Mesmo com as insistentes recomendações de se manterem em casa e sair apenas para o essencial, boa parte da população não ouviu, e o governador João Doria anunciou ontem a prorrogação da quarentena até 31 de maio para todo o Estado de São Paulo. A expectativa durante a semana de que a flexibilização ocorreria por regiões em etapas, veio por água a baixo após o governador em seu discurso anunciar um cenário desolador, lamentar a baixa taxa de isolamento na maioria das cidades, a crescente curva de casos e as mais de 3 mil mortes registradas no estado.
Diante da degradação da situação da saúde a reabertura da economia neste momento é colocar milhares de vidas em risco, disse Doria. “Quero reafirmar aqui, em nome de todos os secretários, retomaremos sim, tão logo possível, na hora certa, no momento adequado. Esse momento, o mais triste da história do nosso país, vai passar. Vai passar se todo mundo ajudar”, afirmou o governador, que sempre defendeu que todas as decisões estão baseadas na ciência e medicina. Lamentou ainda esse dia das mães, que será marcado por orações e solidariedade. “Neste ano será diferente. Será um dia de solidariedade, de oração pela vida, pelos brasileiros”, declarou Doria.
A decisão foi tomada na manhã de ontem após o governador se reunir com integrantes do Centro de Contingência ao Coronavírus e identificar que todas as regiões, mesmo as que tem o isolamento mais alto estão classificadas como áreas amarelas e vermelhas, o que indica que nenhum município atingiu as metas estabelecidas para a reabertura do comércio que se daria através do Plano São Paulo no dia 11 de maio. Entre as condições para a flexibilização está a queda na curva de contaminação, testagem massiva, alta taxa de isolamento social e disponibilidade de leitos. Segundo o governo nenhum desses critérios foi atingido.
Bragança como tem feito desde o início da situação de emergência segue as determinações do governo paulista e manterá a quarentena até dia 31 de maio. O município já vem tomando medidas para o enfrentamento da pandemia desde o dia 16 de março, como suspenção das aulas, fechamento de serviços não essenciais, prorrogação de impostos municipais, uso obrigatório de máscaras, desinfecção de ruas e prédios públicos, coletivas informativas diárias, montagem do Hospital de Campanha, contratação de leitos de UTI, aquisição de 11 mil testes para covid-19, entre outras inúmeras medidas. E mesmo com a insistência das autoridades de que para a flexibilização seria necessária a taxa de isolamento se manter em 50% ou mais, essa meta não foi atingida, e desde o dia 6 de abril o que se registrou na cidade é uma taxa baixa e que hoje está em 45%. Com a obrigatoriedade do uso de máscara no município desde o dia 27 de abril, a taxa tem caído gradativamente de 47% até chegar a 44% no último dia 04. No estado a meta também não foi atingida e se mantem em 47% de isolamento.
Quanto maior o tempo em que a taxa de distanciamento ficar abaixo de 55%, mais longa será a necessidade de manutenção da quarentena nos 645 municípios de São Paulo. Caso as taxas subam, a flexibilização para reabertura de atividades não essenciais poderá ser adotada a em junho.
Plano de retomada – O prefeito Jesus Chedid enviou ao governo do estado um oficio com o plano de retomada das atividades, apresentando todas as medidas conforme orientação do Ministério da Saúde e da OMS, adotadas na cidade antes mesmo das medidas anunciadas no Estado. O plano solicitou ao governador a inclusão de Bragança na flexibilização da quarentena.
O plano de retomada gradual de atividades dispõe de diretrizes para a retomada das atividades econômicas, seguindo protocolos de saúde, planos, campanhas educativas, medidas de prevenção e segurança, além das etapas sugeridas com prazos e condições para restabelecer a normalidade no município, sem deixar de se preocupar com o Coronavírus.
Mas com a prorrogação esse plano deve ser estudado pelo governo estadual conforme a evolução da crise.