O caro leitor e eleitor, que até 2019 enfrentou forte calor em filas quilométricas para atender ao chamado da Justiça Eleitoral e se cadastrar biometricamente para ter direito a votar nas eleições de 2020, deve-se sentir novamente um idiota, pois o Superior Tribunal Eleitoral acaba de determinar que os títulos suspensos por falta de biometria, estão aptos a votar em outubro vindouro. Traduzido para o bom português significa: ‘os espertos’ que não perderam tempo com a nova tecnologia, vão continuar sem cadastro, mas perfeitamente liberados para o voto.
Só num País de piada pronta, como diz José Simão, ocorre esse tipo de situação. Criam-se mecanismos, obrigam eleitores ao cadastramento mas, como reza o ‘jeitinho’ brasileiro, se o chamado não foi atendido, não se preocupe, fica o dito pelo não dito.
Diante desse descalabro, tudo em nome da ‘tal democracia do TSE’, que se resume ao voto, é que os eleitores se sentem compelidos a não votar e só se permitem justificar ausência quando precisa do documento eleitoral para arrumar emprego público ou participar de concurso, que obtém mediante o pagamento de uma multa de R$ 3,45. Não sem razão que a cada pleito diminui o interesse pelo comparecimento às urnas. Assim como o preço do dólar e a inflação, a abstenção eleitoral cresce no mesmo ritmo.
E só num País com mentalidade tacanha, como a das nossas autoridades eleitorais, é que o voto ainda é obrigatório.
Para as eleições municipais de 2024 o amigo eleitor não se sinta de modo algum obrigado a comparecer ao cartório ou utilizar os canais do TSE para ficar em dia com a Justiça Eleitoral. Vai poder votar novamente sem cadastro biométrico, se isso for da vontade do cidadão.
Quem cumpriu com a convocação para a biometria perdeu um dia serviço em muitos casos, ficou por horas à fio debaixo de sol nas filas que se formaram e agora pode fazer bom uso de um antigo ditado: “nem tudo que reluz é ouro”, ou neste caso, em particular, “nem tudo que o TSE determina, vale”.
Esse imbróglio todo, como outros Brasil afora, tem um único culpado: a pandemia do coronavírus. Todas as desculpas e justificativas, inclusive para se burlar a lei, devem ser creditadas à pandemia. E não se espante o amigo leitor, isso ainda vai longe.