O aumento de casos de dengue em todo território nacional, em especial em Bragança Paulista, escancara uma série de combinação de fatores que reacendeu o alerta sobre o avanço da dengue no Brasil. O período chuvoso e as temperaturas elevadas, já são os elementos tradicionais e alertados anualmente para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Para piorar ainda mais a situação, o ressurgimento, nos últimos anos, dos sorotipos 3 e 4 do vírus no país, forma um cenário preocupante. Porém, pelo menos em Bragança Paulista, o mais preocupante é o relaxamento e a falta de consciência da população, que não evita o acúmulo de lixo e entulho nas ruas e nos terrenos da cidade, facilitando a formação de criadouros do mosquito transmissor. Para se ter ideia, o Ministério da Saúde estima que neste ano o número de casos da doença chegue a 5 milhões. Até sexta-feira, 23 de fevereiro, Bragança Paulista tinha 1.553 notificações e 954 casos positivos para dengue, uma morte confirmada e um caso em investigação. Os bairros com maiores incidências de casos são: Jardim Recreio, Jardim Águas Claras, Vila Bianchi, Júlio Mesquita, Matadouro, Jardim Fraternidade, Hípica Jaguari, Jardim São Miguel e Vila Municipal.
Para evitar um cenário pior, a administração municipal tem feito campanhas para evitar os criadouros e arrastões parta eliminar a sujeira deixada nas ruas. Nessa semana, por exemplo, foram retirados dezenas de caminhões lotados de entulho, como no Green Park, onde foram removidos cerca de 12 caminhões de entulho em apenas um terreno. Dentre a sujeira, diversas garrafas pets contendo água parada e pequenos focos de larvas do mosquito, cenas que infelizmente são recorrentes em quase todos os bairros da cidade.
A Prefeitura Municipal alerta que “Evitar a proliferação do vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, segue como medida mais eficaz. Dessa forma, é preciso empenho da sociedade para eliminar os criadouros com medidas simples e que podem ser implementadas na rotina como tampar caixas d’água e outros reservatórios, higienizar potes de água de animais de estimação, tampar ralos e pias, entre outros.”, afirma nota da SECOM. A população pode fazer denúncias de possíveis focos do mosquito da dengue através do e-mail: bragancacontradengue@gmail.com ou pelo número (11) 4033-0283.
Outra medida de combate é a nebulização veicular, que aplica inseticida com o objetivo de eliminar o mosquito adulto transmissor da dengue e reduzir o número de casos positivos pela doença. Durante a aplicação as pessoas não devem sair de casa. Quando ouvir a sirene, as pessoas devem abrir portas e janelas deixando as cortinas abertas. É importante isolar-se em um cômodo por 30 minutos animais e seus bebedouros, crianças, idosos e pessoas com asma e bronquite.
Também estão sendo realizadas visitas casa a casa; bloqueio de controle de criadouros, que identifica-se na casa ou num raio de 300 metros do caso suspeito de dengue, há focos do mosquito; utilização de larvicida para não deixar o mosquito nascer; coleta e análise de larvas; visitas a pontos estratégicos e imóveis especiais como borracharias, desmanches, sucateiros; nas feiras do Posto de Monta e do Taboão há a distribuição de folders e conscientização com a presença do “Mosquito da Dengue”, arrastão de limpeza entre outros.
Sintomas – Os principais sintomas da dengue são: febre alta (acima de 38ºC), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo são os sintomas mais comuns. No entanto, a infecção por dengue também pode ser assintomática ou apresentar quadros leves. A pessoa que apresentar algum dos sintomas acima, deve procurar por um dos serviços de saúde, sendo: UPA Bom Jesus, UPA Vila David ou Complexo Hospitalar Santa Casa.
Detecção precoce pode evitar complicações
A detecção precoce é fundamental para iniciar um tratamento adequado e evitar complicações e desfechos mais graves da doença, conforme informa o infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Alexandre Cunha. Para isso, o médico destaca o teste rápido, que faz esse diagnóstico na fase aguda e ativa da doença. “Especialmente indicado nos primeiros dias de sintomas, o exame tem como diferencial identificar a presença da proteína NS1 (Non-Structural Protein 1) durante os estágios iniciais da infecção”, detalha.
Uma das principais vantagens deste teste é a rapidez com que fornece resultados. “O exame de Dengue NS1 oferece diagnósticos em um tempo significativamente menor, permitindo intervenções médicas mais rápidas e eficazes, importantes devido à urgência do diagnóstico”, explica. Cunha explica, ainda, que o método permite diagnosticar a dengue independentemente do tipo do vírus que infectou o paciente (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 – todos em circulação atualmente no Brasil). A sensibilidade do teste NS1 é mais alta no terceiro dia de febre e diminui gradualmente até que se inicie a produção de anticorpos e, com isso, a neutralização do antígeno.
Outros exames tradicionais de sorologia podem identificar a infecção depois do quinto dia de sintomas até o período de recuperação da doença. Eles são realizados com base na detecção dos anticorpos IgM e IgG, que só são produzidos pelo organismo contaminado após o 4º ou 5º dia do aparecimento dos primeiros sintomas. “Quando o NS1 já não está mais presente e há a suspeita da doença persistente ou em pessoas com mais de cinco a sete dias de sintomas, recomenda-se a pesquisa de anticorpos IgM”, esclarece.
Segundo o infectologista, nos exames tradicionais, os anticorpos IgM não ficam positivos em uma infecção por um segundo sorotipo, que são justamente os casos de maior risco de complicações