A derrota do Bragantino para o Atlético Mineiro na noite desta quarta-feira (25), no Estádio Nabi Abi Chedid, pode ser explicada por uma simples expressão: “menos é mais”. E foi o que faltou a Pedro Caixinha ao definir a equipe que começaria a partida e o esquema tático que adotaria. Errou em ambos.
A simples substituição de Matheus Fernandes, suspenso, provocou uma alquimia até então desconhecida do técnico: além da ausência de Matheus, também tirou Eric Ramires, e iniciou o confronto com Jadsom Silva como volante de contenção e Luan Cândido, para jogar no meio ou na lateral, trocando com Juninho Capixaba. Seja como for, não funcionou e tirou a capacidade criativa do meio-campo.
Conhecedor de como o time de Bragança joga e os avanços constantes dos laterais e daqueles que deveriam municiar o setor defensivo, Felipão optou por lançamentos longos, explorando a velocidade da dupla de ataque Paulinho e Hulk. E funcionou! Ambos colocaram a defensiva bragantina em polvorosa em inúmeras oportunidades, principalmente pelo setor esquerdo do ataque atleticano, que encontrou facilidades diante da recomposição lenta do lateral Aderlan e da noite muito ruim do zagueiro Léo Realpe.
A mexida no meio-campo feita por Caixinha dificultou a criação de jogadas, penalizou os atacantes e quando se imaginou que nada poderia piorar, Caixinha saca Luan Cândido, ainda na metade do primeiro tempo, e faz entrar Thiago Borbas, que além de lento, não ajuda quando o time está sem a posse de bola. De tanto explorar os lançamentos longos, o time de Felipão acabou chegando ao gol aos 30 minutos, em conclusão de Hulk que Léo Ortiz, já caído, usou o braço para desviar a bola, o que resultou em penalidade máxima, que o próprio Hulk converteu. A cobrança, depois da intervenção do VAR, aconteceu já aos 35 minutos.
Etapa final – Na volta do intervalo o que já estava bagunçado ficou ainda pior, com as mexidas feitas por Caixinha, na base do ‘Deus me acuda’, que até deu a impressão de que iria melhorar, nos 10 minutos iniciais, com duas boas chances de gol criadas, que pararam nas mãos do goleiro Everson. O Massa Bruta teve mais posse de bola, porém a conectividade entre os jogadores, observada quase à perfeição diante do Fluminense, não aconteceu. O time buscou o empate mais na base da individualidade e dos milhares de chuveirinhos sobre área do Galo, que insistia nas ligações rápidas entre defesa e ataque e chegou ao segundo gol aos 34 minutos, com bola nas costas da zaga do Braga, que Igor Gomes, que acabara de entrar, não desperdiçou, batendo sem chance para Cleiton.
O Massa Bruta até esboçou uma reação rápida, com o gol de Talisson aos 38 minutos, ao receber a bola na entrada da área e concluir com sucesso a gol. Mas não foi o suficiente para manter a invencibilidade jogando em casa, que vinha desde o mês de abril.
Os inventos do técnico Pedro Caixinha, que até então não tinham sido vistos, não funcionaram, tirou de certa forma a identidade do time e deixou claro que alguns setores não têm substitutos à altura.
Como o futebol também é feito de sorte, o Bragantino contou com ela ao ver a incompetência do Flamengo em assumir a vice-liderança na derrota para o Grêmio.
Com o adiamento da partida que faria contra o rubro-negro carioca, os comandados de Caixinha voltam a campo só na quinta-feira (2), para enfrentar o Goiás, em Goiânia.
ATUAÇÕES
Cleiton: Nada pôde fazer nos gols sofridos, ainda evitou que o placar fosse mais dilatado. Nota 6,5.
Aderlan: Ofensivamente foi bem nos primeiros 20 minutos, mas defensivamente errou muito, sem fôlego para ajudar na recomposição. Nota 5,5.
Léo Realpe: Uma noite para esquecer. Não conseguiu uma mísera antecipação, perdeu todas as disputas nas ligações rápidas do adversário e falhou até nas saídas com bola. Nota 5,0.
Léo Ortiz: Precisa corrigir uma falha presente em todas as partidas, que resultam em gols dos adversários: bola lançada no costado da zaga e entre os dois defensores. Nota 5,5.
Juninho Capixaba: Protagonizou duas grandes chances de gol e não encontrou companheiros em noite inspirada. Nota 6,5.
Jadsom Silva: Falhou muito na proteção à zaga, tentou compensar auxiliando o ataque, mas não funcionou. Nota 5,5.
Luan Cândido: Caiu de paraquedas no meio-campo, não sabia se ajudava na criação ou se posicionava como lateral. Acabou surpreendido com a substituição logo na metade do primeiro tempo. Nota 5,5.
Lucas Evangelista: Com um meio-campo destroçado, ficou longe do jogador criativo e sempre presente na área adversária. Sozinho pouco realizou. Nota 6,0.
Matheus Gonçalves: Menino talentoso, mas sem nenhuma noção de recomposição. O Galo deitou e rolou pelo setor direito defensivo do Braga. Nota 5,5.
Eduardo Sasha: Fez a parte que lhe cabia, mas sozinho a tarefa é quase impossível. O mais lúcido do time. Nota 7,0.
Vitinho Kiev: Também foi vítima da confusão tática do técnico. Nota 5,5.
Substitutos: Dos jogadores que entraram no decorrer da partida, a destacar apenas o atacante Tallison, pelo gol.
Pedro Caixinha: Deu uma de inventor, mudou completamente a forma de jogar do time, quando o necessário era apenas encontrar um substituto para Matheus Fernandes. Nota 5,0.
29ª RODADA
BRAGANTINO 1 x 2 ATLÉTICO-MG
Campeonato Brasileiro – 29ª Rodada
Local: Estádio Nabi Abi Chedid, Bragança Paulista (SP)
Data: 25 de outubro de 2023 (quarta-feira, 19 horas)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (CE) – Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Correa (RJ/Fifa) e Márcia Bezerra Lopes Caetano (RO)- Árbitro de vídeo: Rodolpho Toski Marques (PR/Fifa)
Público: 5.946 pagantes – Renda: R$ 215.410,00
Cartões amarelos: Aderlan e Léo Ortiz (Bragantino) e Everson, Saravia, Otávio e Pavón (Atlético-MG
Gols: Hulk aos 35’ e Igor Gomes aos 79’ (Atlético-MG) e Talisson aos 83’ (Bragantino)
BRAGANTINO: Cleiton; Aderlan (Helinho), Léo Realpe, Léo Ortiz e Luan Cândido (Thiago Borbas); Jadsom Silva, Juninho Capixaba e Lucas Evangelista; Matheus Gonçalves (Andrés Hurtado), Eduardo Sasha (Talisson) e Vitinho Kiev (Henry Mosquera). Técnico: Pedro Caixinha.
ATLÉTICO-MG: Everson; Saravia, Jemerson, Bruno Fuchs (Igor Rabello) e Guilherme Arana; Otávio, Alan Franco e Rubens (Igor Gomes); Pavón, Paulinho (Rever) e Hulk. Técnico: Luiz Felipe Scolari.