Rogério Machado
Há 58 anos, em 31 de março de 1964, em meio a grandes manifestações populares, os militares tomaram o poder no Brasil. É verdade que a turbulência social e econômica da época exigia mudanças, mas sair de uma democracia, ainda que frágil, para uma “ditadura”, com o pretexto de se evitar o comunismo e restaurar a ordem pública, ninguém esperava, nem desejava. A partir desse dia os militares passaram a governar o país com Atos Institucionais, o mais famoso deles o AI 5, que acabou inclusive com quase toda liberdade política.
Apesar das promessas iniciais de uma intervenção breve, o Regime Militar brasileiro, ou “Ditadura Militar”, durou 21 anos. Ele acabou quando José Sarney assumiu a presidência, o que deu início ao período conhecido como Nova República (ou Sexta República). Entre 1964 e 1985 o Brasil teve como presidentes Castelo Branco, Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo.
A “Ditadura Militar” brasileira nesses 21 anos trouxe consequências a diversas gerações. De políticos a intelectuais, de músicos a atores, de jornalistas a líderes sindicais, de estudantes a simples pais de família, todos eram suspeitos. Muitos foram perseguidos, fichados, presos, mortos ou exilados do país onde o lema era “Ame-o ou deixe-o”. Por que tudo isso teve que acontecer? Bem, essa resposta creio que nem mesmo a história tem.
Mas, durante esse período, apesar de tudo, ainda tínhamos nossas alegrias. “Para não dizer que não falei de flores” nem de “Domingo no Parque”, cito os Festivais de Música Popular Brasileira, transmitidos pela TV Record, e os Festivais Internacional de Canção, os programas Pullman Júnior e Almoço com as Estrelas, os desfiles cívicos, o futebol no campo e na quadra do Ferroviário Atlético Clube, as quermesses da Igreja do Bom Parto etc.
O tempo passou e ao chegar à faculdade, em 1979, as alegrias passaram a ser outras. Como estudante de jornalismo o envolvimento com as chamadas lutas de conquistas democráticas foi natural. Eram passeatas, manifestações dentro e fora do campus universitário, pichações temáticas, piquetes, reuniões políticas e tantas outras “alegrias” que só ficaram na memória.
Lutávamos por liberdade de imprensa, liberdade de manifestação, liberdade de expressão. Lutamos por direitos pessoais e estudantis. Lutamos tanto que conseguimos, em Mogi das Cruzes, a criação do primeiro Diretório Central dos Estudantes no Brasil, numa disputa que envolveu mais de 21.000 votos e “Chapas” encabeçadas por membros da “Liberdade e Luta”, “Convergência Socialista”, “MR 8” e grupos Trotskistas e Bakuninistas.
Isso tudo pouco representou para mim, ainda ansiava por liberdade. Mas, em 1984 consegui e alcancei a verdadeira liberdade. Foi nesse ano que conheci e me entreguei a Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador. Ah!… a liberdade que ansiava finalmente chegou. Liberdade física, financeira, emocional, espiritual. Livre do medo, da angústia, da escravidão, do pecado. Afinal, foi Jesus Cristo que disse: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará – Evangelho de João 8:32.
Mas que verdade é essa a qual Cristo se referia? Ele mesmo responde “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” – Evangelho de João 14:6. Pois bem, quem tem Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador não luta mais por “liberdades” porque foi “para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes” – Epístola aos Gálatas 5:1.
A verdadeira liberdade só encontramos em Jesus Cristo.
Rogério Machado é jornalista e Pastor da Igreja Batista Boas Novas – Cd Planejada 2.