Quarta-feira, 18, foi o Dia Nacional de Combate ao Racismo, e Sexta-feira, 20, foi o Dia da Consciência Negra. As duas datas estão relacionadas com a opressão, dignidade, respeito e direitos dos negros no Brasil.
A primeira data é uma referência à Lei Afonso Arinos (Lei 1390/51 de 3 de julho de 1951), que tornou contravenção penal – hoje crime inafiançável – o racismo no Brasil. A lei, proposta pelo então deputado federal Afonso Arinos de Melo Franco, é considerada a primeira contra o racismo no país.
A segunda data é feriado municipal, por força da Lei de número nº 4099, de 04 de dezembro de 2009, que teve origem no Projeto de Lei nº 96/2009, de autoria dos vereadores Toninho Monteiro e Mário B. Silva. A Lei entrou em vigor em 1º de janeiro de 2010 e a data foi incluída no Calendário de Eventos do Município.
Sobre as duas datas citadas e a relação com a opressão, dignidade, respeito e direitos dos negros no Brasil muito poderia ser dito, entretanto quero citar um versículo bíblico “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas” – Atos 10:34, e reportar-me a um homem do século passado e seu sonho.
Martin Luther King Jr viveu entre os anos de 1929/68, nos Estados Unidos da América. Foi pastor batista em igrejas de negros no Alabama e na Geórgia. Líder de movimentos pelos direitos civis, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1964. Sua campanha abordava desde os direitos civis para a população negra até a crítica à guerra do Vietnã e a negligência da sociedade em relação aos pobres. Foi assassinado em Memphis, no Tennessee, em 14 de abril de 1968.
Pois bem, Luther King, escreveu e pronunciou um discurso para cerca de 250 mil pessoas, em Washington, capital dos Estados Unidos, no dia 28 de agosto de 1963, sobre seu sonho de ver uma sociedade em que todos seriam iguais sem distinção de cor e raça.
Reproduzo aqui parte da tradução desse discurso:
“Agora é hora de sair do vale escuro e desolado da segregação para o caminho iluminado da justiça racial… Agora é hora de transformar a justiça em realidade para todos os filhos de Deus.
Não devemos deixar que o nosso protesto criativo se degenere na violência física… Esta nova militância maravilhosa que engolfou a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos irmãos brancos… estão conscientes de que seus destinos estão ligados ao nosso destino. E estão conscientes de que sua liberdade está intrinsicamente ligada à nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos.
Eu tenho um sonho… Sonho que, um dia, os homens se ergam e percebam que são feitos para viver uns com os outros, como irmãos… ainda sonho que, um dia, todos os negros deste país, e todas as pessoas de cor do mundo, serão julgados com base no seu caráter, e não na cor da pele, e que todos os homens respeitarão a dignidade e o valor da personalidade humana.
Ainda sonho hoje que, um dia, as fábricas e as empresas paralisadas serão evangelizadas, os estômagos vazios serão fartos e a fraternidade será mais do que algumas palavras no fim de uma oração, e sim o primeiro assunto de todas as agendas legislativas.
Ainda sonho hoje que, um dia, a justiça jorrará como água e o direito será como um dia caudaloso… que, em todos os nossos estados e municípios, serão eleitos homens que praticarão a justiça, possuirão piedade e serão humildes ante Deus.
Ainda sonho hoje que, um dia, o cordeiro e o lobo ficarão lado a lado e todos os homens poderão sentar-se sob a sua vinha e sob a sua figueira, e ninguém sentirá medo… que, um dia todos os vales serão exaltados e todas as montanhas e colinas serão aplainadas, e a glória do Senhor será revelada, e toda a humanidade mortal a verá em conjunto.
Com essa fé, apressaremos a chegada do dia em que haverá paz na terra e boa vontade para com todos os homens. Será um dia de glória! As estrelas da manhã cantarão, e os filhos de Deus exultarão de alegria!”