apenas 10 jogadores foi louvável, mas impossível não citar outro ingrediente importante: a passividade dos jogadores do Bragantino. Faltou futebol, faltou vontade e para muitos, faltou a tal vergonha na cara.
O técnico Maurício Barbieri, por seu turno, ou pega o boné e vai embora, ou faz uma limpa nesse time titular, afastando quem não tem vontade de jogar, mesmo que isso envolva nomes importantes, e jogue na cara da diretoria, que há tempos sabe disso, que o elenco é ruim. Como está, a tendência é brigar para não cair.
Barbieri também precisa acabar com aquele ar de coitadinho nas coletivas, com fala mansa e pausada, e chutar o pau da barraca. Cansativo ouvi-lo sempre que seu time foi melhor, dominou, criou mais chances, e não venceu. Pior que ouvir um Barbieri repetitivo e também ‘sem criatividade’ nas entrevistas, são as perguntas que lhe são dirigidas. Os coleguinhas de imprensa também não colocam o dedo na ferida.
Mais um outro exemplo de determinação e vontade de jogadores que valorizam a camisa que defendem: o Fortaleza. Saiu da lanterna, onde ficou por 20 rodadas, e hoje ocupa a 10ª colocação. O Massa Bruta tem 9 vitórias, 11 empates e 11 derrotas. Assinalou 41 gols e sofreu também 41. Aproveitamento pífio de 41%.
Nem cabe, neste momento, comparar com a campanha do ano passado. São períodos distintos e o conjunto do ano passado ainda contava com jogadores melhores, que hoje não estão mais no clube.
A diretoria precisa intervir com firmeza ou no final deste mês pode começar a planejar 2023 na Série B. A coisa está caminhando a passos largos nesse sentido.
A próxima partida, em casa, será diante de outro desesperado, o Santos. Ou seja, embate difícil e sem qualquer chance de indicar um favorito, já que ambos apresentam um futebol medíocre. Uma nova derrota pode acabar de vez com o ambiente no vestiário que, repita-se, está rachado.
Para quem sonha grande, o caminho não é o que está sendo trilhado agora.