Nenhuma das partidas disputadas pelo Bragantino no Campeonato Brasileiro deste ano foi tão reveladora quanto a derrota para o Santos, na noite de segunda-feira (17), no Estádio Nabi Abi Chedid. O placar de 2 x 0 foi apenas um coadjuvante em todo o processo que o Massa Bruta vem enfrentando, de algum tempo.
O jogo em si foi muito ruim. No primeiro tempo, autêntica pelada, com apenas um chute perigoso de Helinho, que pegou no travessão. Fora isso, muitas faltas de ambos os lados, passes errados, setor de meio-campo sem criatividade e arbitragem confusa. Mais parecia treino.
A etapa complementar foi um pouco melhor, com o Santos demonstrando atitude em busca do gol, que veio logo aos 5 minutos, através de Camacho. A jogada teve início com Aderlan perdendo a bola no meio-campo para Lucas Barbosa que tocou para Camacho. Este viu Lucas Braga avançando pela esquerda e fez o passe, recebendo de volta já dentro da área para concluir sem chance de defesa para Cleiton.
O Bragantino se viu obrigado a correr mais diante da vantagem santista, porém o fez de forma desordenada, na base de jogadas individuais. Aos 15’ uma cabeçada de Popó passou rente à trave, mas aos 23’ um banho de água fria nas pretensões do time de Barbieri. O lateral Madson viu Ângelo entrando em diagonal e fez o passe. O atacante se livrou do zagueiro Natan com um drible desconcertante e com categoria tocou no canto direito de Cleiton.
A partir daí a coisa degringolou de vez. O técnico Barbieri fez substituições em profusão, e faria até mais de cinco se o regulamento permitisse, tamanha a ruindade daqueles que estavam em campo. Algo do tipo ‘jogou as camisas para o alto e quem as pegou entrou em campo’.
O Santos passou a administrar a vantagem diante do desespero do Bragantino, que tinha apenas Artur com vontade plena de jogar. No final, em lambança do péssimo árbitro Paulo César Zanovelli, foi assinalado um pênalti para o Peixe, com direito a cartão amarelo ao lateral Ramon, porém o VAR indicou que o lance faltoso não existiu.
Rachado – O lateral Luan Cândido, que enterrou o Bragantino no Maracanã diante do Flamengo, ao ser expulso aos 5 minutos de jogo, no jogo de ontem, ao ser substituído, recusou a mão estendida do técnico Barbieri e foi além, fez gestos obscenos ao mostrar o dedo médio à torcida. Atleta indisciplinado, e que chegou ao total descontrole nesta segunda-feira, diante da inércia da diretoria. Sinal inequívoco de que o elenco tá rachado, o técnico perdeu o comando, situação que já vem sendo relatada pela GB há várias semanas.
Embora alguns estatísticos enxerguem em suas ‘bolas de cristal’ que o Bragantino não cai, é bom rever esses palpites, pois o futebol que vem mostrando é um indicativo de que a Zona do Rebaixamento é logo ali. Há sim perigo de voltar à Série B, se não houver uma mudança radical no vestiário.
A diretoria precisa fazer muito mais do que cara de paisagem e apenas olhar o que está acontecendo.
Atuações – Exceção feita a Cleiton, sem culpa nos gols, ao zagueiro Kevin Lomônaco, que deveria ter sido titular, e Artur, único com vontade de buscar o resultado, o restante parecia um time formado por jogadores que se conheceram no vestiário, momentos antes de entrar em campo.
O zagueiro Natan, pelo segundo jogo consecutivo, levou um drible inaceitável que resultou em gol do adversário. O atacante Popó parece ser muito bom dentro da área. Fora dela, nem tanto. Portanto, há que se criar um esquema de jogo para aproveitá-lo no espaço em que joga melhor.
Não há mais como defender o técnico Maurício Barbieri. Teve seus dias de glória, mostrou bom conhecimento de futebol, mas seu ciclo chegou ao fim. Nem o respeito de alguns jogadores parece ter mais, a começar por Luan Cândido. Hora de buscar novos ares.
O time volta a campo no próximo sábado (22), novamente em Bragança, diante do Furacão. Até lá, algumas novenas e rezas fortes podem ajudar o Massa Bruta.
BRAGANTINO 0 x 2 SANTOS
Campeonato Brasileiro Série A – 32ª Rodada
Local: Estádio Nabi Abi Chedid, Bragança Paulista (SP)
Data: 17 de outubro de 2022 (segunda-feira, 20 horas)
Árbitro: Paulo César Zanovelli (MG) – Assistentes: Guilherme Dias Camilo (MG) e Felipe Alan Costa de Oliveira (MG)
Público: 6.705 pagantes – Renda: R$ 243.900,00
Cartões amarelos: Aderlan, Léo Realpe e Popó (Bragantino) e Bauermann, Rodrigo Fernández, Ângelo e Vinícius Zanocelo (Santos)
Cartão vermelho: Lucas Evangelista (Bragantino)
Gols: Camacho aos 50’ e Ângelo aos 68’ (Santos)
BRAGANTINO: Cleiton; Aderlan, Léo Realpe (Lomônaco), Natan e Luan Cândido (Sorriso); Raul (Bruninho), Lucas Evangelista e Eric Ramires (Guilherme Santos); Artur, Popó e Helinho (Ramon). Técnico: Maurício Barbieri.
SANTOS: João Paulo; Nathan (Madson), Luiz Felipe, Eduardo Bauermann e Felipe Jonathan; Rodrigo Fernández, Camacho e Ed Carlos (Sandry); Ângelo, Marcos Leonardo (Lucas Barbosa) e Lucas Braga (Vinícius Zanocelo). Técnico: Orlando Ribeiro.