Aquele receituário que o Bragantino tem usado desde o Brasileirão, de maior posse de bola, marcação alta e uma enxurrada de gols perdidos, não é mais novidade para os adversários. Isso ficou patente na noite desta quarta-feira (28), em Guayaquil, Equador, quando o time foi derrotado pelo Emelec por 3 x 0.
Tudo o que consta da cartilha do técnico Maurício Barbieri foi colocado em prática, especialmente a falta de conclusão a gol e lentidão no setor ofensivo. No primeiro tempo o lado direito, com Artur, foi mais acionado, e duas jogadas feitas por ele demonstram cabalmente o que se viu em campo: em ambas, com a bola e oito jogadores do Braga no campo de ataque, ele recuou para o setor defensivo, ou seja, facilitou o trabalho de marcação do conjunto azulino.
Na etapa complementar a situação se viu ainda mais complicada, quando logo aos 4 minutos Aderlan chutou contra as próprias redes, tirando o ‘zero’ do placar. Para um jogador com a experiência do lateral, a tentativa de tirar a bola da pequena área e mandar para as redes, foi coisa de amador. Que fique bem claro que a bola não bateu nele, mas foi chutada contra o próprio “patrimônio”.
E aí a coisa desandou de vez. O time voltou a pressionar no campo de ataque, porém sem nenhuma objetividade. Aos 18 minutos a casa caiu definitivamente. Numa cobrança de escanteio, toda a zaga do Bragantino formou uma espécie de ‘bando’ na faixa da pequena área, deixando completamente livre o atacante Zapata, que em lindo chute ampliou o marcador.
O que já estava ruim, piorou de forma avassaladora, com um futebol desordenado, sem verticalidade e muito faltoso, que culminou na expulsão do volante Ricardo Ryller, merecida por sinal. Marcar o terceiro gol era questão de tempo, e veio aos 40 minutos, através de Cabeza, que concluiu para as redes depois de Fabrício Bruno quase ter marcado contra (foi salvo pela ação de Léo Ortiz). A bola, no entanto, sobrou limpa para o equatoriano. Aos 48 minutos um chute de Cuello, bem defendido pelo goleiro Ortiz, foi a única chance do time.
Quando viu que a vaca tinha ido para o brejo, Barbieri colocou a ‘juventude’ em campo.
Esquema – O jogo e a derrota serviram para que a comissão técnica avalie com urgência a criação de um plano B, quando o A não funciona, e para a diretoria contratar jogadores que estejam no mesmo nível do time principal. O banco de reservas, fraquíssimo, levou o técnico Barbieri a fazer três mudanças apenas a três minutos do fim do jogo. Dez minutos antes, colocou jovens em campo: Chrigor e Pedrinho, que nada fizeram.
Como apenas o primeiro colocado do grupo se classifica para a etapa seguinte, a situação do Bragantino se complicou muito.
Em casa – O Massa Bruta volta a campo pela Sul-Americana para enfrentar o Talleres, da Argentina, na próxima quarta-feira (5), no Nabizão. Além da vitória (inimaginável qualquer outro resultado), tem que torcer para o Emelec tropeçar na Colômbia, diante do fraco Tolima, também na quarta-feira.
ATUAÇÕES
Cleiton: Sem culpa nos gols, ainda fez boas defesas.
Aderlan: Um gol absurdo para um jogador com a experiência que tem. Tentou se lançar ao ataque, mas sem sucesso.
Fabrício Bruno: Quase fez um segundo gol contra e demonstrou lentidão nas coberturas a Aderlan.
Léo Ortiz: Sozinho numa defesa frágil, acaba embarcando na mediocridade dos companheiros.
Edimar: No primeiro tempo foi bem ao apoiar o ataque. Depois cansou e fez o de sempre.
Ricardo Ryller: Bom primeiro tempo como protetor da zaga e uma etapa final para esquecer. Voltou aos velhos e bons tempos, quando distribuía pontapés à vontade. Acabou expulso.
Lucas Evangelista: Sem inspiração, pouca movimentação e no primeiro tempo ainda ajudou na marcação. Mas só.
Claudinho: Na etapa inicial tentou criar jogadas ofensivas, mas as conclusões a gol foram decepcionantes. Caiu de produção no segundo tempo.
Artur: Alguns lampejos e muitos erros. A mania de ‘matar’ as ações ofensivas devolvendo a bola para a retaguarda precisa ser corrigida.
Ytalo: Atacante sem um meio-campo que não cria ‘morre de fome’.
Helinho: Correria no primeiro tempo, tentativa de infiltrações pelo meio e depois sumiu.
Barbieri: Falta repertório para surpreender o adversário. O controle do jogo com maior posse de bola está manjado. O Independiente Del Valle que o diga, depois da goleada que levou do Palmeiras.
EMELEC 3 x 0 BRAGANTINO
Local: Estádio George Capwell, Guayaquil, Equador
Data: 28 de abril de 2021 (quarta-feira, 21h30)
Árbitro: Yender Herrera (Venezuela) – Assistentes – Alberto Ponte (Venezuela) e Yackson Diaz (Venezuela)
Público e Renda: portões fechados
Cartões amarelos: Ortiz, Lucas Sosa, Arroyo e Gracia (Emelec) e Helinho (Bragantino)
Cartão vermelho: Ricardo Ryller (Bragantino)
Gols: Aderlan (contra) aos 49’, Zapata aos 63’ e Cabeza aos 85’ (Emelec)
EMELEC: Ortiz; Leguizamón, Mejía e Luca Sosa; Romario Caicedo, Arroyo (Cevallos), Sebastián Rodriguez, Zapata (Orejuela) e Cabalí (Gracia); Cabeza (Bryan Sánchez) e Barcelo (João Rojas). Técnico: Ismael Rescalvo.
BRAGANTINO: Cleiton; Aderlan, Léo Ortiz, Fabricio Bruno e Edimar; Ricardo Ryller, Lucas Evangelista (Ramires) e Claudinho (Vitinho); Artur (Cuello), Ytalo (Chrigor) e Helinho (Pedrinho). Técnico: Maurício Barbieri.