Estamos há quase dois anos vivendo a pandemia causada pelo vírus SARS- COV1 ou Covid-19, e me lembro que lá no início, aqui no Brasil, em meados de março de 2020, claramente ninguém acreditava que aquela situação fosse se transformar na tragédia que acometeu o mundo com essa doença, e que perduraria até os dias de hoje. São mais de 400 milhões de pessoas infectadas no mundo, 5,7 milhões de mortes.
No Brasil, já são 26,9 milhões de pessoas infectadas e mais de 635 mil mortes. Olhando para o nosso micromundo bragantino, já passamos dos 30 mil infectados e de 600 mortes. São 600 famílias de luto por causa dessa doença, uma realidade dura e triste que escancarou o despreparo das autoridades para lidar com isso. Mais de 100 anos após a última pandemia (Peste Negra) e num mundo infinitamente diferente, em 1908. Mesmo com toda tecnologia, não soubemos agir para evitar esses números assustadores. A ciência, na qual particularmente acredito muito, mesmo com os esforços, também não conseguiu ser ágil e eficaz o suficiente para poupar 5,7 milhões de famílias de enterrar seus entes. O que se viu foi desencontro de informações, insegurança, medidas ineficazes, medo.
Diante do caos instalado, diante de mortes, falências econômicas, falências emocionais e psicológicas, a humanidade mostrou – em sua maioria – que não está preparada para ser humana, mesmo que esteja tentando há cerca de 200 mil anos.
Lá em 2020 falava-se que o mundo respirava com as pessoas em casa, havia menos poluição, havia uma valorização das pessoas e das relações com o distanciamento obrigatório. Ah! Seria lindo, se não tivesse sido tão trágico. Agora o tempo passou, ninguém mais fala da saúde do planeta (exceto os ativistas que travam uma luta difícil), da importância das relações pessoais-presenciais.
O mundo virtual ficou mais evidente no dia-dia da população que, cada vez mais, dependente da realidade tecnológica e adoece. A humanidade não está apta para ter sanidade num mundo virtual, isso é claro, e ainda agora estão colocando o Metaverso na vida das pessoas – e eu achando que isso era apenas mais um filme hollywoodiano.
A humanidade não consegue nem aprender com os próprios erros e com todas as evidências escancaradas, imagina ter 2 vidas, uma no Metaverso e outra aqui na realidade nua e crua. As pessoas simplesmente não se interessam em aprender, se interessam em criar avatares, vida fictícia e em dar opiniões rasas sobre assuntos que ferem e maltratam outras pessoas.
Um exemplo mais recente é que 77 anos depois de um dos episódios mais cruéis da humanidade, debate-se nazismo! É inacreditável ter que explicar porque o nazismo é proibido, porque não há espaço para esse regime. Nem cabe entrar no mérito da questão, neste espaço, mas onde quero chegar é que a humanidade está insana. Não aprende com as barbáries diárias que nos cercam. É violência na rua e em casa, é doença que ninguém sabe ao certo o que fazer, é economia indo ralo abaixo, é corrupção, é fome, é desemprego, é preconceito de todo tipo, é meio ambiente negligenciado, é uma infinidade de coisas que mostram, para mim, que a humanidade deu muito errado.
Poderíamos fazer diferente, aprender com os desafios, com os erros, ter humanidade, compaixão, solidariedade, respeito. Mas não, a maioria quer entrar na internet e ler os títulos, ir lá opinar sobre o que acha que sabe, dar um like ou cancelar alguém. Me sinto cada vez mais no Don’t Look Up, só aguardando o meteoro.