Decretada em 2 de março pela Prefeitura, uma semana antes da fase emergencial implantada pelo Plano São Paulo, os números do isolamento social não surtiram o efeito esperado em Bragança, que na segunda quinzena de março registrou taxa média 9% abaixo do índice mínimo indicado pelo governo estadual para conter a pandemia do coronavírus.
A baixa adesão dos habitantes às restrições compromete o combate ao vírus e pode provocar os piores cenários da pandemia.
Considerando apenas a fase emergencial, desde 15 de março, o município tem média de 41% de isolamento, portanto abaixo do mínimo de 50% recomendado pelo Centro de Contingência ao coronavírus de São Paulo para conter o avanço da doença.
Em apenas um único dia, 28 de março, a média foi de 51% de isolamento, o maior índice para um final de semana desde 19 de abril do ano passado, o maior já registrado na cidade desde o início da pandemia, de 58%.
Os baixos índices não se alteram mesmo acrescentando o período de fase vermelha do plano, que começou em 8 de março. Com isso, Bragança tem praticamente a mesma média de quando estava na fase verde, entre outubro e novembro do ano passado, quando tinha 42% de isolamento.
Nas fases amarela e laranja, a média permaneceu em 39% e subiu para 41% nas fases vermelha e emergencial.
É um aumento muito baixo diante da expectativa do governo estadual que esperava taxas de isolamento que chegassem até 60%, para conter a pandemia.
O quadro é ainda pior quando se analisa a taxa média do município no período da primeira quarentena decretada pelo Estado, em 24 de março de 2020. Naquela época, Bragança registrou média de 48% de isolamento, bem acima do atual índice da fase mais restritiva do plano.
Apenas mais 2 cidades da região são monitoradas pelo governo estadual, através do Simi (Sistema de Monitoramento Inteligente), plataforma com dados de geolocalização e também está no mesmo patamar de Bragança: apenas no dia 28 de março Atibaia (53%) e Amparo (51%) conseguiram alcançar o patamar considerado ideal. A média da segunda quinzena do mês passado, em ambas, foi de 42%.
Sobre o isolamento em todo o Estado, a secretária de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Patrícia Ellen, disse que a taxa de isolamento precisa aumentar para conter o avanço da pandemia. “Precisamos reduzir mais a circulação no Estado. O Plano SP traz modelo de gestão e convivência com a pandemia e estamos reduzindo a circulação ao mesmo tempo em que mantemos as atividades econômicas girando”.
Exaustão – A queda no isolamento impacta diretamente na exaustão do sistema de saúde de Bragança por causa da maior quantidade de pacientes graves. Há mais de um mês a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) chegou a 100%, mesmo percentual de leitos nas enfermarias. O índice médio de ocupação nos três primeiros meses deste ano é de 95%, e isso mesmo com a vacinação.