Por Ana Paula Alberti
A vacina finalmente foi liberada no Brasil, pelos menos essas primeiras doses emergenciais. Mas isso não nos isenta de responsabilidades, nem a nossas como cidadãos, e nem das autoridades políticas. O que me faz, como cidadã, a realizar breve análise do quadro municipal, que o nosso macro mundo no quesito pandemia.
As doses devem chegar amanhã na cidade, e seguir o cronograma, amplamente divulgado pelos órgãos federais e estaduais nos 29 postos de saúde, além do ônibus da saúde que deve atender a população rural. Tudo, segundo a prefeitura, muito bem planejado. Aliás, a prefeitura, que me parece sempre cumprir apenas uma ordem do governo Dória, como na brincadeira infantil “meu mestre mandou” e faz tudo como “recomenda” o Estado, manteve a cidade na Fase Amarela do Plano de Retomada que, convenhamos é um tanto quanto questionável, tanto do ponto de vista econômico, educacional, de saúde e social. Tenho certeza que é muito difícil atender todas as demandas, todos os setores, e satisfazer geral, porém há prioridades, e que fique claro é apenas a minha humilde opinião. E é aí que eu fico pensando com os meus botões.
Todos os dias, ou toda semana desde março do ano passado, ou seja, há 10 meses, nós ouvimos a importância do distanciamento, a não necessidade da máscara e depois a sua obrigatoriedade, o #fiqueemcasa, os prós vacinas, os contra vacinas, os prós Dória e os prós Bolsonaro, e os anti-todos. Isso é uma democracia, portanto justíssimo e necessário cada um ter a sua opinião, graças a Deus e com muita luta, podemos expressa-la. Mas o problema não é só o desencontro de informações de poderes públicos, órgãos científicos e dos cientistas e economistas de redes sociais, o problema mesmo é a vista grossa.
Aquele famoso, todo mundo sabe, mas finge que não sabe e está tudo certo. Tudo certo para quem? Nos últimos dias entre os dias 15 e 18, a cidade registrou sete mortes, totalizando ontem 114 óbitos, seis, dos sete vitimados, confirmados para Covid-19, um ainda está sendo analisado. Todas as vítimas com mais de 60 anos, e com comorbidades, o que me soa natural para a faixa etária. Afinal nosso corpo reage ao tempo, as vezes implacavelmente.
E aí a gente lê, assiste o governo do Estado, o “mestre”, recomendar que os municípios com mais de 80 % de leitos ocupados tenham medidas mais rigorosas para tentar conter um iminente colapso no sistema de saúde. E ai, de repente, resolveram parar de brincar de “o mestre mandou” e ignorar o “mestre”.
Bragança tem há semanas 100%, as vezes mais, dos leitos de UTI ocupados hoje são 96% e 90% dos leitos de enfermaria. Na semana passada foi anunciado um possível aumento de leitos para a região, mas nada ainda liberado. SETE pessoas morreram nos últimos quatro dias. E ainda assim estamos na fase amarela, uma espécie de não pode, mas pode.
Vou explicar, vejo, quase que diariamente, locais vendendo bebidas alcoólicas após as 20h, principalmente no Lago do Taboão, com jovens pelas ruas, sem distanciamento, sem máscaras, e nenhuma fiscalização, nenhuma. Vejo pessoas sentadas em restaurantes e bares, que não vendem o chopp após as 20h, mas passa a última às 19h50 para ver se ninguém quer mais nada e aí, vem um balde com 6 garrafas de cerveja na mesa. Vejo bares que tem espaço aberto e superlotados durante dia, mas pode apenas 40% da lotação, mas claramente está com sua lotação máxima, impossível de manter distanciamento.
Mas as pessoas precisam trabalhar, não é mesmo? Sim precisam. Mas também precisam ser responsáveis, com sua equipe, com seus clientes e com uma sociedade que não aguenta mais ficar em casa.
Por que Bragança não endureceu as medidas diante de seus números nada animadores, mesmo com as recomendações do “mestre”? Até quando os olhos serão fechados para o que todo mundo vê? Quantas mortes mais iremos contabilizar? Ou quanto doentes mais?
Fica aí a reflexão de uma cidadã, que tenta da melhor forma possível fazer a sua parte.