A ineficiência tirou do Bragantino o sonho de conquistar seu primeiro título continental na tarde de sábado (20), em Montevidéu, no Uruguai. A equipe perdeu para o Athletico Paranaense que à rigor chegou com perigo à meta de Cleiton justamente no lance que originou o gol do título. O Furacão foi eficiente na marcação, anulou alguns dos principais jogadores do Braga e garantiu a segunda conquista do torneio.
O Massa Bruta começou com mais posse de bola, porém não conseguia jogadas mais agudas, que levassem perigo à meta do goleiro Santos. As duas melhores oportunidades foram criadas por Cuello, na cobrança de um escanteio, e na sequência da jogada em chute que passou rente ao poste esquerdo.
Na única vez que conseguiu articular jogada dentro da área do Bragantino, o time atleticano chegou ao gol. Aos 28 minutos Terans foi lançado na esquerda, Aderlan tentou cortar a trajetória da bola e ‘furou’ e o atacante bateu para defesa de Cleiton, que deu rebote e Nikão, sem ser incomodado por Edimar, de voleio, mandou a bola no canto direito, que ainda bateu na trave antes de entrar.
O principal problema do esquema tático foi o meia Praxedes. Colocado para flutuar entre a intermediária e a grande área atleticana, sem a obrigação de voltar e ajudar na marcação, não deu certo. Não executou bem essa tarefa e contou com os ineficientes companheiros de frente que não conseguiram segurar os dois laterais do Athletico, fundamentais no esquema rubro-negro. Praxedes foi lento, previsível e errou muitos passes. Isso de certa forma facilitou o setor defensivo do adversário, que se sentiu seguro a ponto de abdicar das jogadas ofensivas.
O Bragantino voltou do intervalo disposto a reverter o placar, porém a dinâmica pouco mudou. O time cometeu os mesmos erros, abusou dos cruzamentos (chuveirinhos) para o interior da área do Athletico e consagrou o trio de zagueiros. Teve maior posse de bola, mas não a capacidade de furar o bloqueio defensivo. O Furacão, por sua vez, se limitou a jogar na base dos contra-ataques rápidos, também sem sucesso.
O técnico Maurício Barbieri só começou a substituir jogadores a partir dos 30 minutos, pois sabe como ninguém a qualidade do que tem no banco, jogadores fracos e incapazes de mudar qualquer situação de jogo. E isso mais uma vez se confirmou.
Título merecido do Furacão? De jeito nenhum. O empate nos 90 minutos teria sido mais justo, porém o Bragantino não conseguiu se desvencilhar do esquema de marcação do técnico Alberto Valentim e viu seus jogadores mais importantes anulados e em tarde pouca inspirada, casos de Artur, Ytalo e Helinho.
De todo modo, a se elogiar a campanha que o Bragantino realizou durante toda a competição. Com um elenco mais qualificado, quem sabe teria conquistado o título.
Público – Foi a final da Sul-Americana com menor público desde a primeira edição do torneio. O estádio, que tem capacidade para 65 mil torcedores, teve apenas 10% de ocupação (6.173 pagantes), um vexame para a Conmebol, que em se tratando de uma final brasileira errou em colocar o ingresso mais barato ao custo de U$ 100 (R$ 570), para uma partida fora do País, ou seja, que implicou em outros gastos, como transporte, alimentação e hotel.
E como errar pouco é bobagem, os torcedores que ficaram no Brasil tiveram dificuldade em assistir à partida, já que a transmissão foi feita apenas pela Conmebol TV, um serviço por assinatura pouco popular no País.
ATUAÇÕES
Cleiton: Sem culpa no gol, uma ou outra defesa e não foi incomodado na maior parte do tempo. Nota 6,0.
Aderlan: Furou bisonhamente no gol atleticano e não teve a mesma eficiência de outras partidas no apoio ao ataque. Nota 5,5.
Fabrício Bruno: Não teve muito trabalho, pois o Athletico incomodou pouco. Nota 6,5.
Léo Ortiz: No mesmo nível de seu companheiro de zaga, ainda tentou alguns lançamentos. Nota 6,5.
Edimar: Falhou no gol adversário ao assistir Nikão aproveitar o rebote e de voleio mandar às redes. Não foi mal ofensivamente. Nota 5,5.
Jadsom Silva: Demorou para encontrar o posicionamento correto em campo. Errou muitos passes. Nota 6,0.
Praxedes: Está devendo faz tempo. Não cumpriu o esquema tático que lhe foi encomendado, lento, dispersivo e errou muitos passes. Nota 5,0.
Helinho: Escalado fora de sua posição, passou o jogo procurando onde poderia render mais: no meio, na esquerda ou na direita. E não foi bem em nenhuma. Nota 5,5.
Artur: Dele se esperava ser decisivo, protagonista, mas foi presa fácil para o lateral Abner e depois tentou jogar pelo meio. Também não funcionou. Nota 5,5.
Ytalo: Se a bola não chega, não consegue cumprir sua tarefa de artilheiro. Tentou sair da área para ajudar na criação, mas também falhou. Nota 5,5.
Cuello: Foi o mais lúcido num time pouco criativo. Chegou duas vezes com perigo. Nota 7,0.
Barbieri: Sem um banco à altura, é difícil alterar a forma de jogar do time quando o esquema não funciona. Tentou, mas não conseguiu. Nota 6,5.
ATHLETICO 1 x 0 BRAGANTINO
Local: Estádio Centenário, em Montevidéu (URU)
Data: 20 de novembro de 2021 (sábado, 17h)
Árbitro: Andrés Matonte (URU) Assistentes: Martin Soppi (URU) e Carlos Barreiro (URU)
Público: 6.173 pagantes
Cartões amarelos: Léo Cittadini, Erick e Abner (Athletico) e Fabrício Bruno e Aderlan (Bragantino)
Gol: Nikão aos 28’ (Athletico)
ATHLETICO: Santos; Pedro Henrique, Thiago Heleno e Nico Hernández (Zé Ivaldo); Marcinho, Erick (Fernando Canesin), Léo Cittadini (Nicolas) e Abner; Nikão, Kayzer (Pedro Rocha) e Terans (Cristian). Técnico: Alberto Valentim.
Athletico:
BRAGANTINO: Cleiton; Aderlan, Fabrício Bruno, Léo Ortiz e Edimar (Luan Cândido); Jadsom Silva, Praxedes (Gabriel Novaes) e Helinho; Artur (Leandrinho), Ytalo (Hurtado) e Cuello (Alerrandro). Técnico: Maurício Barbieri.