Rogério Machado
O dia de 21 de abril, “Dia de Tiradentes”, é uma data cívica importante e significativa para a nação brasileira. Este feriado nacional relembra o dia em que foi morto, acusado de traidor do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, apelidado Tiradentes.
Nascido em Minas Gerais em 1726, Tiradentes foi tropeiro, mascate e dentista prático; dai o apelido de “tira dentes”. Também trabalhou em mineração e tentou a carreira militar, chegando a fazer parte do Regimento de Cavalaria Regular. Foi nessa época que ele entrou em contato com as ideias iluministas, com ênfase ao conhecimento da ciência e da razão em contraste com a ortodoxia de doutrinas antigas.
Entusiasmado pelo iluminismo se junta a outros na Inconfidência Mineira, a primeira revolta no Brasil Colônia a manifestar claramente sua intenção de romper laços com Portugal. A revolta estava dentro do contexto da cobrança de 20% de impostos por parte da Coroa Portuguesa, sobre o que se arrecadava em ouro em Minas Gerais, incluindo-se “atrasos” de cerca de 25 anos.
A conspiração foi desmantelada em 1789, mesmo ano da Revolução Francesa. O movimento foi traído por Joaquim Silvério do Reis, que fez a “delação premiada” para obter perdão de suas dívidas com a Coroa Portuguesa. Os demais conspiradores foram condenados ao exílio, mas Tiradentes, sobre quem recaiu a responsabilidade total do movimento, foi condenado a morte. Enforcado em 21 de abril de 1790 teve seu corpo esquartejado e exposto em praça pública.
A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de resistência para os mineiros. A bandeira idealizada pelos inconfidentes foi adotada por Minas Gerais e traz os dizeres “Liberdade ainda que tardia”; em latim Libertas Quæ Sera Tamen.
Interessante notar que Tiradentes morreu por causa de um ideal. Ele foi traído, julgado e morto porque tinha a aspiração de ver o Brasil uma nação livre. Por isso, Tiradentes é tido como o mártir da Inconfidência. Entretanto, é bom esclarecer que a palavra mártir, do grego martys (testemunha), era usada em princípio para designar as pessoas que sofreram tormentos, torturas ou a morte por sustentar a fé cristã. Com o tempo a palavra ganhou outros conceitos, como morrer patrioticamente pela liberdade, independência e/ou autonomia de um povo.
Pensando na origem da palavra temos o “Mártir Supremo”, Jesus Cristo. Ele tinha o ideal de salvar a humanidade e liberta-la de toda escravidão ao pecado (conforme Evangelho de João 10:10 e 8:36). Jesus foi traído, julgado de forma arbitrária, condenado sem provas reais, morto e sepultado, mas Ele ressuscitou ao terceiro dia; vencendo a morte e voltou para o céu.
Jesus sacrificou-se morrendo pelo ideal de salvação de toda a humanidade. Ele morreu em nosso lugar para pagar o preço de nossa dívida com Deus, permitindo que “todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” “Pois Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos” “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso” – Evangelho de João 3:16, 1ª Epístola de Pedro 3:18 e Epístola de Paulo aos Gálatas 1:4.
Homenagear Tiradentes como mártir de uma nação hoje livre é pertinente, mas não podemos nos esquecer de prestar nosso preito em gratidão por aquele que nos faz homens e mulheres livres da condenação do pecado e nos garante vida eterna: Jesus Cristo. A Ele toda honra e glória.
Rogério Machado é jornalista e pastor da Igreja Batista Boas Novas – Cd. Planejada II. prrogeriomachado@yahoo.com.br