Mesmo com a ampliação dos dias com precipitações, natural para esse período, o mês de dezembro de 2021 apresentou volume de chuva 30,9% abaixo do esperado. No fechamento dos registros pluviométricos de todos os meses, o ano passado seguiu a tendência que tem se verificado na segunda metade dessa década, e registrou 23,13% menos chuva do que apontam as médias históricas.
Com menos chuva, os rios acabam sofrendo o impacto desse fenômeno e diminuem as suas vazões, acarretando menor oferta hídrica. Alguns rios chegaram a apresentar vazões 67,5% menores do que o normal.
Esses são alguns dos dados revelados pelo recente Boletim da Disponibilidade Hídrica das Bacias PCJ, emitido pelo Consórcio PCJ, com objetivo de alertar municípios e empresas associados à entidade, além da comunidade, sobre a situação hídrica da região, atentando para medidas que devem ser tomadas para se preparar para possíveis momentos de escassez.
O documento relata, também, que as chuvas no Sistema Cantareira, importante manancial para as Bacias PCJ e a Grande São Paulo, foram as menores já registradas para períodos sem crises hídricas, desde o ano 2000. O ano de 2021 registrou 1.087,60 mm, quando a média histórica prevê 1.504,80 mm. Esse número só não foi pior que o de 2014, durante a mais grave crise hídrica já registrada, quando o acumulado do ano foi de 964,90 mm.
Capacidade – Esse comportamento refletiu ainda na capacidade do sistema se recuperar. Mesmo com o início do verão e da temporada de chuvas, o Cantareira seguiu sua tendência de queda do volume útil reservado, passando de 25,90% para 24,85%. Os técnicos do Consórcio PCJ ressaltam a importância para que o período úmido atual registre boas precipitações, pois, a possibilidade de crise hídrica em 2022 só poderá ser afastada se os reservatórios do Cantareira se recuperarem e atingirem 60% de reservação até o início da estiagem, que ocorre na segunda quinzena de abril.
Porém, as previsões do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPETC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) não são nada animadoras. Os dados para o primeiro trimestre de 2022 apontam que podem ocorrer chuvas abaixo das médias históricas no Estado de São Paulo, portanto, nas Bacias PCJ também.
O Boletim do Consórcio PCJ alerta que os efeitos da baixa disponibilidade hídrica foram expressivos e persistentes nas Bacias PCJ no último ano e, desse modo, os técnicos de gestão de recursos hídricos estão alertas e cautelosos para o período hidrológico úmido, que conforme a outorga de 2017, deve durar até maio de 2022.
A entidade recomenda atenção e indica que campanhas de racionalização sejam intensificadas mesmo durante o verão, já que chuvas acontecerão, mas, podem não ser suficientes para a recarga dos mananciais das Bacias PCJ. Cada gota de água deve ser armazenada durante o período chuvoso para que se tenha como atravessar a estiagem de 2022.
Medidas estruturais como implantação e ampliação de bacias de retenção e piscinões ecológicos devem ser mantidas para tentar aumentar o máximo o nível de recarga do lençol freático e nascentes.
A comunidade deve estar preparada para tomar medidas de contingenciamento durante a estiagem, caso precipitações abaixo da média se intensifiquem em 2022.