Homicídio no Guaripocaba:
DIG prende “Gordo”, líder do PCC que é apontado como mandante do crime
Investigadores da Delegacia de Investigações Gerais – DIG, sob o comando do delegado Dr. Henrique de Paula Rodrigues, prenderam na manhã desta quinta-feira (5), duas pessoas, pai e filho, suspeitos de executar Reginaldo Eugenio Baldim, de 53 anos, com oito tiros em sua empresa na Variante João Hermenegildo de Oliveira, no Guaripocaba, no dia 14 de setembro. A dupla foi presa 21 dias após o crime, em sua casa, no bairro de Taipas, na capital paulista. Segundo a polícia, um dos presos, Francisco E. V., vulgo “Gordo”, é uma das lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital – PCC, na capital Paulista e apontado como mandante do crime. Além dele seu filho, M. P. J. V. também foi preso. O rapaz é dono de uma camionete saveiro prata que transportou a moto utilizada no crime de São Paulo até Bragança Paulista.
“Durante as investigações descobrimos que essa saveiro, no dia do crime, veio de São Paulo, sentido Bragança Paulista, passando por Mairiporã e Atibaia e para a nossa surpresa, ao verificarmos as imagens, constatamos que ele estava trazendo a moto utilizada no crime, na caçamba desta saveiro. Após o crime e abandono da moto, essa saveiro retornou a capital pelo mesmo caminho sem a motocicleta. Isso nos trouxe fortes indícios que esses indivíduos teriam grande participação no crime, não como executores e sim como mandantes do homicídio”, disse o delegado.
Participação – Segundo Dr. Henrique, “Gordo” revelou que tinha um relacionamento de negócios com a vítima. “Ele disse que conhecia a vítima, que mandou as mensagens e que eles tinham um relacionamento comercial, que também será investigado. Em uma dessas mensagens a vítima cobrava uma certa quantia em dinheiro e tudo leva a crer que o motivo do crime é um desacordo comercial entre eles”, revelou Dr. Henrique.
Segundo o delegado, quando questionado sobre a moto usada no crime “Gordo”, tentou iniciar uma história fantasiosa, tentando colocar outras pessoas na cena do crime. “Ele disse que emprestou o carro para outra pessoa levar a moto, que sabia que a moto estava sendo trazida para Bragança Paulista, por uma outra pessoa relacionada a vítima e nega a participação. Ele cria narrativas, para tentar se esquivar, mas na verdade não consegue tirar ele da cena. Ele assumiu tudo, que o carro é do filho, que carregou a moto, que mandou mensagem. Evidentemente a participação dele está comprovada no crime”, disse o delegado.
A Polícia acredita que M.P. veio junto do pai no dia da execução, porém, não se sabe ao certo qual sua participação, uma vez que ele, após orientado por seu defensor, se negou a falar. “Vieram duas pessoas no carro, acreditamos que o filho também tenha vindo à Bragança no dia do crime. Ele exerceu seu direito de permanecer em silêncio, pelo menos nesse primeiro momento, depois de ser orientado por um advogado”, explicou o delegado.
A investigação – A investigação começou logo após o crime com as apurações preliminares dentre elas, a verificação do conteúdo do celular da vítima em busca de alguma conversa ou ligação que pudesse trazer provas ou motivo para o crime. Em verificação ao aplicativo WhatsApp, os investigadores da DIG, descobriram que Reginaldo estava conversando com uma pessoa, que estava com o nome salvo apenas como “Gordo”, sobre uma dívida. Segundo apurado, eles iram se encontrar na tarde do crime e “Gordo” enviou diversas mensagens a vítima dizendo que estava a caminho do local, uma delas minutos antes da morte de Reginaldo dizendo que ele estava chegando e que estava a pouco minutos da empresa da vítima.
“Apreendemos celulares as imagens dos acontecimentos e verificamos que “Gordo” insistentemente enviava mensagens para a vítima dizendo que já estava chegando próximo ao horário do crime, segurando a vítima em seu estabelecimento comercial”, disse o delegado.
Com “Gordo dizendo que estava chegando, Reginaldo saiu e o esperou na porta do estabelecimento. “Isso nos leva a crer que ele atraiu a vítima para fora do estabelecimento para esperá-lo, quando os executores chegaram de moto”, revelou Dr. Henrique.
Enquanto aguardava o “conhecido”, dois homens chegaram em uma motocicleta e o garupa desceu abrindo fogo contra a vítima, que ainda teve tempo de correr para dentro do estabelecimento, porém, sem chances, sendo executada com oito tiros. O assassino ainda atirou na direção de um funcionário para afugentá-lo. Após o crime, o assassino subiu na moto e fugiu. A motocicleta, uma Yamaha/Lander XTZ250, branca, placa de São Paulo, BYZ-1993, foi abandonada a cerca de 2 km do local do crime.
Esse abandono da motocicleta, levantou suspeitas da polícia sobre como os assassinos teriam deixado o local, vista a proximidade. Inicialmente foram feitas pesquisas sobre a motocicleta no monitoramento da cidade, sendo que o veículo não registrou entrada e nem saída da cidade naquele dia e muito menos circulou na cidade. O que levantou a suspeita que de um outro veículo poderia ter sido usado na fuga a dupla.
Paralelamente, os tiras da especializada investigavam “Gordo”, que mesmo dizendo que estava a poucos minutos e chegando para o encontro com Reginaldo, nunca chegou ao local dos fatos, o que o colocou no topo da lista de suspeitos. Em pesquisas de praxe, os investigadores descobriram que “Gordo” tem dois filhos e um deles, M. P., é proprietário de uma camionete saveiro prata, placas de São Paulo, OSO6H22. Os policiais também identificaram que eles residem no bairro de Taipas, zona oeste de São Paulo, e passaram a buscar o veículo em possíveis rotas em direção a Bragança Paulista, chegando a uma delas que é através do Rodoanel Mário Covas e que passa pela cidade de Mairiporã, para se acessar a Fernão Dias.
Os investigadores então solicitaram imagens do monitoramento de Mairiporã, e constataram que a camionete de M. P., passou por aquela cidade em dois momentos. A primeira passagem, foi por volta das 15h25, e crucial para a polícia descobrir o envolvimento de “Gordo” no crime. A camionete é filmada em uma rua daquela cidade, em direção a Rodovia Fernão Dias, carregando a motocicleta do crime que ocorreria mais tarde, por volta das 16h. A segunda passagem, mais no início da noite, por volta de 20h, a camionete é vista voltando pelo mesmo caminho, sem a moto na caçamba.
Também foram solicitadas imagens a Polícia Rodoviária Federal – PRF, que mostram a passagem do veículo na rodovia nos dois sentidos São Paulo x Bragança e depois o carro retornando a capital paulista.
Com provas sobre o envolvimento de “Gordo” e de M.P., que é proprietário do carro, Dr. Henrique, solicitou mandando de busca e apreensão e de prisão temporária para a dupla.
A prisão – O cumprimento das medidas cautelares foi realizado na manhã de quinta-feira (5), na casa deles, no bairro de Taipas. Assim que chegaram, os investigadores encontraram pai e filho dormindo, disseram o motivo de estarem ali e os conduziram até a sede da DIG para esclarecimentos dos fatos. Os tiras ainda encontraram a camionete usada no dia do crime e apreenderam o veículo.
Também foi apurado que “Gordo” soma diversas passagens por tráfico de drogas, uma delas em operação “Retomada” deflagrada pela Polícia Federal, em Pernambuco. Na ocasião foi apurado que ele era apontado como coordenador das ações do grupo e por fornecer a droga para um intermediário na região Norte do Brasil e que distribuía a droga nos estados do Ceará, Pernambuco, Bahia e Piauí. Ao contrário do pai, M.P. não tem passagens criminais
Pai e filho foram encaminhados para a Cadeia Pública de Piracaia, onde permanecem presos temporariamente por 30 dias, podendo ser decretada a prisão preventiva de ambos ou até mesmo a prorrogação por mais 30 dias, até o final do inquérito policial.