Jonathan Alberti
Intolerância religiosa
O vereador Ismael Brasilino foi denunciado por cerca de 70 pessoas à Câmara Municipal por intolerância religiosa. A denúncia, que pede que o Conselho de Ética tome uma atitude, aponta que o edil agiu com desrespeito às religiões de matriz africana, sobretudo com a Umbanda, religião 100% brasileira, fundada em 15 de novembro de 1908, pelo médium Pai Zélio Fernandino de Moraes. No dia 19 de abril Brasilino publicou em suas redes sociais os dizerem ‘Ou zé pilantra ou a Bíblia. Eu fico com a Bíblia com certeza” abaixo havia uma foto de Lula com guias (colares usados nas religiões de Candomblé, Umbanda e Quimbanda) segurando uma imagem de José Pilintra (entidade de Umbanda. Zé Pilintra, que tem arquétipo de boêmio, mas na religião age no campo da cura, tanto física quanto espiritual) e em outra foto ao lado está Bolsonaro segurando uma Bíblia. A legenda colocada pelo vereador foi: “Nunca foi tão fácil escolher”. A publicação escarnece da entidade José Pilintra, de seus fiéis e de todo o povo de santo, que diariamente vê seus terreiros sendo queimados e suas crianças sendo apedrejadas por incentivos idiotas como esse. O assunto é sério, tão sério, que pessoas são assassinadas no Brasil por suas crenças. Aliás, um vereador que acabou de apresentar um projeto de lei que “Institui no calendário de eventos do Município o Dia de Combate a Cristofobia e Perseguição Religiosa”, mostra o quanto está alienado em sua crença ao ignorar o próprio projeto e ser intolerante com seu semelhante. Apenas lembrando que Cristo nos trouxe um novo mandamento que foi registrado no capitulo 13, versículo 34 do evangelho de São João: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado (…)”. Religião é coisa séria vereador, não se brinca, faz piada e muito menos desdenha. Isso é rir da fé dos outros e é até inconstitucional, já que o senhor adora falar em constituição.
Piso da enfermagem e a corrida por votos
O recém-aprovado , o Projeto de Lei (PL) que estabelece um piso salarial nacional fixo para enfermeiros, técnicos, auxiliares e parteiras ta parecendo uma bela jogada eleitoral na corrida por votos. Aprovado por unanimidade no Senado, o novo piso para a classe foi aprovado na Câmara dos Deputados na tarde desta quarta-feira (4), por 449 deputados na Câmara, porém Bolsonaro não deve sancionar a medida. Isso porque, todo projeto que trata de pagamento tem que ter a explicação da fonte exata do dinheiro, em miúdos tem que explicar de onde sairá o dinheiro para pagar os enfermeiros e seu novo piso salarial. O documento aprovado nessa semana não aponta qual será essa fonte de recursos. Ou seja, sem a sanção de Bolsonaro, a aprovação da medida é uma amarga derrota para os profissionais que dedicaram e arriscaram suas vidas durante a pandemia e, infelizmente, viram a morte de milhares de colegas de profissão em todo o país.
R$ 50 milhões ao ano x R$ 219 milhões
A deputada federal Carmen Zanotto, do Cidadania-SC, relatora do PL, defende que o novo piso custará cerca de R$ 50 milhões a União por ano e que essa despesa pode ser “absorvida pelas dotações específicas e/ou créditos genéricos previstos para o exercício”.
Porém a preocupação de todos, inclusive de Paulo Guedes e Bolsonaro, bem como os deputados e senadores que aprovaram a lei é de onde sairá essa grana. Pois bem, se Guedes, Bolsonaro, os deputados e senadores ainda não sabem de onde virá o subsídio para bancar uma das classes mais importantes da saúde do país, eles precisam olhar para a máquina pública. Em uma pesquisa rápida no site da Câmara pode se ver que até abril de 2022, os deputados federais já gastaram R$ 219.770.585,76 milhões em verba de gabinete (Cada deputado tem R$ 111.675,59 por mês para pagar salários de até 25 secretários parlamentares com salários de R$ 1.025,12 a R$ 15.698,32). Apenas o montante gasto em quatro meses, bancaria pelo menos 4 anos de salários aos profissionais de enfermagem e parteiras. Claro, que o valor é previsto em lei e todo aquele blá-blá-blá de direitos do deputado etc, porém se tem alguém que pode mudar isso são eles. Uma redução nesse valor pode ser colocada na mesa e esse valor ser direcionado para a saúde. Porém, vai ser difícil disso acontecer e os profissionais de saúde vão ter que amargar mais um bom tempo trabalhando por migalhas, até que alguém tenha peito para conceder o tão esperado aumento.