Por Ana Paula Alberti
Que o trânsito da cidade está cada vez pior não é novidade para nenhum bragantino, afinal é uma população de 176.811 pessoas com uma frota de 147.605 veículos, segundo o IBGE. E como se não bastasse o aumento desenfreado de veículo e uma política brasileira fraca do uso de transporte público, a cidade ainda é passagem para o Sul de Minas Gerais e Circuito das Águas.
O cenário em si já é bem ruim, e o Plano de Mobilidade Urbana que deveria amenizar o problema, é de 2016 quando ainda eram 118.264 de veículos e a população estimada em 162.435, ou seja, houve um aumento maior de número de veículos do que da população e pouco planejamento do órgão público para solucionar a questão.
Somado aos números, o bom senso está longe de ser praticado por empresários, empreiteiros, engenheiros, poder público e afins. O que se vê é uma ganância que está acabando com a tranquilidade da cidade de interior e a sanidade mental de sua população. Mais prédios residenciais, condomínios, loteamentos, etc., e pouca estrutura para atender o aumento demográfico, principalmente nas vias da cidade. E, infelizmente, quando se trata do direito básico do cidadão que vive em uma democracia – o de ir e vir – o tratamento é superficial. As políticas públicas são ineficazes para melhorias das vias e do trânsito, e a educação do motorista junto a mobilidade urbana são um desafio que até agora ninguém conseguiu resolver.
Bragança Paulista tem tentado incentivar o transporte não motorizado, com a construção de ciclovias, e incentivos fiscais para empresas que apoiarem o uso de bicicletas por seus colaboradores (Programa Vou de Bicicleta), mas mesmo com o aumento do uso do equipamento, Bragança Paulista é uma cidade de relevo montanhoso, o que não ajuda a população a usar a bicicleta como principal meio de transporte. Ainda assim, houve diversas alterações viárias na tentativa de melhorar o deslocamento do bragantino, mas claramente não houve sucesso.
Mais um problema que talvez o motorista precise encarar, em um futuro breve, é a implantação de uma unidade de atendimento de saúde da Santa Casa Saúde, na Av. dos Imigrantes, na esquina com a Rua Pedro Splendore no Taboão. O local que já tem tráfego intenso, deverá em breve lidar com um estacionamento em 90° (com entrada e saída) para a Av. dos Imigrantes, a poucos metros do semáforo do cruzamento. Além disso, soma-se o fato do maior número de circulação de pessoas/veículos na região, que já é saturada. Serão pacientes e funcionários circulando no local diariamente.
Além do estacionamento com uma entrada e saída duvidosa, a construção deste recuo destruiu trecho da calçada e da ciclovia que foi “inaugurada” em meados de 2022, e não se sabe se será refeita no mesmo local, atrás do possível estacionamento, ou em uma área diferente.
A reportagem da GB questionou a Santa Casa sobre previsão de quantas pessoas devem ser atendidas e profissionais que devem atuar no novo prédio, se será ofertado estacionamento, qual número de vagas, e sobre esse possível estacionamento com acesso pela Av. Imigrantes. A assessoria de imprensa informou que se manifestará em momento oportuno, “Em relação aos seus questionamentos, informo que estamos na fase final do projeto, portanto, neste momento ainda não temos todas as informações necessárias. Em momento oportuno faremos a divulgação e todas as informações serão apresentadas. ”, diz a nota.
Também questionamos a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, que informou que precisa analisar o Estudo de Impacto da Vizinhança (EIV-RIV) para aprovar ou solicitar medidas, “O empreendedor deve apresentar o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) identificando os impactos do empreendimento e as medidas propostas para a mitigação. O EIV será avaliado pela Secretaria de Mobilidade Urbana que pode aprovar ou solicitar medidas adicionais.”
Sobre a ciclovia disse que neste trecho é compartilhada e que a responsável pela construção é o empreendedor. “A ciclovia naquele trecho é compartilhada e durante as obras está interditada. Da mesma forma, o empreendedor deverá propor medidas de mitigação dos eventuais riscos identificados. A reconstrução será feita pelo empreendedor”, encerra a pasta.
Com certeza, a maioria da população bragantina entende e aceita o progresso da cidade, mas concorda que o município não suporta mais veículos da forma como está o sistema viário hoje. As ruas não dão conta de atender a demanda e para quem tem filho em idade escolar, precisa bater o ponto no trabalho ou até mesmo ir a uma consulta médica, deve se programar para não perder a hora e mesmo assim corre-se o risco. O aumento da frota, o tempo de deslocamento de um lugar ao outro, a falta de educação de parte dos motoristas, as obras desavisadas, mal sinalizadas, a falta de sincronia dos semáforos, mudanças de mão de direção, buracos, e tantos outros problemas afetam diretamente a qualidade de vida dos motoristas bragantinos, causando estresse, ansiedade e raiva, prejudicando à saúde mental de qualquer cidadão, além do aumento de acidente, principalmente entre motociclistas.