WAGNER AZEVEDO
Desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República, depois da avalanche de escândalos de corrupção em todos os níveis que envolveram a classe política e seus antecessores no Palácio do Planalto, que os principais órgãos de imprensa e setores acomodados com o modus operandi da República enchem a boca para falar sobre democracia, e que corremos riscos de uma ditadura. Muito conveniente omitir que o atual presidente foi eleito pelo voto direto.
Conversa mole pra boi dormir, como diriam os mais velhos. A tal democracia, no Brasil, é observada apenas na hora da eleição, ou seja, voto direto para a escolha daqueles que durante quatro anos vão se locupletar do dinheiro do trabalhador. E só!
O cidadão sempre pergunta e questiona se de fato e de direito há democracia no atendimento à Saúde Pública; se ela existe na hora de reajustar salários de quem realmente produz neste País; se é observada quando pobres são presos ou mortos e negros perseguidos; se há condições de igualdade em concursos públicos, no tratamento aos idosos e às pessoas com deficiência, no fornecimento de remédios e cirurgias aos doentes.
Democracia é muito boa para quem faz uso de R$ 4,9 bilhões para financiar candidaturas, para governar em benefício próprio, para salários estratosféricos aos detentores de mandato, para contumazes ladrões e corruptos contratarem excelentes advogados e contar com o beneplácito do Judiciário, para bancar ótimos planos de saúde, para viagens ao exterior pagas pelo contribuinte e uma série de outras benesses que só a DEMOCRACIA é capaz de proporcionar aos poderosos, à classe dominante. E nesse particular, tanto faz ser de direita, de esquerda, de centro.
Chega a ser um ultraje assistir as propagandas do Tribunal Superior Eleitoral, como se as eleições fossem o remédio que o povo brasileiro precisa. A cara de pau das nossas autoridades é aviltante.
Novas eleições vão ocorrer em outubro deste ano e 1.627 cargos deverão ser preenchidos, todos pagos com dinheiro dos impostos. E mais um período de quatro anos se seguirá com prevalência daquele antigo ditado: “Tudo como dantes no quartel de Abrantes”, o que equivale dizer que os poderosos, em nome da democracia, vão seguir roubando, enchendo as burras, enquanto os incautos que os elegeram continuarão na miséria.
O que se vivencia no Brasil, com todo esse quadro, é a mais cruel ditadura disfarçada de democracia.
E nunca é demais lembrar uma frase lapidar do romancista norte-americano Charles Bukovski: “A diferença entre uma democracia e a ditadura consiste que numa democracia se pode votar antes de obedecer as ordens”.