Por Ana Paula Alberti
Desânimo, desespero, tristeza, incapacidade, revolta, raiva. Esses são os sentimentos que todo e qualquer cidadão brasileiro, com um mínimo de empatia, deve ter sentido nessa última semana, quando o país atingiu a horrível marca de mais de 2.300 mortes diárias em decorrência da covid-19. Somente em 2021, segundo o Portal da Transparência da Arpen – Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, são mais de 66.200 mortes pela doença registradas até o dia 10/03, liderando a causa morte entre os brasileiros, à frente de septicemia (24.546 mortes), pneumonia (24.292 mortes) e AVC (16.236 mortes).
Claro que uma pandemia iria causar danos colaterais severíssimos, como fechamento de estabelecimentos comerciais, restaurantes, indústrias, desemprego, evasão escolar, e tudo que a gente ouve diariamente em todos os meios de comunicação. Mas nunca devemos deixar de nos perguntar o quanto vale uma vida? O quanto vale o sofrimento de uma família? O quanto vale ficar em fila de espera por atendimento médico digno e justo? Quanto?
Este país sempre foi “torto”, filas de espera em hospitais sempre ocorreram, mas nunca em escala tão assustadora, nunca às custas de milhares de vidas. Nunca se viu tamanho esgotamento profissional. É triste e muito. Mas, enquanto a situação dependia apenas de governos e a função da população era cobrar, exigir, protestar, a coisa toda era diferente. Quem não precisava fechava os olhos.
Agora a situação mudou, os governos já não podem mais resolver sozinhos, precisam da população, que por sua vez parece ainda tem uma parcela que não entendeu a gravidade do que estamos vivendo.
Não há mais como negar que o esforço deve ser coletivo, que se todos não ajudarem, milhares de vidas ainda serão perdidas, milhares de mães, pais, avós, tios, irmãos, filhos irão chorar por suas perdas. Como isso não comove as pessoas que se negam a ver o que está diante de nós?
Comerciante tem culpa? Empresário tem culpa? Governo tem culpa? Claro que não! Mas tem responsabilidade, como cada um de nós. Ao governo cabe prover o atendimento de saúde a todos e mecanismos econômicos que dê suporte à população. E a nós, cidadãos, comerciantes, empresários, funcionários, cabe nos manter seguros, não disseminar o vírus, entender que isso pode matar uma pessoa que provavelmente nunca vimos e que isso vai destruir uma família, que pode matar os nossos. É lamentável, dói na alma, no físico, no bolso.
Mas se não houver união vai demorar ainda mais para que isso tudo passe e a normalidade seja restabelecida. A vacinação e a consciência são nossas armas de combate. A primeira temos que esperar, a segunda é de cada um de nós, usem-na! Mantenham-se seguros!