A frase é do alemão Aby Sarburg. Sugere reflexão paralela ao nosso “o homem põe, Deus dispõe” ou “Deus escreve direito por linhas tortas”.
Pese embora a tentativa dos ateístas conquistarem adeptos para a sua não-crença, é difícil aceitar a explicação do acaso para tanto inesperado. A programação humana pode esmerar-se e tentar prever tudo. Nem sempre consegue concretizar o planejamento. Surge algo não previsto. Ou, se previsto, inviável de ocorrer.
Que o diga o Brasil. Quem imaginaria, à retomada do que se convencionou chamar “Democracia”, em 1985, assistiríamos a fatos surreais. Primeiro Presidente morto antes de tomar posse. Vice merecendo a esperança do povo, eterna companheira nas horas mais difíceis desta Terra de Santa Cruz.
O “caçador de marajás” destituído por algo que hoje seria julgado pelas Pequenas Causas, tão insignificante seria, em cotejo com o que veio depois. Um sociólogo refugiado por sua ideologia, consegue matar o monstro terrível que afligia todos os brasileiros – a inflação – e se torna Presidente da República. Adota práticas neoliberais que mais lembram um socialismo redutor das desigualdades.
Vê-se sucedido por um ex-operário, retirante do nordeste, com ojeriza a livros, mas inegável carisma. Detentor do último bastião de ética na política brasileira. E se contamina com o que há de pior nessa farsa partidária. A despeito de tudo, mora no coração de milhões. Faz a sucessora que não consegue conviver com o Parlamento e a República assiste, sem surpresa, a um segundo impeachment.
O vice que ela escolheu assume a Presidência. Quer implementar as reformas necessárias e vê-se impedido por ligações perigosas e sofre o maior repúdio que um chefe do Executivo já mereceu na “Nova” República.
O capitão reformado que acreditou nas redes sociais e falou a verdade que o povo queria ouvir desmantelou o esquema invencível até então, desprezou propaganda gratuita, não vendeu a alma para ter tempo na TV, prometeu quebrar o “toma lá, dá cá” da política brasileira. E chegou ao Planalto.
Quem acreditaria nisso há alguns anos atrás? No entanto, é o Brasil, que tem de encontrar seu destino, com a ajuda de Deus. Que cuidou não só dos detalhes, mas também do principal.