Uma corrida que seria corriqueira terminou de forma trágica para o motorista José Ezequiel Moreira, de 62 anos, na manhã de terça-feira (31). Ele foi morto a facadas por Barbara F. S. S., de 21 anos, que inicialmente afirmou que o motorista tentou violentá-la, porém, a história mudou e algumas inconsistências em seu depoimento, somados as provas coletadas, mudaram o rumo da história e o que, a princípio, era um homicídio em legítima defesa passou a ser um homicídio doloso qualificado com a falta de chance de a vítima se defender. Segundo Dr. Rogério dos Santos Gimenes, delegado que atendeu o caso, as versões apresentadas pela mulher não configuram uma ação em legítima defesa. Isso porque em seu depoimento ela relata que em nenhum momento José Ezequiel fez menção ou tentou algo para realizar uma agressão sexual, ela apenas “deduziu” que ele ia estuprá-la e o atacou.
Agora o caso agora será apurado pela Central de Polícia Judiciária – CPJ, sob a batuta da delegada Dra. Nágya Cássia de Andrade, que já iniciou as apurações iniciais do caso. A GB apurou informações apontam que o crime foi premeditado pela jovem e agora a polícia busca apenas saber a motivação do homicídio. Ela passou por audiência de custódia, que a manteve presa preventivamente.
O crime – Conforme apurado pela reportagem da GB, naquela manhã, Bárbara acionou o motorista de aplicativo que a pegou em sua casa no Guaripocaba, por volta das 10h. O destino seria a cidade de Pinhalzinho, onde ela iria visitar a avó. Segundo relatos de Bárbara, durante a corrida ela notou que José Ezequiel fez um caminho diferente, pela estrada Municipal Fernando Frias Fernandes, tendo ele dito a ela que essa estrada sairia na cidade de Pedra Bela, de onde ele seguiria para Pinhalzinho. Em dado momento, Bárbara alegou estar passando mal e pediu para que José Ezequiel parasse o veículo porque ela queria vomitar. Ele estacionou o veículo na estrada Capitão Aviador André Lócio e Silva Rouquet, uma estrada paralela que dá acesso a duas fazendas, e ela desceu. Ela disse em seu depoimento que enquanto se recuperava na parte de trás do carro, o motorista apareceu repentinamente e abriu o porta-malas. Nesse momento ela viu uma faca grande e “deduzindo” que seria violentada sexualmente, o abordou por trás, o empurrou e pegou a faca. José Ezequiel então se virou para ela, que disse ter se assustado e desferido uma facada nele, na parte da frente do corpo. Ela relata ainda que após ser golpeado, o motorista a segurou pelos braços e, atracados, foram em direção a parte da frente do carro, parando ao lado da porta do motorista. A mulher então conseguiu soltar a mão que segurava a faca e desferiu outro golpe o atingindo na barriga. Bárbara ainda disse que após isso, o motorista se apossou de um pedaço de madeira e foi atrás dela, momento em que ela saiu correndo e pediu auxílio em uma fazenda próxima aos fatos.
A Polícia Militar foi acionada e encontrou a mulher em um bar da estrada Fernando Frias Fernandes e a levou de volta ao local dos fatos, onde ela pegou a faca e entregou aos policiais.
Bárbara relatou que já fez mais de 40 corridas com José Ezequiel. Segundo B.O., quando foi detida, ela não usava roupa intima e levava sua calcinha no bolso de sua blusa e em sua mochila foram encontradas algumas peças de roupa e produtos eróticos como “spray” (perfume de calcinha) e um frasco de gel lubrificante íntimo, todos apreendidos.
Inconsistências – O relato da jovem em seu depoimento apresentou conflito com a versão apresentada à Polícia Militar. Aos PMs, ela relatou que José Ezequiel teria tentado estuprá-la, mas em seu depoimento formal na delegacia, falou que “em momento algum” ele disse que iria estuprá-la ou foi para cima dela com tal intenção, ela apenas relata que deduziu que seria violentada e o esfaqueou. Além disso, o motorista apresentava lesões por golpe de faca no tórax, nas costas e nos braços, que segundo boletim de ocorrência, seriam lesões de defesa. Seu corpo foi encontrado no dentro do veículo, sentado no banco do motorista caído sobre o banco do passageiro. O Boletim de Ocorrência, aponta que ele era obeso e tinha problemas de locomoção. Informações coletadas pela reportagem junto a pessoas que estiveram na cena do crime apontam que José Ezequiel tinha as pernas bastante inchadas, provavelmente devido a problemas de circulação. Outro fator ressaltado no registro da ocorrência é de que a posição em que o veículo estava sugeria que seu condutor teria perdido o controle de direção enquanto o dirigia. Entre os pertences de José Ezequiel, os policiais encontraram a quantia R$ 2.384,00, em espécie, que foram apreendidos.
Outro fato apurado pela reportagem é de que não foram vistas marcas de sangue no entorno do veículo, porém, isso só será confirmado após conclusão do laudo da perícia feita pelo Instituto de Criminalística da Polícia Científica. A faca usada no crime e o carro de José Ezequiel, um chevrolet/Onix, foram apreendidos e serão periciados.