Preocupação que afeta a Justiça Eleitoral e os candidatos nas eleições de outubro vindouro faz referência aos altos índices de abstenção verificados nas últimas três eleições presidenciais, que sinalizam seguir com viés de alta em 2022, situação que ignora até mesmo a polarização entre candidatos, o que teoricamente seria um incentivo ao voto. Pelo que se tem observado, o quadro atual parece incapaz de frear a fuga de eleitores.
Em Bragança os que se abstêm de votar crescem de modo expressivo. Em 2010, foram 18.426 eleitores que não compareceram às urnas, o equivalente a 16,83% do colégio eleitoral. No pleito seguinte, 2014, os dados oficiais mostraram que 19,04% (22.460 eleitores) não saíram de casa para escolher candidatos. Entre uma eleição e outra, 11,7% de alta entre os que abdicaram do voto.
O crescimento não parou por aí: que no pleito de 2018, a abstenção subiu para 22,13% (27.709 eleitores), total superior à soma das votações obtidas pelos presidenciáveis Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT). Na comparação entre 2014 e 2018, as abstenções foram 19% maiores.
Brancos e nulos – O descontentamento do eleitor com a classe política também se estende aos que votam em branco e anulam o voto. Em 2010, foram 3.774 (4,15%) votos nulos e 3.143 (3,45%) votos em brancos. Na soma com as abstenções, 25.343 sufrágios não computados, que representaram 24,43%, ou seja, próximo de um quarto do colégio eleitoral bragantino.
Quatro anos depois, em 2014, foram 4.400 eleitores que anularam o voto (4,61%) e 3.724 que votaram em branco (3,90%). Juntando-se às abstenções, foram 30.584 (27,55%) eleitores que não escolheram candidatos.
Em 2018, os votos nulos somaram 5.411 (5,55%) e os brancos, 3.314 (3,40%). No total geral, brancos + nulos + abstenções, 31,08% (36.434) que optaram por não votar em ninguém, número próximo de 1/3 dos total de eleitores da cidade.
Maior número – A expectativa para as eleições de outubro próximo é que o eleitor, cansado de tanto escândalo, tanta roubalheira e corrupção, deixe de ir às urnas em maior número.
Por outro lado, os candidatos e partidos devem considerar que é direito legal e legítimo do eleitor fazer a escolha a partir do julgamento político. Faltar às urnas, votar branco ou nulo também é uma escolha. Cabe à classe política trabalhar em prol do bem-estar social e não de seus interesses pessoais, para que o eleitor tenha bons motivos para votar e escolher um candidato que represente seus anseios.
ABSTENÇÃO/BRAGANÇA
Eleições de 2010
Abstenção 18.426 (16,83%)
Votos nulos 3.774 (4,15%)
Votos brancos 3.143 (3,45%)
Total 25.343 24,43%
Eleições 2014
Abstenção 22.460 (19,04%)
Votos nulos 4.400 (4,61%)
Votos brancos 3.724 (3,90%)
Total 30.584 27,55%
Eleições 2018
Abstenção 27.709 (22,13%)
Votos nulos 5.411 (5,55%)
Votos brancos 3.314 (3,40%)
Total 36.434 31,08%