Em meio às celebrações da Semana do Meio Ambiente, as cidades servidas pelo Sistema Cantareira encaram redução nos níveis dos principais reservatórios de água que alimentam uma população de mais de 7,5 milhões de pessoas. E a situação poderá se tornar ainda mais grave, pois teve início em maio o período de estiagem, com chuvas esperadas apenas para o final de setembro.
A GB realizou levantamento junto ao portal da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que apontou queda nas bacias, principalmente nas represas Jaguari, Atibainha e Paiva Castro. O Sistema, em um mês, registra redução de 6,17%. Se em 7 de maio o manancial tinha 49,9% de armazenamento de água, ontem era de 47,7%. Se comparado ao mesmo período do ano passado, o recuo é ainda maior, de 23,4%. Naquela data o volume útil era de 58%.
Na represa Jaguari choveu 27,80 milímetros nos últimos 30 dias, e nos sete primeiros dias de junho não se registrou nenhuma precipitação pluviométrica.
Especialistas sobre sustentabilidade dizem que a responsabilidade com a água potável não se resume apenas ao cuidado com as áreas de mananciais e que vão muito além de levar o recurso até as torneiras dos consumidores. Segundo eles, tem que haver um debate amplo pelo poder público, com mais acuidade quanto ao planejamento.
Os analistas vão além e afirmam que o poder público tem se mantido afastado das estratégias e ações dos mananciais, principalmente das políticas relacionadas às águas.
Impacto – Reduzir os níveis dos mananciais impacta diretamente na vida das pessoas. Quando São Paulo atravessou grave crise hídrica, entre 2014 e 2015, foi necessário um esquema de rodízio que impôs maiores sacrifícios às áreas periféricas dos municípios.
No mês passado, um alerta de emergência hídrica para o Estado de São Paulo foi emitido pelo governo federal, cuja região que deverá registrar pouca chuva neste período de estiagem. É a primeira vez que um alerta desse teor foi feito.
Outro problema destacado por especialistas é que a falta de política pública voltada para o saneamento básico torna o Brasil o segundo país no mundo que utiliza mais água. Mudar a estratégia, segundo eles, poderia proteger os mananciais.
Sabesp – Com quedas diárias nos níveis dos reservatórios, ainda assim a Sabesp descarta a possibilidade de faltar água, mas evitou garantir que a situação se sustente até setembro, período final da estiagem.
No entanto, reforça a necessidade do uso consciente da água, e destaca que sistemas interligados permitem transferências entre eles, como é o caso da Jaguari-Atibainha, que traz água da bacia do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira, e ainda o novo Sistema São Lourenço.