Paulo Alberti Filho
A população bragantina sobrevivente aos anos 60 e 70, deve se lembrar do verso poético cunhado anonimamente, inspirado nas atuações precárias dos extintos Serviço Autônomo de Águas e Esgotos (SAAE) e Empresa Elétrica Bragantina, que retratava fielmente a situação que durou longos anos e agora ressuscitado pela Sabesp e Energisa.
É assim: Bragança cidade que me seduz; De dia falta água, de noite falta luz!
Quem diria que 65 anos depois desse verso, iria eu aqui, ter esse verso como inspiração para escrever este artigo. Realmente o futuro é imprevisível, apesar das cartomantes, ‘advinhológos’, empresários que prometem e não cumprem, políticos demagogos e outros que tais de plantão.
Pois então, não é que esses fatos estão acontecendo com mais frequência em nossa cidade. A cada tempestade, a cada vendaval ou até mesmo a cada chuvica de verão, a população bragantina, que nos anos 1960 era de 46.367 pessoas, entoava numa sofrida zombaria, o verso símbolo do abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica, hoje testemunha a mesma incompetência das empesas responsáveis pela tragédia anunciada.
Só que agora em pleno 2025, Bragança tem população de 185.688 habitantes, ou seja, 400,47% maior que a de 1960, e continuamos discutindo o mesmo problema de 65 anos passados. Quando era o SAAE a culpa era da Prefeitura, quando era a Empresa Elétrica a culpa era dela mesma e da oligarquia que a comandava, mas a vítima sempre será nós, povo.
Atualmente a Sabesp privatizada e a Energisa, sucessora do Grupo REDE que sucedeu a Empresa Elétrica Bragantina, que se dizem ultra modernizadas para distribuição, de água e energia, respectivamente, manutenção e socorros em casos de eventos climáticos, revelam a mesma incompetência das empresas antecessoras, para atender as necessidades do município há 65 anos passados. Tem bairro que sofre a falta constante de água. E a Sabesp não está nem ai! Que raio de modernização tecnológica é essa?
O prefeito Edmir Chedid, segundo fonte muito próxima, já estaria de saco cheio com os desmandos da Sabesp. Recentemente a Prefeitura autuou a Sabesp em mais de R$58 milhões por crimes ambientais (despejar esgoto em natura em ribeirão) e continua pressionando a empresa a corrigir sua atuação e obrigações para com o município. Mas parece que a Sabesp não cria vergonha.
A Energisa por sua vez, parece muito confortável administrando o atendimento à população, fornecimento de energia e suas obrigações de concessionária por controle remoto, tanto é que na tragédia anunciada ocorrida em Bragança na segunda-feira,22, não tinha equipes suficiente com competência para prestar socorro emergencial, embora tivesse anunciado na sexta-feira, 19, que estava preparada para a tempestade prevista.
A Energisa ignora a população que a sustenta. Limita-se a expedir lacônicas notas à imprensa. Se a Energisa tivesse o controle absoluto do que administra em Bragança saberia dos setores mais vulneráveis e, suas equipes de contingência fossem e baseadas em Bragança, a cidade não sofreria 24h e até 30h sem energia elétrica, ou ao menos informações que acalentasse, como a razoável previsão de retorno à normalidade. Mas nem isso, a resposta é sempre, sem previsão de retorno. A Energisa pode até estar tentando avançar na sua prestação de serviços, mas para melhorar precisa avançar muito.
Infelizmente, graças a Energisa e a Sabesp, depois e 65 anos vejo me aqui ridiculamente, recitando para meus leitor e leitora:
“ Bragança , cidade que me seduz,
De dia falta água, de noite falta luz! “
