POLÍCIA ALERTA PESSOAS QUE ESTÃO COM SEUS CARROS EXPOSTOS NA LOJA E QUEIRAM RETIRÁ-LOS, OU AOS QUE SE SENTIRAM PREJUDICADOS, PARA QUE PROCUREM A LOJA NA SEGUNDA-FEIRA (13,) E CASO NÃO CONSIGAM CONTATO, FAÇAM BOLETIM DE OCORRÊNCIA NO PLANTÃO CENTRAL.
Ação da Central de Polícia Judiciária – CPJ, desencadeada na quarta-feira (8), sob o comando da delegada Dra. Nágya Cássia de Andrade, quebrou um esquema de financiamento fraudulento de veículos que acontecia na revendedora de veículos Carvanne, na Avenida Antônio Pires Pimentel. Segundo apurado pela GB, o responsável pela loja está sendo indiciado por estelionato, associação criminosa e falsidade ideológica, podendo até ser enquadrado em crime de fraude fiscal nas próximas etapas do processo. Ele ainda confessou a prática durante seu interrogatório, dizendo acreditar ser uma prática legal e comum no meio. Agora a equipe da CPJ investiga a grande quantidade de documentos apreendidos na ação e averigua ao todo quantas pessoas foram vítimas do esquema criminoso. A reportagem ainda apurou que o estelionatário agia através de laranjas para realizar alguns financiamentos, em outros usava seu próprio nome, e também em outros casos, fazia financiamento em nomes de clientes que sequer sabiam que estavam autorizando duas operações.
“Recebemos reclamações de vítimas que deixavam seus veículos na loja Carvanne para venda e depois de algum tempo tomavam conhecimento de que tinha financiamento sobre o veículo. Muitas das vezes das vezes as pessoas compravam o veículo que não tinha gravame (registro informativo, relatando ao Detran que o veículo está servindo como garantia de um financiamento até que seja totalmente quitado) e quando ia providenciar a transferência junto ao Detran, caia um financiamento nas pesquisas”, explicou a delegada titular da CPJ, Dra. Nágya Cássia de Andrade.
Inquéritos e a busca e apreensão
Diante das apurações sobre as reclamações, a delegada titular da CPJ instaurou alguns procedimentos e diante a uma certa quantidade de vítimas e tudo o que foi apurado representou pelo mandado de busca e apreensão, cumprido na quarta-feira (8). A ação contou com o apoio de um membro do Departamento Nacional de Trânsito – DETRAN, que realizou consultas dos veículos expostos e constatou que vários deles estavam com financiamentos ativos.
Durante a diligência, foram apreendidos vários documentos e equipamentos eletrônicos como notebooks e celulares, que foram encaminhados à perícia. “Foram apreendidos muitos carnês de financiamento de veículos e que agora serão objetos de investigação e vão alicerçar nossos procedimentos até mesmo para a produção de provas” disse a delegada.
A titular da CPJ explicou que funcionários e o proprietário da loja foram levados a sede da CPJ e prestaram esclarecimentos, confirmando que quando o veículo está em consignação na loja para venda são feitos financiamentos em nomes de “parceiros”, mais conhecidos no linguajar popular como “laranjas”. “Ele (proprietário da loja) precisa de capital de giro e acaba inserindo o financiamento desses veículos em nomes de parceiros dele. Depois ele se encarrega de fazer a quitação desse financiamento, transfere para o nome dessa pessoa parceira e depois efetua a venda do veículo”, revelou a delegada. Isso se torna um “ciclo sem fim” e traz um grande capital de forma fraudulenta para o proprietário, tendo em vista que a loja abriga dezenas de veículos, muitos deles de luxo, com valores superiores à R$ 100 mil.
Como funciona o golpe
A investigação teve início após a Central de Polícia Judiciária – CPJ – receber denúncias sobre a fraude. Durante os trabalhos, os investigadores apuraram alguns dos “modus operandis” do estelionatário. Em um dos casos a vítima havia deixado seu veículo na loja para venda e depois de algum tempo, ao notar que o veículo estava empacado, decidiu tirá-lo de lá. Porém, foi surpreendida com um financiamento de seu veículo em nome de outra pessoa, constatando ainda que o contrato estava com parcelas atrasadas. Também há informações sobre uma outra, que comprou um veículo na loja e ao realizar a transferência no Detran verificou que o veículo já estava financiado em nome de outra pessoa. Nessa modalidade do golpe, o proprietário da loja usava o nome de “laranjas” ofertando a eles uma “esmola”, de cerca de R$ 4 ou 5 mil, e fazendo em seus nomes contratos de financiamentos superiores à R$ 100 mil. A polícia ainda apurou junto a uma outra vítima que comprou um veículo na loja, e mais tarde, em consultas, encontrou um financiamento de outro veículo, que ela desconhece, em seu nome. Neste modo, a suspeita da polícia é de que o estelionatário fazia as pesquisas de praxe sobre a aprovação de financiamentos em mais de uma instituição financeira e depois, com a aprovação, financiava o carro que a vítima do golpe se interessou e um outro veículo de seu mostruário, sem o conhecimento da pessoa, colocando em meio a papelada para assinar os dois documentos de financiamento.
“As vítimas fizeram Boletim de Ocorrência por estelionato, chegaram a procurar o responsável pela empresa e ele enrolava ou dizia que quitaria totalmente ou algumas parcelas do financiamento, justamente para não gerar busca e apreensão”, finalizou a delegada, que revelou que as investigações continuam.