Após denúncias da GB e GB Norte, fiscais da secretaria de Meio Ambiente foram ao local, constataram irregularidades, porém, a exemplo da Sabesp, alegou ser problema causados por parte da população
A ineficiência da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, foi justificada pela secretaria de Meio Ambiente, após vistoria e diversos testes feitos em Área de Preservação Ambiental – APP, onde a reportagem dos dois jornais flagraram esgoto correndo a céu aberto. A área, que beira a Avenida Deputado Virgílio de Carvalho Pinto e as ruas Álvaro Contro, Elisário Eliseu de Oliveira (Planejada I), Antônio Godinho Filho, Jesuína Francisca de Oliveira (final da rua) e Ernesto Magiolini (essas no Julieta Cristina), é um local de mata densa, com diversas espécies nativas, inclusive com uma nascente, diversos animais silvestres e vem agonizando diante da degradação ambiental que sofre há mais de 15 anos.
Segundo os fiscais da secretaria de Meio Ambiente, a culpa, possivelmente, é de parte dos moradores que, para evitar custos e taxas, ligam irregularmente a rede de esgoto nas galerias pluviais, fazendo com que o efluente corra livremente pelas ruas. Os fiscais, porém, não esclareceram sobre um cano ligado da rede coletora que está quebrado e isentaram, em parte, a Sabesp, dizendo, em nota enviada pela Secretaria de Comunicação, que “(…) a rede de esgotamento sanitário implantada na área está com o funcionamento adequado”. A falta de acesso para manutenção da mesma rede também foi ignorada pela Pasta.
Recentemente, a inexistência de acesso às redes coletoras, fez com que uma dessas redes extravasasse e todo o efluente desaguasse, intencionalmente, em córrego que deságua no rio Lavapés. A Pasta ainda informa que acionou a Sabesp, para que seja feito um levantamento de quantas casas não possuem ligação de esgotos e quantas estão com a ligação irregular. Após o levantamento, que não teve um prazo anunciado pela Pasta, os proprietários desses imóveis serão notificados para realizar a ligação de esgoto “o quanto antes”.
A Secretaria do Meio Ambiente ainda solicitou da Sabesp vistorias do programa “Sempre Separados”, para identificação dos imóveis e posterior correção no lançamento das águas pluviais. Segundo a autarquia, esse processo é realizado constantemente em conjunto com a Prefeitura e com fiscais da Vigilância. Ainda exige que a autarquia realize os cuidados pertinentes e “que são de interina responsabilidade da companhia”, uma vez que todo o esgotamento sanitário da cidade, seja ele descartado adequadamente ou não, é de responsabilidade da empresa, que inclusive cobra uma alta taxa para o seu tratamento.
Após a vistoria na APP, fiscais da Pasta aproveitaram para verificar e tentar identificar outros lançamentos indevidos no córrego. Segundo informado pela SECOM, a equipe vistoriou o lançamento de efluentes de uma indústria nas imediações. A empresa será notificada a prestar esclarecimentos, apresentar relatórios de análise físico-químico do seu efluente, além da comprovação de que a prática não está causando a poluição do corpo hídrico, que fatalmente deságua no Rio Lavapés.
Falta planejamento – Na Área de Preservação Permanente, inúmeros são os problemas que escancaram a falta de planejamento. A construção de poços de visitas (PVs) sem nenhum acesso prático para manutenção e desentupimento, é um deles. O “simples” vazamento de qualquer um desses PVs, pode contaminar à APP, que em uma medição feita pelo Google Maps tem pouco mais de 40 mil metros quadrados, dois córregos e o rio Lavapés.
Em outubro, a SABESP foi autuada pela Secretaria Meio Ambiente por dano ambiental após direcionar, intencionalmente, o esgoto que extravasou de um Poço de Visita, que também não tinha acesso prático, para o córrego que deságua no rio Lavapés. Segundo apurado pela GB, essa multa beira os R$ 22 milhões.
Já o outro, é o direcionamento de uma galeria de água pluvial para área. Sem tubulação ou meios para que essa água seja direcionada a um córrego, as consequências podem ser graves. Uma delas é o desenvolvimento de voçorocas, que com o tempo tomam porporções gigantescas e comprometem o terreno num todo. Esse fenômeno pode causar deslizamentos de ruas e até acidentes mais graves.
Entenda o caso – Nas edições que circularam no sábado, 7 de janeiro, a GB e a GBN denunciaram vazamento de esgoto em uma Área de Preservação Permanente – APP, na Planejada I e Julieta Cristina. O repórter percorreu o local, que tem cerca de 40 mil metros quadrados, e que pode ser chamado de “caminho do esgoto”.
Logo de início já são visíveis os problemas: uma tubulação da rede coletora da Sabesp quebrada e um tubo de deságue das galerias pluviais. Ali, uma grande quantidade de água escura e fétida fica parada, escoando por uma voçoroca (erosões causadas pelo caminho constante da água de rede pluvial e esgoto), de proporções gigantescas, que corre mata adentro.
Quanto mais se avança pelo local, mais o odor fétido e nauseante contamina o ar que deveria ser puro e renovador. Aliás, não é apenas o ar que é contaminado. São centenas de árvores que beiram o caminho da água e que absorvem toda essa sujeira. Além disso, um veio de água limpa, oriundo de uma nascente no meio da densa mata, se funde com a água podre e desemboca no córrego que segue para outro ribeirão que se forma no Lago do Julieta Cristina.
Em seu curso natural, esse ribeirão deságua no Rio Lavapés, levando o esgoto e destruindo ainda mais o rio que é marco da cidade e já abrigou uma grande diversidade de peixes.
Danos – A exemplo do dano ambiental causado pela SABESP em outubro de 2021, não dá para dimensionar o quanto a área foi degradada pelo despejo do efluente. Porém, é inegável que esse desastre ambiental é extremamente prejudicial a APP, aos córregos que carregam essa sujeira e aos rios Lavapés e Jaguari.
Além disso, a contaminação causa danos irreparáveis à fauna e à flora, tanto da APP, quanto dos mananciais. Tudo isso deve ser avaliado pela Secretaria de Meio Ambiente, que, em sua manifestação através da Secretaria de Comunicação, não citou os danos ambientais causados.
Confira nota da Assessoria de Imprensa da Prefeitura na íntegra
Meio Ambiente constata ligação em rede de drenagem pluvial na região do bairro Chácara Julieta Cristina
Após circulação de matéria veiculada na edição nº 427 do jornal GB Norte, denunciando uma possível contaminação de córrego, causada pelo direcionamento irregular de esgotamento sanitário na região do bairro Chácara Julieta Cristina e Planejada I, na manhã da última segunda-feira (17/1) uma equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente esteve na área denunciada, buscando identificar os problemas apontados para adotar medidas necessárias.
Na oportunidade, a equipe realizou diversas pesquisas e testes no local. Foi identificado que a rede de esgotamento sanitário implantada na área está com o funcionamento adequado, porém identificou-se a presença de esgoto no sistema de drenagem de águas pluviais, provenientes possivelmente de residências que estão com o sistema conectado indevidamente na rede errada.
De imediato, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente acionou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), para elaborar um relatório com um levantamento da quantidade de casas na área que não estão com o sistema de esgoto ligado corretamente ou não possuem. Posteriormente os proprietários destas residências serão notificados para que realizem a ligação da rede de esgoto o quanto antes.
Também foi solicitado para atender as demandas do bairro, ações de vistoria no âmbito do programa “Sempre Separados”, para que agentes de fiscalização e representantes da SABESP, fiscalizem e orientem a comunidade sobre o lançamento correto de águas pluviais e de esgoto. Será solicitada a SABESP, que realize todos cuidados pertinentes e que são de interina responsabilidade da companhia.
Ainda a fim de se identificar outros lançamentos indevidos no córrego, a equipe do Meio Ambiente vistoriou o lançamento de efluentes de uma indústria nas imediações, a qual também será notificada a prestar esclarecimentos, apresentar relatórios de análise físico-químico do seu efluente, além da comprovação de que o lançamento não está causando a poluição do corpo hídrico.